Vida. Segundo o dicionário vem do latim ''vita'' que se refere à vida. É o estado de atividade incessante comum aos seres humanos organizados. É o período que decorre entre o nascimento e a morte. No entanto, esqueceram de incluir no dicionário o que poderia acontecer entre este intervalo de tempo. Esqueceram de informar que haveria momentos felizes, momentos tristes, momentos de muita desgraça e também momentos aos quais você chega a pensar que vai enlouquecer e que não conseguirá passar por uma grande barra e, sinceramente, acho que me encaixo neste momento agora, mas tudo bem. Afinal, essa é a graça da vida! Ela é uma caixinha de surpresas e você nunca saberá o que irá vir a seguir. Você não irá adivinhar quando perderá uma moeda ou quando irá ralar o joelho. Você só tem poder de controlar o agora, o que acontece nesse instante e eu já sei o que vem por agora. A paz, a paz eterna. Tomei essa decisão ontem, antes de dormir e nunca quis tanto uma coisa.
Noite anterior.
— Vai se foder, Zedd! — Bato a porta do carro e caminho pela entrada da minha casa, escutando as botas pesadas do garoto moreno ao meu encalço até que seus passos param e ele agarra em meu braço, me fazendo virar e olhar para ele.
— Precisamos conversar, Asp — rolo os olhos com o apelido e puxo meu braço de seu aperto, massageando logo em seguida já que ele me segurou com força.
— Não temos nada para conversar. Eu já falei o que vai acontecer. Tudo entre nós está acabado!
Não tem nada a ser dito já que ele agiu como um animal. Estávamos em uma festa quando um menino me chamou para dançar, sem segundas intenções, vendo que passei a festa inteira sozinha sentada no sofá esperando Zedd e quando ele chegou simplesmente arrancou o menino de perto de mim com um soco e o bateu até que ele não respondesse e ficasse desacordado no chão. Me senti horrorizada com aquilo e nem pude ajudá-lo, pois fui puxada as pressas porque a polícia já estava chegando.
— Me desculpa. Eu me descontrolei quando vi você com aquele cara.
— Nós só estávamos dançando e ele estava sendo educado quando me chamou para dançar, já que você me deixou a porra da noite inteira sozinha para fazer não sei o que — retruco com grosseria.
— E você acredita nesse papinho de "educação"? Ele só estava te tratando bem para comê-la depois. Deveria agradecer que cheguei antes!
Ele só pode estar brincando com a minha cara. Ele quer mesmo que eu o agradeça por ter me "salvado" e ter espancado o menino sem ele ter feito nada? Nego com a cabeça e levo as mãos até o cabelo, berrando em seguida e em pausas:
— Nós. Só. Estávamos. Dançando! A porra de uma música e eu preferia estar com ele agora do que estar com você enchendo a porra do meu saco. Sai daqui, vai embora! — falo alto e a medida vou vendo as luzes das casas da frente se acendendo. Vizinhos nojentos.
— Acontece que mulher minha não dança com ninguém e fala baixo. Está chamando atenção — Zedd fala entre os dentes e me puxa pelo braço, me trazendo para perto dele numa tentativa de me calar. Olho em seus olhos que agora estão com as pupilas bem dilatas e arqueio as sobrancelhas, dizendo:
— Acontece que, eu não sou sua e nós não temos mais nada! Se você não for embora agora eu vou começar a gritar! — aviso já gritando e assim que ele olha para além dos meus olhos, para os vizinhos, aproveito para empurrá-lo e me afastar. Ele cambaleia, mas em instantes se recompõe e antes que me alcance eu corro para as portas do fundo e bato a porta da cozinha, girando a chave logo em seguida. Respiro aliviada e antes mesmo de me virar percebo que não estou sozinha. Sinto o forte cheiro de bebida no ambiente. Robb.
Robb é o marido nojento da minha mãe, cara que deveria ser meu padrasto, mas que nunca conseguirá ganhar essa vaga já que é um homem escroto. E, não. Eu não o odeio por enxugar as lágrimas da minha mãe assim que ela ficou viuva e dormir com ela uma noite depois da morte do meu pai, não é por isso. É simplesmente por ele ser um policial de merda e por não exercer sua profissão direito, é por ele achar que por ser policial ele tem carta-branca para fazer o que quiser, como, por exemplo, usar sua arma caso eu contasse para minha mãe que vi ele se pegando com a mulher do mercado da esquina bem aqui, nessa cozinha. Ele passou a arma em minha boca e disse que daria um tiro caso eu soltasse alguma coisa e eu acabo me silenciando. Todas às vezes que contei para Karen o que ele fazia, ele me dava uma surra como punição e eu o odeio com todas minhas forças. Se eu pudesse mataria esse homem enquanto ele dorme, eu juro.
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• My Angel • || Daniel Sharman ||
Novela JuvenilO que pode acontecer quando um anjo é enviado à Terra para cuidar de uma menina rebelde? Daniel foi mandado à Terra em uma missão, cuidar de Aspen, resolver seus problemas e mantê-la viva. Em troca ele receberia um grande par de asas e se tornaria u...