Capítulo segundo - Crescimento

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O tempo passa, é natural que passe.

Henrique seguiu a risca tudo o que sentia que devia fazer. Foram os dois meses mais movimentados de sua vida. No primeiro mês ele não teve tempo pra amizades que não fossem de pessoas que também se interessassem pelo propósito da luz, nem tempo para bobagens, apenas tempo para a luz. Buscava incessantemente por clubes e palestras sobre os efeitos de uma revolução, estudava as revoluções passadas e analisava qual era o caminho correto a seguir. Cada detalhe era anotado, nada fugia de seus olhos.

No fim do primeiro mês ele se viu mais do que pronto para prosseguir. Iniciou então a busca por cada um dos palestrantes, protestantes, pessoas que, como ele, discordavam dos caminhos que o governo seguia. Conseguiu uni-los e, os que eram palestrantes, em suas palestras, sondavam os alunos que tinham pensamentos semelhantes ao da luz convidando-os para participar da luz. Ao fim, com todos buscando fortalecer cada vez mais a luz, haviam numa reunião da luz, num galpão abandonado próximo à casa de Henrique, quarenta e duas pessoas. Henrique ficou realmente cabisbaixo com o número de pessoas que haviam pois passara dois meses de trabalho duro para essa mísera quantidade de pessoas? Mas ainda assim, lá foi Henrique, pôr a máscara preta com um grande X branco cortando todos os lados do rosto, com uma túnica preta que ia até seus pés deixando aparecer apenas as pontas dos sapatos pretos. Nas mãos, luvas de couro pretas.

- Está se sentido bem? - Pergunta Artur, fiel amigo de Henrique, protestante pela justiça, perdeu seus pais ainda cedo em um acidente de carro, quando um caminhoneiro bêbado que vinha no sentido contrário perdeu o controle bateu contra o sedan cinza de seus pais e os matou na hora. O caminhoneiro, com advogado fornecido pelo governo, se inocentou por negar o pedido de bafômetro e assim não haver provas para comprovar sua culpa, somado à idade do caminhão que já não deveria mais circular. Artur apenas recebeu um valor da empresa dona do caminhão, que foi para sua tia Lúcia que o criou até seus 15 anos quando fugiu de casa com rebeldes que pediam mais justiça à sociedade.

- Estou um pouco nervoso, mas confiante - disse Henrique.
- Vai dar tudo certo, pode ter certeza, o pai sempre olha por ti.

Henrique atravessou as cortinas improvisadas e chegou a um palco de madeira meio antiga. A conversa alta entre todos foi aos pouco se diminuindo até sumir por fim e então todos olhavam para Henrique.

- Boa noite homens, aqui estamos para a primeira reunião da LUMNIS. - e o silêncio prevalecia - Quero que saibam que estar aqui em cima desse palco, ser o lidros de nossa organização e ter fundado-a não me torna, de forma alguma, superior a vós. Que fique claro a primeira lei da luz: Todos somos iguais, nunca haverá um lidros maior que outros integrantes. - e continuou agora com tom ainda mais sério - A partir de hoje todos vós serão homens "di-paz" e aquele que entra para a luz também será. Um homem deixa de ser "di-paz" quando mata, trai ou rouba, seja o que for, e aquele que não é mais "di-paz" será banido e humilhado, seu nome se tornará um pecado. Só pode entrar em uma reunião da LUMNIS quem for um ser "di-paz". E digo ainda que embora todos nós sejamos iguais, alguns serão escolhidos para serem os sectas, os líderes de cada pilar da luz: Liberdade (andou então um servo até um dos homens alí presente e o trouxe para o palco), Justiça (e o mesmo procedimento aconteceu porém com outro homem), Honra (o terceiro homem vinha ao palco) e Fé (o último homem selecionado chegava ao palco enquanto todos os outros começavam a aplaudir). Serão todos homens exemplares no segmento dos quatro pilares e nas leis da luz ditas hoje. Voltaremos a nos ver todas as semanas as quintas feiras, aqui mesmo.

Henrique queria que todos fossem perfeitos, e achava mesmo que isso fosse possível... Não sabia ele que nem todos poderiam ser levados por Deus ao caminho correto como ele vinha sendo levado.

Henrique passou a manhã de sexta feira pensando em como poderia ele saber se tudo daria certo. E se a sua "visão" fosse um sonho e ele apenas estivesse ficando maluco? Ele poderia estar a caminho da derrota? Ele, naquela manhã, naquele café, realmente ficou beirando a desistência quando uma brilhante ideia surgiu em sua cabeça:

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