Sendo arrastado para lá
De uma sacada aberta adentrava um gélido vento, que entrava, que passava por uma sala e ia para um solitário quarto. Lá um garoto dormia, estava tudo escuro, a não ser pela pálida luz da lua. Na cama, além do garoto, se podia ver vários papeis, que ia desde textos, até documentos.
Esse garoto acorda, o suor escorria pelo seu corpo. Ele se levanta e afastas alguns papeis, depois ele pega uma caneca de café, já pronto, que estava em cima da sua cômoda. Após ele beber ele se levanta e vai até a cozinha.
Lá ele lava a caneca, e o resto da louça da pia. Depois ele pega uma garrafa de Pepsi, pela metade e bebe uns dois grandes goles, depois a guarda de volta. Depois disso ele decide voltar para o quarto.
No caminho ele encara a sua sacada, por onde entrava um gélido vento. Primeiro ele estranha ela estar aberta, depois ficou encarando-a. Era uma sacada simples, pequena e com alguns vasos de flores, ele nota algo estranho, algo que não parecia estar ali, era uma macieira.
Até uns minutos atrás ele não fazia ideia da existência dessa planta no seu apartamento. Ele pensava sobre isso. Em um piscar de olhos então o garoto vê um ponto avermelhado, algo que lhe despertou desejo.
Era uma linda maça, ela brilhava sobre a luz da lua. Ela parecia uma enorme gota de sangue, prestes a cair da arvore misteriosa.
Após um segundo piscar de olhos, o garoto pode ver algo rastejando pela arvore. Sua expressão de espanto tinha tonalidades de sarcasmos.
A criatura que se arrastava pela arvore agora parecia trocar de pele, ela aumentava e ganhava aspectos humanoides.
O espanto do garoto foi perdendo as tonalidades de sarcasmos, e ganhando tons de pavor. Agora até o ambiente mudava, tudo ficava mais escuro, exceto pelo lugar onde ficava a macieira e a estranha figura humanoide, que aos poucos ganhava aspectos femininos.
Dessa profunda escuridão se podia ver pontos, que pareciam olhos, e ouvir agonizantes ecos.
-Boa noite garoto –Fala a figura, sua voz parecia doce, calma e convidativa. Ela apanhava a maçã.
E assim o garoto se ver frente a frente com essa misteriosa mulher, de longos cabelos negros e pele que oscilava entre tons mórbidos de cinza.
-Boa noite –Responde o garoto de volta, sem muita reação, ele tremia e seu estomago se revirava –Quem é você?
-Tu não se lembra, bom não posso te culpar, acho que eu nunca cheguei a me apresentar –Responde ela, deixando o garoto ainda mais confuso.
Agora ele sentia como se vários seres se aproximassem dele, eles chegavam cada vez mais perto, ele quase conseguia senti-los, tocando em seu corpo, lhe puxando.
-Mas quem é você? Me responda –Nessa hora o nervosismo do garoto não deixava espaço para o sarcasmo, ele quase consegui sentir o salgado gosto das lagrimas, que estavam prestes a escorrer pelo seu rosto.
-Eu vim te buscar, eu só estava esperando –Responde ela sorrindo, um lindo sorriso, embora meio mórbido.
Ela estende a mão para ele, que a encara sem reação. Ele ficou meio confuso, ela parecia se afastar, então ele nota que algo o puxava, lentamente.
-O que esta acontecendo? Tu ainda não falou seu nome? Me responde –Berra ele, agora o nervosismo tomava conta dele, não dava pra esconder. O vento gélido soprava as lagrimas do seu rosto.
Ele tenta não ser puxado, mas era inevitável. As garras da escuridão agora rasgavam-lhe a carne, a mulher o encarava quieta, vendo a tal cena, vendo o agonizante desespero dele.
-Me responde, me responde, me responde ... –Berrava ele, indo na direção dela, fugindo da escuridão, fugindo daquilo que o puxava, os seus ossos se partiam, o seu sangue escorria, seu rosto estava encharcado com as lagrimas –Me responde, me responde, me responde... –Gritava ele, sua garganta doía, e sua voz começava a se perder no abismo.
Ela continuava a lhe encarar, iluminada pela pálida luz da lua.
Por fim ele se cala por um momento, para assim dar um ultimo berro.
-Me responde.
E com isso seu fôlego se esvazia.
-Ta bom eu digo quem eu sou –Começa ela, gargalhando –Eu sou o que te observa sempre, aquilo que te causa paranoia, eu sou o que mora na escuridão, aquilo que tu tem medo de ver quando abre os olhos –O tom de voz dela foi aumentando, e ecoando pela escuridão, como se mil seres falassem –Eu sou a agonia, o desespero, a paranoia...
Por um instante o silencio caiu em meio à escuridão, que agora reinava...
...Um instante que pareceu durar uma eternidade...
...Até que com um sussurro, a frase finalizou.
-...Eu sou aquilo que vai te arrastar para a eterna insanidade –Por fim ela termina com uma sonora gargalhada que se mistura com o eco das criaturas que agonizavam nesse abismo.
O mago andarilho
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Contos de Terror
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