Lust For Life

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...

- Ela não vai aguentar! – informou um dos paramédicos.

Raven não conseguia parar de chorar ao ouvir o angustiante som daquela pequena máquina informando que Octavia já não estava mais ali.

- CARREGA! AFASTA! – novamente o corpo de Octavia arqueou com o impacto do desfibrilador em seu corpo.

Um novo som foi ecoado pela a ambulância, Raven imediatamente olhou para os homens e depois para Octavia. Ele checou a pulsação enquanto olhava em seu relógio de pulso, o homem olhou para Raven e confirmou com a cabeça dando uma ponta de esperança. Octavia ainda estava desacordada, porém estava ali. Momentos depois a ambulância parou e os homens se apressaram, colocaram Octavia sobre a maca e correram pelo o local deixando Raven para trás, a capitã sabia dos procedimentos então não acompanhou a noiva. Ela nem ao menos entendeu o que a enfermeira ao seu lado falou, quando percebeu estava acompanhando a mulher que logo cuidou dos ferimentos da capitã. A enfermeira percebeu o choro de Raven se intensificar e ela estava no ramo há muito tempo para saber que alguns pontos na pele não causava tanta dor como estava aparentando no rosto de Raven.

- Querida, não é tão ruim assim – informou aplicando a anestesia no braço de Raven – Seu braço e mão vão ficar bem apesar dos ferimentos profundos, o da sua mão foi bem cruel – comentou olhando o estado da mão de Raven, parecia que alguém havia cravado uma caneta ali.

- Minha noiva acabou de entrar na sala de cirurgia, ela levou um tiro nas costas e foi esfaqueada no estômago, se você me assegurar de que isso vai ficar bem talvez doa menos – sua fala era segura, porém suas emoções não tanto, as lágrimas continuavam a descer.

- Eu sinto muito – Raven sentiu o toque da mulher ficar mais cuidadoso, como se não quisesse causar mais dor naquela pobre capitã – Sabe, antes de acabar aqui no Hospital Geral de New York eu trabalhei no hospital de uma cidadezinha chamada Polis – a mulher limpava a mão de Raven, o sangue parecia desaparecer quando o líquido transparente entrava em contato com a mão da capitã – E eu já estou no ramo há muito tempo, mas eu nunca vou esquecer daquele milagre – Raven já não olhava para sua mão e sim para a mulher que preparava para dar os pontos ali – Essa mulher, eu não me recordo o nome, ela deu entrada no hospital com sérios ferimentos, o que parecia era que um machado havia cortado aquela mulher, foi a coisa mais cruel que meus olhos chegaram a ver, e não precisava ser médico para saber que aquela mulher já não tinha mais esperanças. Até que ela entrou em cirurgia, horas e horas e mais horas de cirurgia, então ela entrou em coma logo após – a enfermeira olhou para Raven como se pedisse para ela ter esperança – Ficou assim por dois anos, os médicos queriam desligar os aparelhos porque o dinheiro que estava mantendo-a ali já não entrava mais, então a dois dias de desligarem tudo, ela acordou. Eu nunca acreditei em milagres, mas eu presenciei um.

- Coisas assim não acontecem a toda hora ou em todo caso.

- Mas não custa nada pensar positivo, a vida já é cheia de negatividade, pensar positivo em casos assim podem chamar por um milagre – a mulher fez o curativo na mão de Raven e lhe deu um sorriso – Eu vou rezar por sua noiva.

Raven não falou nada, apenas voltou a olhar para o chão enquanto a enfermeira olhava seu braço.

...

A cirurgia durou algumas angustiantes horas, ao terminarem tudo os médicos se olharam naquela sala iluminada, o cirurgião chefe olhou para a paciente e fez um movimento com a cabeça como se dispensasse todos os outros, sem entender o motivo os seus auxiliares saíram da sala deixando o homem sozinho com a paciente. Ele tirou a máscara e suas luvas e as jogou no lixo, puxou a cadeira e ficou ao lado da mulher. Ele não saiu dali por horas, até que Octavia lentamente abriu os olhos, lentamente, sem pressa alguma piscou, a luz apontada para o seu rosto a fez fechar novamente os olhos, o homem empurrou o equipamento tirando aquela luminosidade do rosto de Octavia. A mulher virou-se para o homem e ele lhe deu um sorriso amigável.

Born To DieOnde histórias criam vida. Descubra agora