Capítulo treze

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Domingo, 11:34 AM. Toronto.

  Estávamos indo para Pickering, levar o John de volta.

No café da manhã, eu havia comido somente aquele cereal. Mas ele não me fornecia, energia o suficiente,  eu ficava mole, tonturas frequentemente. Mas eu perdi a vontade de comer, na verdade, perdi a coragem de comer. Não me sinto boa o suficiente com meu próprio corpo. É difícil ver uma roupa linda na vitrine de alguma loja, mas quando visto, fica horrível. Olho no espelho, não consigo aceitar meu corpo. Isso me deixa triste, para baixo. 

Volto a realidade, e lembro que estamos saindo de casa.

-John, liga para a Mamãe, diz que estamos indo. -Digo ao meu irmão, já esperando na porta. 

-Beijos mãe, te amo. Ei, chatona! Ela quer falar contigo! -Ele entrega o celular.

-Oi minha flor! Estamos indo já, sim mãe, vamos com cuidado. Te amo, já já estamos aí para te abraçar. Beijos.

[...]

 -Cheguei Mãe!! -John diz, entrando pela porta.

 -Dona Rita? -Eu grito, pois percebo que ela não respondeu o chamado de John. 

 

 Acho estranho, pois ela geralmente, prepara várias coisas, quando sabe que eu estou vindo para Pickering. Mas hoje, a mesa estava vazia, a louça suja. Ela não é de deixar as coisas assim, ela tem T.O.C. 

 Shawn entra, olha nos quartos, e vê minha mãe caída no chão. Corremos até lá, percebemos que ela não estava respirando, ligamos para a ambulância. Eu fico desesperada, não sabia o que tinha acontecido. Ninguém sabia. Corremos até o hospital, atrás da ambulancia, e aguardamos na sala de espera.

 Fico andando de um lado para o outro, eu já estava chorando, quando um dos médicos vieram em nossa direção.

-Houve uma parada cardíaca, iremos entrar em um cirurgia, bem complexa na verdade. Mas os melhores cirurgiões estarão na sala. Tudo pode ocorrer bem...

-Pode? Não é certeza? Como assim? Vocês não tem certeza? -John se exalta, mas Shawn logo o acalma, para que o doutor possa continuar explicando.

-Ela ficou um bom tempo passando mal, mas vocês chegaram a tempo, quase não conseguimos reanima-lá, iremos fazer a cirurgia, e vocês podem ir para a casa, isso demora aproximadamente, entre quatro à cinco horas.

 -Mas tem riscos? Eu estou nervosa, nem sei o que pensar, eu preciso vê-lá. -Eu estava chorando e tremendo, as tonturas estavam bem fortes também, pensei que iria desmaiar. 

-Toda cirurgia tem riscos. Principalmente uma dessa... -Enquanto ele estava falando, uma enfermeira chega nervosa, chamando e correndo em direção ao corredor de emergência. Onde minha mãe estava. 

 -Eu não devia ter ido, mano! Se eu estivesse em casa, nada disso teria acontecido. A culpa é toda minha -Nunca tinha visto John, chorando tanto. Eu abraço-o. 

-Ninguém tem culpa disso, mas tudo vai ocorrer bem. Vamos confiar neles. -Shawn tenta nos acalmar. Mas só aumentamos o choro. Tentamos ser o mais otimistas possíveis, e conseguimos. 

 

[...] 

-Já se passaram seis horas, e nada deles darem notícias, o que está acontecendo lá? Eu preciso saber!! -Eu imploro para uma das enfermeiras, me deixar entrar. Mas era impossível. 

-Meu amor, calma! Olha para mim! Vai dar tudo certo. Sua mãe é forte o suficiente! -Shawn me puxa, olha em meus olhos. Ele estava dando um apoio e tanto. 

-Eu sei! Mas já passou da hora, seis horas de cirurgia! Deve ter acontecido alguma coisa...  Doutor! O que aconteceu? -O médico vem em nossa direção.

-Minha mãe está bem? Posso ir vê-lá? 

-Eu sinto muito... Fizemos o impossível... Ela... Ela... Não aguentou... -Ele diz com a cabeça baixa, e com aspecto de cansado. 

 Quando ele diz aquilo, meu mundo desaba. Nunca pensei que eu ouviria aquilo. Minha mãe não aguentou. Minha mãe não foi forte o suficiente. Eu choro de soluçar, John estava paralisado. Shawn abraça nós dois, ele também estava chorando. 

 -Por quê? Por que, isto está acontecendo conosco? Minha mãe era tão guerreira! -Nos sentamos em um sofá, John ficou exclamando essa frase, em pé. Indo de um lado ao outro. 

 Eu fiquei imóvel, não movia um músculo. As lágrimas pararam de escorrer. Graças a Deus, respirar é involuntário, se não. Já havia parado também a uma hora atrás, quando o médico disse aquela frase. As pessoas vinham falar comigo. Eu simplesmente não ouvia. Não respondia. Eu estava nos braços de Peter. Igual uma criança. Pensamentos passavam à mil. De uma vez só. Mas ao mesmo tempo, não pensava em nada

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