Capítulo 17

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Bufo irritada, vendo pelo canto dos olhos a décima vez que o agente olhava na minha direção. Ou ele estava com medo, ou pretendia me matar. Nunca me senti tão vigiada na minha vida.
Já fazia horas que estava presa naquela caixa, e apesar de não ser claustrofóbica, aquele lugar começava a me deixar incomodada. Agora sei como os macacos se sentem nas jaulas.

-Não tenho direito a um lanchinho? - indago.

Não estava com fome, mas depois de tantas horas em silêncio, precisava que alguém falasse comigo.

-Bom... deixa pra lá. - digo, lembrando da probabilidade desse lanchinho está cheio de veneno. - E aí, agente Bartley, quanto tempo vou ficar aqui?

Ele permanece em silêncio e apenas lança um olhar de advertência para que eu ficasse quieta.
Vejo sua expressão de alívio quando três agentes entraram na sala, me encarando intensamente e trazendo aquela velha sensação de atração principal de um circo.
Reviro os olhos, vendo o modo que eles seguravam a arma na cintura, de modo ameaçante.

-Essa cela é blindada rapazes. E pelo o que sei, a senha dessa caixa se programa para uma nova a cada vez que é fechada. -digo, me sentando e cruzando os braços.

-Não precisamos disso. -diz um deles.

Bartley se aproxima do painel de controle da cela, e vejo seus dedos teclarem várias vezes enquanto um sorriso maléfico surgia no rosto de cada um. Não costumo ter medo, mas agora, começava a entrar em pânico.
Normalmente sei o próximo passo do inimigo, mas desta vez aqueles quatro agentes me tem nas mãos. Ainda mais porque presa, não posso fazer nada. Se fosse travada uma luta, ou até mesmo se me transformassem em um alvo humano, a situação seria mais fácil.
Ele afasta do painel, e se junta aos colegas para me observar. Arqueio a sobrancelha, esperando que algo acontecesse.

-É só isso? O que vocês fizeram?

-Substituimos o oxigênio por carbono.

Ok, nunca fui muito boa em química, mas sei que carbono não é respirável.
Apoio meu corpo no banco, sentindo o ar começar a faltar, talvez fosse psicológico. Forço meus pulmões a respirarem o oxigênio que ainda restava na caixa e mantenho a postura ereta, demonstrando o quanto aquilo não me afetava.
Olho para a câmera, indagando se algum agente me via e se nesse momento, estava vindo me ajudar. Mas a hipótese de esses quatro estarem apenas cumprindo ordens eliminou totalmente essa opção. Sinto meus pulmões fraquejarem, e sem forças, permito que meu corpo penda para o lado e caia sobre o chão. Com as mãos fracas, afasto os cabelos da face e fecho os olhos, me concentrando apenas em respirar. Sempre pensei em morrer em batalha, talvez por um tiro, nunca por falta de oxigênio, e com certeza, essa opção é muito pior.
Minha visão escurece, meu coração acelera e meu pulmão arde. Antes de desmaiar, olho em direção a porta, e vejo um vulto tentar desesperadamente abrir a porta.

(...)

Acordo sobressaltada, focando minha visão para enchergar o homem sobre mim e tentando acalmar meus batimentos cardíacos. Meu peito ainda doia, e respirar se tornou incômodo devido a dor nos pulmões. Olho ao meu redor, sabendo que ainda estava na cela, e somente então, volto a encarar aquele homem. Era Alfie.

-Por... favor... Me diga que... Não fez respiração boca a boca. - imploro.

Ele sorri, parecia feliz por me ver bem.

-Salvei a sua vida, um obrigada já basta.

-Você tentou atirar em mim. Não te devo nada.

-Pelo visto você já está melhor. - diz, me pegando no colo.

-O que pensa que está fazendo?!

-Te levando para outro lugar.

-Lá tem oxigênio? - debocho. - Porque só pra deixar claro: prefiro carbono.

-De agora em diante, mais nada carbono.

-Onde estão aqueles malucos? - questiono tentando encontra-los na sala.

Alfie fechou a cara, e me colocou numa cadeira de rodas.

- Não vou de cadeira de rodas.

-Você acabou de acordar, não está apta para andar.

-Como se alguém nesse lugar se importasse com isso.

-Eu me importo.

-E eu não me importo com o que você se importa.

Ele franze a testa.

-A frase parecia melhor na minha cabeça. - Constato. -Vou andando, é uma decisão.

- Você vai de cadeira de rodas, aqui continua sendo uma criminosa e não me da ordens.

Alfie se aproxima, algemando minhas mãos e os meus pés a cadeira.

-Alguém já tentou fugir de cadeira de rodas? -indago, enquanto esperávamos nossa vez para entrar no elevador, que por segurança nacional, deveria estar vazio para o meu transporte.

-Não tenho permissão para falar com você.

-A cinco segundos atrás você tinha. E não se ache, só estou conversando com você porque isso me faz esquecer a dor nos pulmões. Ainda te odeio.

-Quanto menos falar, melhor será para eles.

Reviro os olhos, e espero que o elevador se abra. Desta vez, o andar não era da sala dele, mas do diretor do FBI. Todo aquele piso compunha a sua sala, e logo no início, pude ver a montanha de agentes e homens que provávelmente eram importantes ocupando lugares numa mesa redonda no centro. Alfie me posiciona no final da mesa e me livra das algemas, mas não antes de recomendar que não dissesse nenhuma besteira.
Olho para o final da mesa, e sorrio, vendo o presidente do Estados Unidos me encarar com um sorriso nos lábios.

-Ola Srt. Morgan. - inicia. - Desculpe a demora, achei importante estar pessoalmente aqui para resolver o seu caso.

- Deveria estar honrada? - questiono, sem esconder a ironia explícita na frase.

No canto direito, vejo Diana me lançar um olhar reprovador.

-A agente Rickdant apresentou provas de sua inocência. Segundo ela, você se entregou e alegou ter sido incriminada, isto é verdade?

-Sim.

Alguns homens entram na sala, deixando um aparelho sobre a mesa e sem minha permissão, começam a conectar fios no meu corpo.

-O que é isso?

- Essa é uma nova versão do polígrafo. Seus batimentos cardíacos seram monitorados, assim como a dilatação das suas pupilas, é necessário que apenas responda sim, ou não. - Explica Alfie.

Suspiro, deixando que aqueles homens terminassem o serviço e aguardo as primeira perguntas.

-O seu nome é Natasha?

-Sim.

-Tem 20 anos?

-Quase isso.

-Diga sim, ou não Natasha.

-Não.

-Essas provas são verdadeiras?

- Sim.

- Você já matou alguém?

-Sim.

-É virgem?

-Que é espécie de pergunta é essa?

-Diga sim ou não, senhorita.

-Não. - digo, mas o aparelho apita.

Bufo irritada.

-Sim. -respondo.

-Já sentiu que ninguém acreditava em você?

-Nessa você me pegou. Sim.

-Tem amigos?

-Sim.

-Você é uma boa pessoa?

-Alguém responde não? - indago. -Sim.

-Já foi traída?

-Sim.

-Bom, acho que podemos começar com as perguntas senhor. -diz ao presidente.

-Fala sério! Essas não eram as perguntas?





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