Daniel
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Passei boa parte da manhã revirando as roupas de Peter na esperança de encontrar algo que coubesse em mim, mas nada servia. Acho que a sua estatura era baixa, pois todas as calças ficaram no meio das minhas pernas, então peguei somente as bermudas e olhe lá.
Marta me deu seu cartão de crédito para que eu fosse comprar algumas coisas, mas eu sinceramente, não sei para onde ir, não conheço exatamente nada por aqui.
Vou até a janela do quarto e descanso os cotovelos no parapeito esperando que Aspen apareça, mas nada dela, sua janela está fechada com cortinas brancas e grandes girassóis amarelos estampados. Pedirei que me leve para fazer compras já que não sei o que comprar, e noite passada ela disse para que eu não usasse "minhas" roupas feias, então não sei o que vestir, essas roupas estão ótimas para mim.
Ontem a noite foi bem agradável, em partes. Aspen desabafou comigo e estou muito contente porque achei que seria mais difícil e também acho que se virarmos amigos as coisas irão ser mais fáceis; para eu ajudar ela e cumprir a minha missão — só que tenho que me lembrar que, para ela, eu entrei em sua vida há praticamente um dia, e não a observei e cuidei dela desde o seu nascimento, como realmente aconteceu. No entanto, uma dessas coisas já estou fazendo, a qual é salvar a vida dela e confesso que não foi nada fácil! Fui obrigado a usar minhas asas para tirá-la do lago e espero muito que ela não tenha notado, embora, eu saiba que ela me viu quando estava apoiado à árvore. Havia um brilho ao meu redor quando saí da água, já que fui obrigado a usar meus poderes para poder recuperar rapidamente o fôlego. Tentei apagar a lembrança, porém não consegui tocar na cabeça dela.
Coloco o cartão em meu bolso e saio de casa indo até a casa ao lado. Ando pelo jardim com arbustos bem cortados e quando alcanço a porta dou três batidas na mesma e espero que Aspen venha me atender, mas assim que a porta é aberta não é exatamente quem eu esperava, é Robb.
— Ahn... Aspen está?
Pergunto meio sem jeito tentando controlar as emoções dentro de mim e eu sinceramente não sei como os humanos lhe dão com isso. Uma grande vontade de surrar o homem que está a minha frente me invade, mas tento me conter ao máximo porque não posso fazer isso, ele terá o que merece.
— Por quê? O que quer com ela? — O homem de bigode pergunta sem educação nenhuma, me fazendo respirar fundo, internamente, me deixando sem jeito e não sei o que dizer, então irei contar a verdade já que não posso mentir.
— Vim chamar ela para me ajudar a comprar algumas roupas, pois iremos sair hoje e não sei o que vestir.
Assim que termino de falar, o homem olha para a rua e dá de ombros, se afasta e me diz para entrar, então assim faço, entro e fecho a porta.
— Último quarto do corredor.
— Obrigado.
— Viadinho... — o escuto falar assim que estou perto das escadas, mas não faço nada, apenas nego com a cabeça e começo a subir os degraus. Realmente tenho pena desse homem, consigo ver a sua alma e ela é negra, completamente escura.
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— Isso é horrível!
Aspen exclama assim que pego um cardigã bege de uma das araras, olho para ela e junto as sobrancelhas pronto para defender a roupa.
— Não é, eu gostei. Achei bem bonito e acho que levarei.
Continuo com a roupa em minha mão, então Aspen vem na minha direção e pega o cabide colocando outra vez em seu lugar.
— Vamos para uma balada e não ao culto, então, escolheremos outra coisa.
Acabo cedendo e concordo com a cabeça. Não entendo como ela diz para que me vista bem, quando usa uma bota de cano longo cheia de brilho, uma blusa — que vai até o início das coxas e tem uma caveira horrível — surrada, assim como o short e uma meia calça por de baixo cheia de buracos, enormes.
— O que você quer que eu vista então?
