Capítulo 49

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-Então eles vão invadir. - murmura Bruno.

Mastigo mais um colherada de comida antes de responder.

-Sim.

-Hoje?

-Não, ainda precisamos impedir Dylan de acabar com o mundo. Devem existir milhões de bases como essas, se ele escapar, não o achamos mais.

-Tem boatos de uma bomba.

-Sabe onde? - indago interessada.

-Não... como disse, são boatos.

-Boatos são provocados por fofoqueiros, e fofoqueiros quase sempre estão certos.

-Posso verificar a informação...

-Só tome cuidado, se for pego, serei pega.

-Obrigada por se preocupar com você.

Reviro os olhos.

-Para de drama pirralho.

-Acho que estão precisando de você. - murmura, olhando sobre os meus ombros.

Viro o rosto de vagar, checando a direção que ele olhava e encontrando a figura de Clara, acenando com a mão para que me aproximasse. Volto minha atenção para Bruno, me despedindo sem muitas palavras, e sigo Clara pelos corredores.
Poucos segundos depois, o cômodo no qual entramos era parecido com a sala de reuniões da OSCU. Onde Dylan e seus agentes esperavam sentados, com a expressão séria no rosto. Por um momento, a idéia de ter sido descoberta passou pela minha cabeça, mas logo descartei a hipótese quando vi, atrás de Dylan, um telão de projeção.
Tomo acento entre Lucas e Aline, apoiando as mãos no colo para ouvir o que Dylan diria.

-Chegou o grande dia... Natasha, está aqui porque provou o seu valor. - explica, para aqueles que ainda me olhavam estranho. - Hoje se inicia uma nova éra, e acredito que depois de tanto tempo revisando os planos, todos saibam o que fazer.

Tento ao máximo esconder a minha reação de surpresa. Tudo bem que já sabia que o "grande dia" chegaria, mas de maneira alguma, esperava que esse dia fosse hoje. Ainda mais porque se não voltar a ter contato com Bruno, talvez nem consiga avisar a minha equipe e impedir todo esse desastre.

-A única que ainda não sabe a sua função dentro desse plano, é você, Natasha.

Semicerro os olhos, prestando mais atenção em cada palavra.

-Não estava em meus planos que você definitivamente viesse para o nosso lado. Por isso, decidi que fará parte da equipe 3.

-Onde, e o que exatamente vamos fazer? - questiono.

-Junto de Alex, vai se infiltrar como passageira de um dos aviões.

-Por que?- questiono confusa.

Franzo a testa, esperando uma explicação. Mas quando Dylan me fitou, a ficha finalmente caiu, estava tão na cara que me senti estúpida por deixar um detalhe tão importante passar.

-Vocês... - pauso, engasgada nas próprias palavras, procurando me recompor.

Qual é o modo de infectar um número maior de pessoas num curto intervalo de tempo? Sim, pelo ar. E era isso que eles pretendiam fazer. A tantos metros, com tamanha magnitude de vento, os efeitos da bomba espalhariam ainda mais rapido.

-Mas... o que acontecerá com os aviões? - questiono, fingindo confusão.

-Nada, eles pousaram tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. - responde Clara.

-Alguém pode me reconhecer!

-Vocês vão disfarçados, além disso, são mais de 379 pessoas no mesmo avião. - diz Dylan.

-Deixem de besteira, depois que a bomba explodir, não fará diferença alguma se alguém vai reconhece-la ou não. - murmura Alex.

-Quando partirmos?

-Agora mesmo.

Quê?

-Aline vai ajuda-la com o disfarce.

(...)

Suspiro discretamente, vendo que nos aproximavamos do aeroporto. Alex parecia tranquilo e também tão nervoso quanto eu. Obviamente seu nervosismo era por uma razão diferente.
Não tive tempo de ligar para os meus amigos, depois que sai da sala de reunião, Clara e Aline me arrastaram para a transformação. Mesmo assim, vi Bruno de longe, e pelo olhar que lançei não duvido que ele tenha entendido o recado.
Adentro um dos maiores aeroportos de Washington, frequentado principalmente pela companhia Schadt, de mãos dadas com Alex. Esse era o nosso disfarce, não há nada mais convincente do que um casal saindo de férias.
Lanço um olhar disfarçado para todos os lados. Procurando entre a multidão de malas e pessoas, o rosto de alguém conhecido. Meu coração se acelera, vendo a figura de Alfie parada ao lado de um dos pilares da lanchonete do local, ele piscou para mim e inclinou a cabeça na direção do banheiro feminino, indicando que alguém me esperava por lá.
Antes de sentar numa das mesas livres da lanchonete para esperar a hora de embarcar, digo á Alex que preciso ir ao bainheiro. Pelo seu olhar, ele parecia relutar com a idéia, mas finalmente sedeu, quando me viu fingir expressões de dores no estômago. Essa com certeza era a desculpa mais velha do mundo, sem contar que ele provavelmente não acreditou em nenhuma palavra, e se demorasse demais, mandaria alguém atrás de mim.
Invado o banheiro com rapidez, olhando em todas as cabines para verificar se não havia mais alguém.

-Natasha!-sussurra Sara, entrando pela pequena janelinha do topo da parede.

-Escuta, tenho pouco tempo. Eles vão usar os aviões para espalhar a bomba! O novo código permite que somente eles possam cancelar os vôos, ou mandalos retornar. Mas também vão precisar dar os comando de liberação do gás da torre de controle. Só elas tem sinal suficiente para isso.

-E quanto as bombas? Já foram instaladas?

-Não. Nós faremos isso.

-E como o gás vai sair pra fora do avião? -indaga confusa.

-Os aviões da companhia aérea Schadt, em específico, contam com um tubo de ar que liga as turbinas do avião ao ar condicionado. Assim que o gás for liberado no avião, também estará no ar.

-Está bem, aqui está o nosso comunicador, ele é via satélite, então não se preocupe com o aumento da altitude. - diz, me estendendo o pequeno dispositivo.

-Ok.

-Mais alguma coisa?

-Não falhem.

-Não vamos... não dessa vez! Vamos impedir esses malucos.

-Agora tenho que ir. - digo, ultrapassando-a, mas sua mão me impediu, segurando a minha.

-Natasha, tome cuidado.

-Quando não tomei? - debocho. - Você também loirinha, se cuida. Nos vemos no final de tudo isso.

Sorrio mais uma vez, e aperto levemente sua mão, antes de solta-la para sair do banheiro.
Alex ainda me esperava na mesma posição de antes, impaciente pela minha demora e olhando sem parar para o relógio do pulso, um claro sinal de que o meu vôo partiria.

-Finamente! Já ia te buscar!

-E causar um escândalo? Acho que não... - sorrio sinica.

Ele segura minha mala, mudando a expressão de mal humorado e me abraça de lado, depositando uma mão na minha cintura.

-Precisamos estar tão juntos? - resmungo.

-Somos um casal apaixonado, lembra?

-Nenhum idiota acreditaria nisso.

-Então sorria, querida. - murmura, enquanto adentravamos o avião com a mala de mão nos braços.

Agradeci mentalmente por Alex ser a pessoa que segurava a bomba, e não eu. Segurar uma bomba, mesmo que desarmada, me faria tremer e acabar com o nosso disfarce.
Afasto meu corpo do dele assim que entramos no avião com o pretexto de procurar o nosso acento, localizado justamente no centro da primeira classe.

-Aproveite a viagem, querida. -sussurra.






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