"It's okay."

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Pov Enid:
Carl me deixou entrar e eu me preparei para dormir, mas ele insistiu para que eu ficasse na cama. Era pedir demais, e eu tinha vergonha de fazer isso.
Me sentia mais segura em descansar com ele do meu lado, quer seja onde eu ficasse. Permaneci no chão em busca do sono, que por acaso estava cheia, mas aqueles barulhos chatos não me permitiam sonhar.
Me assustei e engoli seco ao ouvir aquele ruído novamente, dessa vez mais forte. Uma lembrança bateu na minha porta, e eu infelizmente, abri. O dia em que tudo começou, que esse inexplicável mundo se iniciou.
Eu era pequena, tinha acabado de perder minha mãe. Estava em casa com meu pai, éramos só eu e ele desde então. Era noite, assim como era hoje, chovia muito e esses barulhos de vento, esses barulhos...Me lembro de estar na cama lendo um livro sobre princesas, era um dos meus assuntos preferidos. Meu pai assistia televisão com o volume alto, até que ele a desligou. Escutei seus passos fortes e sua respiração ofegante se tornando mais notáveis a cada segundo. Ele chegou no meu quarto e abriu um sorriso na porta, me passando a confiança de que estava tudo bem e ele estava feliz  em me ver. Uma cena que nunca mais se apagou foi ele fechando as cortinas rosas do meu quarto e pegando minha boneca, depois me tomou no colo e saímos correndo para o andar de baixo. Depois só vejo alguns pequenos momentos de quando vi os mortos pela primeira vez e de como eu não entendia nada.
Chorei ao me lembrar de tudo isso, sinto saudades do meu velho pai, daquele que era bondoso e que me amava mais do que tudo. Não me controlei, eu estava fora de mim, nunca havia feito isso. Carl me consolou durante um bom tempo, me permitiu chorar. Não consegui me desabafar ainda, mas sinto que com ele eu posso falar tudo que eu quiser. Ele beijou minha cabeça sempre que o abracei, me senti tão confortável e segura, ficamos um bom tempo assim.
-Está se sentindo melhor?- ele me perguntou acariciando meu rosto.
-Sim.-soltei um sorriso.- Me desculpe.
-Por...
-Atrapalhar você, prometo nunca mais fazer isso. Eu não queria, eu...
-Você é uma maluca, sabia?
-Do que me chamou?- eu disse me afastando um pouco.
-Prometo sempre te consolar e te ajudar, e saiba que eu gostei de fazer isso.
-Tudo bem, eu também te prometo isso. Você deve estar morto de sono, será que já vai amanhecer?
-Não, ainda não, tem bastante tempo para dormirmos.
-Obrigada. Por tudo.
-De nada.
Ele ficou me olhando e eu não sabia o que fazer, ele sorria para mim.
-O que foi?
-O quê?- ele perguntou se assustando.
-Você que é um maluco.
-Sou, pode ter certeza.- ele disse sorrindo.- Eu vou dormir igual aquelas pedras ali.- Ele riu apontando para Rick e Aaron.
-Nossa! Tinha me esquecido que eles estavam aqui! Ainda bem que continuamos falando baixo.- eu disse voltando ao meu lugar de soneca.
-Você não vai fazer isso de novo.
-Vou, sim. Não tem lugar aí, e além do mais eu já te incomodei bastante por hoje.
-Como que o Glenn e a Maggie iriam dormir juntos?
-Eles não... Mas, é diferente. Eles são casados.
- E...
-E a gente não, né Carl.
-Para de graça, está resolvido. Cada um vira para um lado, não tem nada demais.
-Eles vão acordar antes de nós e vão começar a fazer aquelas brincadeiras idiotas quando nos virem.
-Problema deles. Última chamada senhorita Enid.
Não pude evitar o riso, e nem o pedido. Acabei sedendo e me deitei ao seu lado.
-Qualquer coisa me chama.- ele disse se virando para a parede, ele parecia apertado pois a cama era muito pequena para dois.
-Tudo bem.- eu falei me virando para o outro e fechando os olhos, suspirando intensamente.
Senti ele se virando para o mesmo lado que eu e me virei também para ver o que ele queria. Ficamos com os rostos próximos e eu me afastei um pouco por impulso.
-Não consegue dormir?-ele me perguntou com preocupação na voz.
-Não se preocupa, descansa. Eu estou bem.-eu disse fechando os olhos.

Pov Carl:
Senti que ela não conseguia dormir de jeito nenhum. Então me lembrei de quando eu era bem criança, minha mãe deitava comigo e me abraçava, me fazia carinho até eu pegar no sono.
Fiquei a observando e suas pupilas tremiam, ela ainda estava acordada, nossos rostos estavam próximos. Me aproximei mais dela o que a fez se assustar.
-O que você está fazendo?
-Calma, confia em mim.-eu disse a olhando nos olhos.
-Carl.
Eu coloquei minha mão em sua cintura e a puxei para mim, colando nossos corpos. Me virei ficando de barriga para cima e posicionei seu braço em volta de mim, ela sorriu e me olhou nos olhos, se ajeitando e se preparando para finalmente descansar.

(Imaginem que são eles na foto

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(Imaginem que são eles na foto. ❤)

Carnid- Em meio à destruiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora