Felipe
Jorge havia me ligado mais cedo, convidando-me para tomar uma cervejinha. Estava com saudade dos meus amigos e claro, de Michele. "Será que ela ainda tinha aqueles cabelos tingidos de vermelho?"
O fim de semana chegou e como tínhamos combinado, fui encontrá-lo no seu apartamento. Estacionei o Audi A3 preto que meu pai me deu, em frente ao prédio. Toquei o interfone do último andar. "É claro que Jorge morava na cobertura". Assim que ele permitiu minha entrada, peguei o elevador. "Porque elevadores têm essas musiquinhas horríveis?" O elevador andou três andares, e parou para uma loira fantástica entrar. Ela sorriu. Analisei. Bolsa de grife, saltos caros, brincos de argola, blusa decotada cor de rosa e mascando chicletes, a típica patricinha. Sorri pra ela. Ela me analisou descaradamente e quando me olhou nos olhos, só faltou se jogar em cima de mim. Sexo no elevador? Unnn, Não era má ideia. Ainda mais para alguém como eu, que tinha passado um ano inteiro, sem usar o meu garoto.
— Qual seu nome, gato? Ela perguntou chegando mais perto. Estendi minha mão pra ela, e me apresentei.
— Prazer senhorita, meu nome é Felipe Vasconcelos! Ela estendeu sua mão para mim e me deu um beijo no meu rosto, muito próximo da minha boca.
— Prazer. Acho que é mais do que prazer, afinal. Não acredito que estou conhecendo o tão famoso herdeiro da Expensive! — Ela bateu os cílios, e eu fiquei com meu ar presunçoso. Bem no fundo, eu gostava disso.
Falar meu nome para as mulheres era um meio fácil de fazê-las molhar a calcinha. Assim que ligavam meu sobrenome a empresa do meu pai e a minha conta bancária gorda, era como se eu já fizesse-as ter um orgasmo. Ser rico era um imã de mulheres. Pena que eram todas interesseiras.
— E qual seu nome, baby? Perguntei, inclinando meu corpo sugestivamente para ela.
— Pode me chamar de Pri. — Ela sorriu.
— Ok. Pri. Qual seu andar?
— A cobertura. Eu estou indo para a sua festa! Ela sorriu constrangida.
— Minha festa? Franzi o cenho.
— Jorge me convidou. — Ela estourou uma bola de chicletes para fora da boca, e piscou pra mim.
Chegamos à cobertura. Portas de vidro se abriram mostrando um verdadeiro harém. Mulheres dançavam vestidas em pouco pano, luzes vermelhas e azuis piscavam e um Dj embalava a noite, transformando aquele apartamento em uma incrível balada. Jorge me enxergou de longe. Eu maneei a cabeça pra ele e pedi movendo os lábios "o que é isso tudo?" Ele respondeu da mesma maneira "pra você", e ergueu uma garrafa de Eisenbahn. Sorri. Ele sabia que eu realmente estava precisando disso. Antigamente, eu costumava ser o maior festeiro e pegador da turma. Eu tinha mudado, mas nem por isso me tornei outra pessoa. Continuo sendo eu, continuo tendo os mesmos gostos.
— E aí cara! Jorge chegou e fizemos nossa batida de mão ensaiada e nos abraçamos. — Como você está?
— Estou bem, mano. Agora estou bem! — Respondi.
— Vejo que já conheceu a Pri!
Ele olhou para a loira que ainda estava do meu lado, me seguindo como um cachorrinho salivando.
— Sim. Todas suas vizinhas são tão gostosas assim? — Perguntei, olhando Pri de cima a baixo.
— A Pri é a mais! Ele disse agarrando-a pela cintura.
— Acho bom mesmo. — Ela sorriu para Jorge.
— E a Michele? Perguntei.
Eu precisava vê-la. Eu sempre fui um cafajeste, mas a Michele era minha outra metade, ela era a vadia do meu cafajeste.
— Bem... Preciso te contar uma coisa, cara! — Ele disse baixando a postura, e soltando a cintura de Pri. — Michele e eu...
— Amor!
Eu poderia reconhecer aquela voz em qualquer lugar. Aquela voz enviou instantaneamente arrepios pelo meu corpo.
"Michele".
Ela se aproximou por trás de Jorge e o abraçou. Beijando seu pescoço. Fiquei sem reação mediante a forma íntima como ela o tratou, eles sempre foram amigos, mas não assim. Mas o que eu queria? Que ela tivesse me esperado por um ano? Por um maldito ano? Mas ela não precisava sair dando pro meu melhor amigo.
Tentei manter minha postura calma, mas meu corpo ficou tenso. Quando os olhos negros dela encontraram os meus, ela ficou constrangida e assustada. Largou o corpo de Jorge e ficou do seu lado.
— Oi Fe. Como você está?
— Bem. E vejo que você também! Os encarei.
— Pois é, aconteceu!
— Não se preocupem, estou feliz por vocês! — Tentei soar indiferente.
"Que grande mentiroso".
— Além do mais, Jorge já me arrumou uma excelente companhia! Puxei Pri pela cintura, e a abracei.
Todos sorriram falsamente. Por hoje a loira vagaba serviria.
— Vamos aproveitar a minha festa. Cadê a minha Eisenbahn? Perguntei, puxando Pri em direção a um bar improvisado, criado na sala de Jorge.
E quando eu estou começando a acreditar que vou virar uma nova pessoa, vem o destino e me nocauteia, e simplesmente meu botão "babaca", fica verde.
Não era uma da manhã e eu já estava completamente bêbado. Tinha me transformado no "eu" de um ano atrás e tentado afogar as mágoas com cerveja. Pri rebolava no meu colo, com a sua saia tapando poucos centímetros da sua bunda redonda. Todos ao nosso redor estavam vidrados e embalados pela dança, algumas garotas dançavam juntas, literalmente num tipo de orgia. Jorge sentou-se do meu lado, com Michele. Que já não tinha cabelos vermelhos, agora eram pretos.
— Tá afim, cara? Jorge me cutucou. Olhei pra o baseado que ele me oferecia, e fiquei com raiva.
— Você ainda usa isso, Jorge? Depois do que você viu que me aconteceu!
— Cara, é só um baseado. E eu nem uso mais, esse é de Michele.
— Foi só um baseado que me fez matar aquele cara. Você sabe disso, você estava lá! — Falei passando as mãos no cabelo, frustrado. — Vamos sair daqui, gatinha! Puxei Pri pela cintura e saímos do apartamento.
Não consegui olhar pra trás, não consegui dizer adeus. As lembranças daquele dia voltaram como um balde de água sendo despejado sobre mim. Eles ainda tinham coragem de me oferecer aquilo, mesmo sabendo o que aquilo fez com a minha vida. Eles não eram meus amigos. Mas eu estava bêbado demais para decidir qualquer coisa nesse momento.
— Vamos fazer nossa própria festa, gato? Pri falou de um jeito manhoso no meu ouvido, passando a mão pelo meu abdômen, e parando com o dedo bem no cós da minha calça. Meu pau respondeu ao toque. O elevador parou no andar dela. Então, ela me empurrou para seu apartamento, tirando sua blusa e a jogando no chão.
Nada melhor do que sexo para me fazer esquecer-se de tudo.
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Eu odeio amar você! (DEGUSTAÇÃO)
RomanceTodos os direitos de publicação são da autora. Plágio é crime. VOCÊ SERIA CAPAZ DE PERDOAR? Camila Alves mora na periferia com sua mãe e seu irmãozinho. Sua vida nunca foi fácil, sempre passando por dificuldades financeiras e a situação só piorou...