Explicações apressadas

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Jantamos na velocidade de uma tartaruga ou uma preguiça, Baekhyun levava a comida à boca bem devagar, eu queria o ajudar com a tarefa tão fácil de levar a colher de sopa até sua boca, mas o pequeno não deixou, ele queria fazer as coisas por si mesmo, e ao mesmo tempo em que eu sorria meio preocupado, eu queria chorar por o ver daquele jeito e por Deus! Se eu pudesse, trocaria de lugar com ele só para que meu amor não tivesse que passar por algo assim. 

Nossas refeições sempre demoravam quando meu bebê teimava em fazer as coisas sozinho, eu não reclamava ou insistia, porque depois de 50 anos a gente aprende muita coisa e contrariar Park Byun Baekhyun não era nada inteligente. 

No fim ele desistiu de se alimentar sozinho, o baixinho estava curioso para saber o resto da história e eu lhe disse que só contaria quando acabássemos de comer, sendo assim ele logo desistiu, e lá estava eu lhe dando comida na boca e limpando os cantinhos de seus lábios quando a sopa escorria por ali, tinha vontade de beijá-lo toda vez que seu rosto se retorcia em uma careta fofinha por ter sopa escorrendo pelo seu queixo. 

Baekhyun sempre foi fofo, e velhinho a fofura parecia ter aumentado em mil porcento. 

Quando finalmente terminamos de jantar deixei Baekhyun na sala assistindo algum desenho colorido e cheio de músicas, ele gostava de tentar cantar junto e vez ou outra eu filmava por ser algo tão doce e bonitinho. Lavei a louça enquanto tentava me lembrar onde foi que parei na nossa história, eu também estou velho, esquecia das coisas também, não como Baekhyun, mas meu cérebro não era o mesmo de antes. Enxuguei as mãos em um pano e fui até a sala sentando do lado da minha vida. 

- Você gosta muito deste desenho não é? - Perguntei ao pequeno, este que tirou os olhos da TV para poder me fitar, sorri me inclinando para beijar suas bochechas as quais ganharam uma coloração avermelhada instantâneamente. - Vai querer continuar assistindo?

- Quero ouvir a história. - Fiquei o olhando por alguns segundos, não era sempre que ele se interessava pela nossa história juntos e eu fiquei meio surpreso.

- Onde eu parei? - Fiz a pergunta para mim mesmo, mas Baekhyun estava gostando de me surpreender nesse dia. 

- Quando nos beijamos.

- Sim... - Respirei fundo antes de começar. - "Depois do nosso primeiro beijo eu achei que iriamos ficar juntos, casar e ter vários filhos, bom, não aconteceu tão de imediato, mas aconteceu. O que me deixou triste foi que depois do beijo você ficou estranho.

Me ignorava e pedia para os empregados dizerem que estava indisposto ou qualquer mentira que fosse me afastar, mas nenhuma delas eram o suficiente para fazer com que eu te amasse menos e te deixasse se ver livre de mim. Naquela época era tudo ou nada, eramos adolescentes, não poderia existir "fim" para nós e um "não" era o nosso "fim", lembro de todos os "não" que recebemos durante nossa época cheia de hormônios e achávamos que o mundo iria acabar se não fizéssemos o que queríamos fazer aquela hora. 

Não vou dizer que me conformei com sua negação, você tinha me beijado, sentia ciúmes de mim e me amava, eu sabia, mas não tinha toda a certeza do mundo, mas o que é 1% de amor para quem está perdidamente apaixonado? 

Passei dias indo na sua casa e sendo rejeitado, houve um dia em que assim que apareci na frente dos portões da sua casa eu dei meia volta e fui embora, meu coração estava se partindo e eu estava desistindo, só não sabia que nesse dia você estava disposto a me deixar entrar, estava disposto a aceitar nosso amor e me querer junto a ti, mas eu não sabia, tecnicamente não apareci na sua casa naquele dia e depois daí as coisas foram de mal a pior para nós dois."

- Não ficamos juntos?

- Calma seu apresado. - Sorri com sua afobação para saber o fim, só que ele já sabia, estamos juntos a 50 anos, o fim da história já estava sendo contado, estávamos sentados no sofá da nossa casa, tínhamos dois filhos e três netos, éramos casados. - Vou continuar... "A primeira coisa ruim que aconteceu foi você ter parado de falar comigo, eu fui estúpido o suficiente para ir a um bar me embebedar como um gambá e me atracar com uma garota que eu imaginava ser você, e o pior, fiz isso na frente de várias pessoas, não lembro de ter transado com ela, mas o que se espalhou pela cidade foi exatamente isso, e eu não desmenti ninguém, eu era um idiota sem escrúpulos algum.

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