Capítulo onze

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Sábado, 2:45 AM. Toronto.

Meus dias, como sempre, estavam sendo impossíveis conseguir dormir. Eu não sei, pensamentos circulavam minha mente, não fazia idéia do que estava acontecendo comigo. Foi exatamente, o que aconteceu quando eu tinha uns 15 anos, quando meu pai nos deixou. Eu sempre carrego um peso de culpa, ainda mais que, não é nada comum você "não ter um pai" em minha cidade. Eu só queria poder tirar os pensamentos, tirar os sentimentos de mim. Isso parece um exagero, mas não.

Will, voltou aqui umas duas vezes. Mas não deixei ele entrar, a última vez que quis falar comigo, foi na quarta, mas o John já estava em casa. Ele fez questão de "mandar umas reais" para Will.

Senti falta do Peter esses dias. Não vou negar. Em menos de uma semana, ele me fez ficar apegada a ele. Não parecia que ficamos dez anos sem conversar. A intimidade estava exatamente como antes.

Nos falamos todos os dias pelo telefone. Posso dizer que estávamos perto, mesmo longe.

Onze e meia da manhã.

Acordei já fazia um bom tempo, mas fiquei na cama assistindo netflix. Eu sinceramente amo, não sei como não descobri a existência dela antes. Na verdade sabia, quando ela bombou, mas não tive vontade e nem tempo, para assistir.

Finalmente me levanto e vou para a cozinha. Comprei uns cereais, que diz ser, zero calorias. Coloco em um recipiente e vou para a sala. Me deparo com o John, jogado no sofá, pendurado no telefone conversando com a Aaliyah. Nunca tinha pensado ver meu irmão mais novo, namorando. Ainda não caiu a ficha.

-Ei! Se arruma! Vamos no shopping, para você me ajudar a escolher o presente da Aaliyah! -Ele diz logo depois de desligar o telefone.

-Calma, calma, belezinha! -Eu brinco- Presente para quê? É aniversário dela? -Me jogo no sofá ao lado dele.

-Não, mas eu quero dar o primeiro presente. Tem que ser algo bom -Ele abre um sorrisão para mim- Por isso, eu vim aqui para Toronto, pra minha irmãzinha me ajudar -Ele me dá uma abraço de lado.

-Mas é um aproveitador mesmo -Eu dou uns bocado no cereral, e deixo de lado o pote.- Vou tomar um banho, ai a gente vai, ok? -Ele pega o pote que eu havia posto na mesinha de centro, experimenta e faz uma cara de nojo.

-Como que você come isso!! -Eu dou risada, mas também não sei, pensa em uma coisa ruim.

Tomo um banho, não muito demorado, logo saio. O dia estava do jeitinho que eu gosto. Frio. Acho que nunca fiquei muito tempo em um lugar ensolarado. Coloco uma calça bem quentinha, um moletom bem grosso. Olho no espelho, me sinto maior ainda. Tento mentalizar no que Shawn disse: "Você é linda". Mas é difícil se achar o suficiente. Depois de ouvir o que eu ouvi.

-Vamos Catarina! -Escuto John me chamar da sala.

Escuto mais uma voz, não reconheço. Pois estava bem baixinho, mas ainda sim, dava para ouvir os cochichos.

-Quem que está ai John? -Eu digo do corredor. As duas pessoas param de conversar. Chego na sala e vejo que Shawn estava lá. Com malas e tudo, provavelmente foi o primeiro lugar que foi, quando voltou de viagem.

-Shawn!! -Vamos em direção um ao outro, demos um abraço apertado. Parecia que não nos víamos a meses.- O que está fazendo aqui? Pensei que só iria para Pickering amanhã!

-Eu ia, mas resolvi vir antes, para passar um tempo com você..quer dizer vocês! Enfim, cadê a Aaliyah, John? -Ficamos abraçados de lado.

-Ficou na sua casa! Estamos indo comprar um presente pra ela, não é pra contar hein? -John ri, ele estava tão feliz. Impossível não se sentir bem ao lado dele. Deles na verdade.

-Vamos então? Shawn vai com a gente né? -Pergunto olhando para ele.

-Cara, no shopping. Acho que vocês não terão paz. Meus seguranças estão de folga hoje. -Ele põe a mão na nuca, costume de quando ele está sem graça.

-Tudo bem então! Não tem problema, se quiser ficar aqu... -Sou interrompida pelo John.

-Qual é Shawn? Elas já estão acostumadas com você, aqui em Toronto. Vamos com a gente, sim! -Ele diz pegando as chaves do meu carro.

-Se você não se sentir confortável, não precisa ir, daqui a pouco voltamos. E John, você não vai dirigindo, não! -Às vezes me sinto uma irmã coruja.

-Eu me sinto totalmente confortável, só não queria "expor" vocês. Mas tudo bem, vamos então. -Ele sorri.

[...]

-Que tal uma aliança? De compromisso? Acho que já está na hora, estão juntos à três meses? -Eu digo olhando as alianças de namoro, em uma loja de jóias. Uma loja bem famosa na cidade.

-Não está cedo demais? Ela não vai achar que sou louco? -Ele diz olhando para as jóias.

-Claro que não! Ela vai saber você gosta dela, e que quer algo sério. -Enquanto estávamos concentrados lá, Shawn estava ao nosso lado, mas tirando fotos com duas fãs.- E outra, seu cunhado está aqui! Não tem porquê, se preocupar -Eu dou uma risada, talvez coloquei uma certa pressão nele.

-Tudo bem! Ele é cunhado em ambas as partes" né?! -Ele ri, eu não entendo, mas não faço questão também. Ele escolhe, e depois vamos dar uma volta.

Olhamos algumas lojas, e resolvemos entrar no fliperama. John fica jogando alguns jogos. Shawn me chama pra irmos em uma daquelas cabines de fotos.

Entramos dando risada, não sei bem o motivo. Apenas estavamos rindo iguais duas crianças. De fato, nossas mentalidades, não eram lá, maduras o suficiente para nossa idade.

Sentamos, e colocamos uns chapéus e alguns óculos. Realmente não somos maduros. Eram fantasias para crianças.

Ficamos tão próximos, lá dentro era tão apertado. Minha claustrofóbia não permitia que eu ficasse tanto tempo lá dentro, mas eu estava com ele. Transmitia uma certa, segurança. A primeira foto foi tirada. Estávamos sorrindo para a câmera, a segunda ele olhava e sorria olhando para mim. A terceira, sorrio olhando para ele também. Nos aproximamos ainda mais, meu coração acelera, minha respiração fica ofegante. Talvez fiquei um pouco nervosa. Ele sorria, o sorriso mais lindo que já havia visto. Vamos nos aproximando, até ele encaixar uma de suas mãos em minha cintura, me puxando para perto dele, de uma maneira tão delicada. Senti que o tempo havia parado para nós. Seu rosto, estava colado ao meu. Finalmente, nossos lábios se encontram. Iniciando um beijo intenso, apaixonado e desejado. Nunca havia sentido aquilo. Me senti nas nuvens, pude sentir as batidas do coração dele em meu peito. Estávamos em sincronia.

A melhor sincronia que já tinha sentido.

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