Pergunto e a garota baixa me olha como se estivesse pensando enquanto seus olhos sobem e descem pelo meu corpo. Ela se afasta e começa a procurar umas roupas, logo ela volta a minha frente e coloca uma calça jeans preta em meus braços, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro, indo depois pegar um par de coturnos de cor café.
— Vá ao provador e vista tudo, se ficar bom levaremos.
Não reluto, apenas me viro e vou até o provador. Visto a calça e encaro meu corpo no espelho. Não ficou tão ruim, está meio folgada, mas é bem confortável assim como o resto. A jaqueta é bem quente e irá me manter aquecido e o sapato ficou bom também, levarei.
— Já, Daniel? Quero ver como ficou.
— Ficou legal — respondo de dentro do provador e escuto uma bufada lá de fora. Ela é muito sem paciência.
— Saía, me deixe ver.
— Okay!
Ajeito a jaqueta e enfio a camiseta nas calças, então arrasto a cortina azul, que me escondia de Aspen, e olho para ela com as sobrancelhas arqueadas esperando que diga alguma coisa. A mesma me olha estranho e fica calada por alguns segundos.
— Ficou bom?
— Uhum... Deveria usar mais jaquetas, elas caem bem em você, mas me deixe arrumar uma coisinha.
Ela se aproxima outra vez então, olho para o teto e logo me encolho quando me assusto assim que sinto suas mãos no pé da minha barriga. Olho para baixo e vejo a loira puxar o cinto que eu havia colocado para prender a calça e o joga para dentro do provador.
— Não use mais isso. São para velhos.
— Não, são para segurar as calças.
— Mas você fica melhor sem eles e ficar com as calças lá embaixo é estiloso.
Ela tira a camiseta que estava para dentro da calça e a puxa para baixo, logo arregaçando as mangas da jaqueta.
— Olhe... assim é bem melhor e se escutar as minhas dicas eu até deixo você levar aquele cardigã feio, mas, o preto. Somente ele, okay? E nunca se esqueça, se não souber escolher cores, sempre opte por preto e branco. Não passe disso, uh?
— Certo!
Confirmo com a cabeça fazendo uma nota em minha cabeça para guardar tudo o que ela está me falando e vou fazendo isso pelo resto da manhã e da tarde. Tivemos alguns momentos em que fiquei sem jeito perto de Aspen como, por exemplo, na hora em que compramos cuecas. Peguei qualquer coisa, por não saber muito bem sobre, e Aspen riu muito de mim e passou boa parte do tempo fazendo piadas, então, agora sei que devo usar cuecas que sejam bóxeres por serem mais atrativas e sexy, segundo a Aspen.
— Estou com tanta fome. Estou a fim de um sorvete, o que acha?
— Perfeito — respondo mesmo sem saber se é algo bom ou ruim, nunca comi.
Caminhamos cheios de sacolas até uma sorveteria que Aspen jurou ser a melhor de todas. E quando chegamos, digo para ela fazer meu pedido e assim ela faz, pedindo dois sorvetes de M&M com cauda de chocolate. Vamos até uma mesa quadrada e nos sentamos na mesma e assim que nosso pedido sai, Aspen vai pegá-los.
— Isso é ótimo! — digo empolgado após comer duas colheradas de sorvete. É a melhor coisa que já comi!
— É sorvete, óbvio que é bom. — Aspen diz com as sobrancelhas juntas, aparentemente confusa, então engulo em seco e tomo um pouco da minha água. Havia esquecido que ninguém sabe o que sou realmente. Ninguém sabe que sou um anjo enviado à Terra em uma missão. Para eles, sou apenas um garoto normal como qualquer outro.
— É, mas, eu só quis comentar e você acertou. Aqui é mesmo a melhor sorveteria. Quero levar mais três desses para poder comer depois!
Ela ri e concorda com o que falo, então apenas me junto a ela.
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• My Angel • || Daniel Sharman ||
JugendliteraturO que pode acontecer quando um anjo é enviado à Terra para cuidar de uma menina rebelde? Daniel foi mandado à Terra em uma missão, cuidar de Aspen, resolver seus problemas e mantê-la viva. Em troca ele receberia um grande par de asas e se tornaria u...