"Home."

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Pov Aaron:
Consigo ouvir o som dos meus  batimentos. Apenas esse som. Estamos andando durante muito tempo, fomos muito longe para decidirmos voltar.Eu devia ter voltado antes, pelo Eric. A 300 metros de Alexandria consigo ver, apesar de muita escuridão, só destruição. Destruição. Ele não está aqui, consigo perceber de bem distante. Ele não está aqui, não mais. Seguro lágrimas e meu coração para por um segundo, não o ouço mais. O avisto, agora mais próximo do lugar, corro até ele aliviado. Ele está vivo! Diminuo meus passos lentamente, mais devagar, até que paro completamente. Estava tudo bem. Isso não é real. Não. É. Real.
Pov Rick:
Chegamos perto de Alexandria e vimos Eric. Ele parecia bem, à salvo. Até o momento em que ele se abaixou e descontroladamente começou a comer carne fresca. Com receio, olhei para Aaron e o vi como nunca antes, avoado, tonto e desmoronando. Ele passou a mão em sua testa e deixou as lágrimas caírem, não parava um segundo de olhar para Eric. Ele acelerou os passos e retirou sua faca da cintura, corri até ele e a tomei de sua mão. Ele não precisava fazer aquilo.
-Aaron. Aaron, olha para mim. Aaron!
Ele me olhou confuso, como se não me conhecesse e naquele momento tive a certeza de que ele nunca mais seria o mesmo.
-Escuta. Fica aqui, tudo bem? Restam poucos deles, poucos. Eu vou entrar e observar o local, talvez possamos reconstruí-lo e voltar a ser como era antes. Só preciso que colabore, pois o que você está passando eu entendo e sei que é uma dor muito pior do que qualquer dor física. É uma dor emocional. Ele iria querer que você continuasse sendo quem você é, você é um bom homem, um homem valente e corajoso. Não dê ao mundo o que ele deseja ter. Volto logo.
Peguei meu machado e caminhei até a entrada. Olhei para trás e o vi encostado em uma árvore, com a mão na cabeça, olhando fixamente para o chão. Aproveitei e fui até Eric, enfiando o machado em sua cabeça. Olhei em volta e o lugar estava um caos, um cheiro extremamente ruim exalava, corpos em decomposição, haviam poucos andarilhos, eu avistava menos de dez. Estava de noite por isso estava muito difícil de enxergá-los, porém sinto que a orda foi embora, mas por quê? O restante eram moradores que foram mortos e agora estão voltando. Tenho um mal pressentimento de que eles não estão aqui, resolvi entrar nas moradias, começando pela minha. Vasculhei o lugar e nada. Lágrimas chegavam e caiam, estava impossível de as segurar, meus filhos, sozinhos no mundo, perdidos. Levei um susto ao entrar em uma das casas, um tiro abafado vindo de longe... Aaron!
                          /\
Pov Carl:
Escureceu e decidimos parar para descansar, eu estava morrendo de fome e podia jurar que de vez em quando ouvia a barriga de Enid roncar.
-Acho que podemos encostar em uma árvore. Eu sempre faço isso, durmo sentada com as costas em uma delas, assim fico atenta e esperta.
-Achei uma boa idéia. Você tem cobertor ou algo do tipo?
-De que planeta você veio?
-Como assim?- do que ela tava falando?
-Esquece.

Pov Enid:
Paramos para descansar, estávamos muito cansados, eu precisava dormir após um dia desses, no qual eu descobri que a minha teoria sobre estar sozinha e ser a única pessoa existente, era falsa. Dei a ideia de dormimos sentados e  encostados em troncos, não queria que morresse dormindo, o queria atento para se defender quando eu não estivesse mais, e ele simplesmente me perguntou se eu tinha cobertor. Comprovei que sim, ele está perdido, perdido de seu grupo, ele deve ser rico, se é que isso existe até hoje. O xerife não aparenta desnutrição, cheira bem e ainda faz uma pergunta dessas, com certeza ele não é como eu. Agora que não posso confiar mesmo nele, ele pode ser do grupo do meu pai, pode ser um espião ou outra coisa assim. Preciso ir embora o mais rápido possível.
-Vamos revezar a vigia?- ele perguntou.
Se você está aqui para me vigiar, não, não vamos.
-Posso ficar a noite toda se você quiser, pode descansar, eu não vou embora.- ele completou.
Tudo bem, fofo. Não quero o deixar, ele parece ser uma boa pessoa.
-Acho melhor revezarmos, xerife. Eu fico primeiro.
-Pode deixar comigo, você com certeza precisa dormir mais que eu. Eu não estou cansado, não.
Droga,Carl! Estragou meu plano!
-Eu insisto em ficar. Gosto de dormir quando anoitece mais, ainda está meio claro.
-Como quiser, mas não fala que não fui um cavaleiro, porque mais do que fui é impossível!- ele fala tirando o chapéu, o colocando no chão e fechando os olhos.
Dei risada. Não o odeio tanto assim, ele é bonitinho, fofo, educado... Credo, quem sou eu?
-Boa noite,rabugenta.
-Boa noite,xerife... Espera, do que você me chamou!?
Ele sorriu e deu uma risada abafada, sem mostrar os dentes, ainda com os olhos fechados. Mudou a expressão de repente para séria.
-Carl?
Ele pegou no sono. Coitado, estava muito cansado mesmo. Me levando de fininho, pego minha mochila e silenciosamente viro as costas para ele. Dou poucos passos... Esqueci uma coisa! Não queria deixá-lo, mas ele sabe se defender sozinho, e ele pode ser do mal, nem o conheço.  Volto para pegar seu chapéu, queria uma lembrança dele,e acho que super combinou  comigo. Nova xerife no pedaço.
O olho pela última vez, tendo certeza de que lembrarei de seu rosto por um tempo.
-Adeus, parceiro de estrada.- sussuro andando para trás.
Volto à estrada, agora sem olhar de volta e sem retornar, agora para valer. Acharei Philip, e o matarei, sozinha.

(Eita! Revelação do pai da Enid!😱 Quem diria?! Por que vocês acham que aquele tiro em Alexandria foi disparado?💔 Beijos!
❤)

Carnid- Em meio à destruiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora