Capítulo 7

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Aquela foi, definitivamente, uma das piores refeições da vida de Sapphire. Alan havia mergulhado em um silêncio constrangedor pontuado por respostas infantis petulantes às perguntas que lhe fazia. Tal atitude só servia para o sentimento de culpa de Sapphire. Porém, mais difícil de suportar era a postura de "macho no comando" adotada por Blake, que insistia em ignorar os olhares furiosos que ela lhe lançava. Aproveitava qualquer ensejo para tocá-la ou fitá-la com flagrante sensualidade. Se Sapphire não soubesse exatamente por que ele estava fazendo aquilo, correria um sério risco de sucumbir.

Após o jantar, os dois aceitaram café, mas o silêncio tenso perdurou na sala de estar, enquanto o tomavam. Sapphire suspirou aliviada quando Blake anunciou que tinha de fazer suas rondas finais.

— Costumamos dormir cedo por aqui — informou a Alan em tom malicioso.

— Sim, imagino que com a pecuária e...

— Oh, essa não é a única razão — interrompeu Blake em tom suave, com os olhos fixos em Sapphire.

— Pensei que havia me dito que o odiava — começou Alan com voz tensa no momento em que ficaram a sós. — E, ao que parece, agora estão reconciliados.

Por um instante Sapphire viu-se tentada a lhe dizer a verdade, como planejara fazer, mas o que importava agora? Afinal de contas, era mais gentil permitir que Alan tivesse a chance de manter seu orgulho dirigindo-lhe uma raiva genuína. Seria egoísta de sua parte lhe dizer a verdade agora, sabendo que nunca iria se casar com ele?

— Eu cometi um erro — disse Sapphire em tom calmo.

— Não tão grande quanto o meu — retrucou Alan entre os dentes. — Pensei... Oh, que importa? Devo me deitar e tentar dormir, se conseguir. Partirei amanhã de manhã. Mandarei desocupar sua sala no escritório e lhe enviarei suas coisas.

— Obrigada. — O quanto estavam sendo afetados e formais um com o outro, pensou Sapphire, suspirando. Desejava que pudessem permanecer amigos, mas sabia que a irmã de Alan se incumbiria de impedir que aquilo acontecesse.

Quando terminou de tirar a mesa, Sapphire subiu, sozinha. Blake ainda se encontrava lá fora. Uma luz frouxa incidia pela fresta da porta do quarto que ele destinara a Alan. A porta do banheiro devia estar aberta.

Após se banhar na privacidade de sua suíte, Sapphire secou-se com uma toalha, estalando a língua, impaciente, quando percebeu que havia deixado a camisola em cima da cama. Agradeceu a Deus pelo sistema de aquecimento central quando deixou cair a toalha úmida e entrou no quarto. As lâmpadas dos abajures dos dois lados da cama, que havia sido apenas meio testada, refletiam uma pálida luz cor de pêssego no quarto, enfatizando os tons azuis suaves da decoração. O som de seus passos foi abafado quando pisou na superfície azul e felpuda do carpete.

Estava pegando a camisola quando congelou, incrédula, ao perceber a maçaneta da porta do quarto girar. Colando a seda fina ao corpo, observou Blake entrar, despreocupado.

— Blake! — O atordoamento de Sapphire se refletia na voz. — O que está fazendo aqui?

— Sou seu marido — lembrou ele, sarcástico — Ou a senhorita virginal está chocada porque esperava outro alguém? Seu amante, talvez? Desculpe-me por desapontá-la, mas, a não ser que ele queira dividir a cama com nós dois, terá de dormir sozinho esta noite — disse, de modo grosseiro.

Sapphire estava por demais atordoada para se envergonhar da própria nudez. A raiva lhe fervia o sangue até à ebulição, enquanto o fitava, furiosa.

— Alan nunca... — começou, apenas para ser interrompida pelo tom insultante de Blake.

— Oh, claro que isso não pode ser verdade, não é, Sapphire? Ele deve tê-la desejado, ao menos para que fossem amantes, mas não sob meu teto e enquanto estiver usando minha aliança. E para me certificar de que ele não o fará, dormirei neste quarto esta noite.

Contrato de SeduçãoWhere stories live. Discover now