Capítulo 15

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Massageio meu braço pela décima vez, bem em cima da região onde injetaram o conteúdo que até agora, desconhecia. Sei que talvez seja o novo antídoto da bomba que Dylan pretende explodir caso eu não cumpra com o acordo. Mas, na hipótese de uma traição, qual é o interesse dele me manter viva?
Essa é uma pergunta que achei melhor guardar a descobrir por conta própria, ja que provavelmente Dylan não responderia. Há dois dias estou infurnada nesse lugar. Não há janelas, não há pátio, não há ar fresco! O que nos leva a concluir que estamos de baixo da terra. As pessoas daqui não me olham como um inimigo ou uma terrorista, elas me olham como uma a mais. Talvez seja o fato de que todas elas são criminosas.
Apesar de dormir cercada de inimigos, desde que aquele navio afundou comigo, essa foi uma das melhores noites. Não que tenha sido sensacional, mas pelo menos, desta vez consegui dormir. O colchão é macio, e os agentes não faziam barulho durante a noite, sem contar o fato de estar tranquila de que nenhum deles planeja me matar ou prender.
Visto o uniforme da OF, sim, isso é totalmente esquisito. Mas como não trouxe nenhuma outra roupa, a única opção foi vestir esse uniforme ou andar fedendo por aí. E acreditem, essa nova versão é muito mais legal do que a dos cadetes da outra base. É um estilo semelhante aos uniformes da OSCU, porém, esses são brancos.
Prendo o cabelo num rabo de cavalo e escondo meu celular entre o armário e a parede. Esse era o meu terceiro dia ali, e pretendia ficar até amanhã. Já tinha uma resposta para Dylan, mas antes, por precaução, precisava conhecer bem a sua base.
Caminho em direção a sala de treinamento, durante esses dois dias passei meu tempo observando as lutas. De certo modo, esse ritmo me trazia lembranças dos tempos de treinamentos corridos na OSCU. Obviamente os agentes ali eram bem mais experientes do que os cadetes da outra base. Mas mesmo assim, a maioria ali não levava muito jeito para a coisa.
O treinador deles não se importava que assistisse as suas aulas. Ele sempre sorria de forma simpática a cada vez que adentrava a sala. Isso quase me fez esquecer que todos ali são loucos psicóticos prontos para explodir uma bomba no mundo.
Poucas vezes cruzei com Alex e sua turma, eles estavam sempre em missões. E por mais que isso não fosse nada saudável, ansiava por uma luta contra um dos favoritos de Dylan.
Suspiro, vendo uma garota no canto da sala socar desajeitadamente um saco de boxe. Muitos diriam que ela estava indo bem, mas se Jack estivesse aqui, com certeza estaria tendo um ataque por ver que naquele ritmo, possivelmente ela teria problemas nos pulsos.
Seria estranho se ajudasse o inimigo? Bom... Talvez se desce apenas um conselho e... Não!
A garota para de socar o saco, massageando os pulsos enquanto trocava as ataduras. Estava tão concentrada na cena que nem percebi quando alguém se sentou ao meu lado.

-Ela vai acabar com aquele pulso. - murmura Alex.

-E por que não ensina a ela como se faz? -indago.

-Não sou o treinador.

-Sem ofenças, mas esse treinador é uma porcaria. Bom... Acho que quis ofender.

-E por que você não a ajuda? Ah, já sei! Acha se ajuda-lá, estara contribuindo para a morte de alguém. Acertei?

-Não.

-Quando você se aliar a nós, poderá treina-lá.

-E como sabe que aceitei Sherlock?

-Você aceitou desde o momento que ouviu a proposta. No seu ponto de vista a opção é ruim, mas sabe que é o único jeito de não ter sangue nas mãos. Você estará salvando a sociedade, salvando vidas. A pergunta é, por que ainda está aqui?

-Preciso de um tempo para mim. E nesse lugar, ninguém quer me prender.

-Tem mais alguma coisa que te prende aqui. Mas fique tranquila, não pretendo descobrir. Afinal, vamos ser parceiros.

-Ja fomos irmãos, e isso não me impediu de chutar o seu traseiro.

-Adoro o seu senso de humor. Aceita uma luta? Ou acha que está enferrujada?

-Isso vai ser mais fácil do que tirar doce de um bebê.

Alex caminha até o ringue, e sem ao menos dar a ordem, os agentes descem do local e se agrupam nas laterais para observar a briga.
Sorrio de canto, olhando ao meu redor e me posicionando.

- Com plateia? - indago. - Corajoso.

Sem responder, ele levanta o braço para me dar um soco, mas bloqueio seu movimento, giro seu braço e o impuro contra as cordas do ringue, ouvindo-o soltar um gemido de dor. Alex passa seu pé entre as minhas pernas e engancha o sapato numa delas, puxando meu corpo em direção a ele e despertando o meu desequilíbrio.
Uso o salto da bota para acertar sua canela, e solto seus braços, cambaleando para trás enquanto retomava o equilíbrio. Assim que Alex tratou de virar, desferiu um soco no meu maxilar e um chute giratório na região do abdômen. Caio no chão, fingindo estar tonta, mas ao ve-lo se aproximar, retomo minha concentração e aplico uma rasteira para me por em pé. Me afasto um pouco e sinalizo com as mãos, dando tempo para que ele levantasse. Pela sua cara, ele não parecia muito feliz por estar dando essa colher de chá.

-Não preciso que pegue leve Morgan.

-Bom saber.

Corro em sua direção, salto de forma giratória e entrelaço minhas pernas no seu pescoço, fazendo pressão para baixo e lançando seu corpo sobre o chão. Aterriso de forma graciosa e sorrio internamente por saber que não perdi a prática.
Alex levanta ofegante, desta vez realmente bravo e se aproxima cada vez mais, desferido chutes e socos na minha direção. As sequências eram rápidas, mas fazia o possível para broquea-las.
Quando finalmente seu soco acertou meu supercilio e me prensou contra as cordas, escapuli por debaixo dos seus braços, segurando a mão direita e torcendo-a ao contrário, ouvindo o som dos ossos quebrarem e a luta ser finalizada com seus gemidos.

-Como você já sabe, a minha resposta é sim. -digo, tirando o cabelo da frente dos olhos.

Agente Morgan 3Onde histórias criam vida. Descubra agora