Capítulo 50

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Me remexo mais uma vez no acento, incomodada por sentar entre Alex e a janela. Ele cruzava os braços relaxado, apoiando a cabeça num pedaço da minha poltrona, e colocando sua mão sobre o meu joelho.

-Tira essa mão daí.

-Somos namorados.

-Hipoteticamente!

-Mais é importante manter o disfarce.

-Disfarce ou não, corto a sua mão!

-Você precisa relaxar... - murmura retirando a mão.

-Quando vamos armar a bomba? - indago impaciente

-Fala baixo! Está louca?!

-Estamos num avião fechado, não faz diferença alguma se alguém ouvir. Nenhum idiota vai pular pela janela.

-É mas isso pode dificultar os nossos planos.

Nossos?

-Está na hora. - murmura se levantando, e empurrando a maleta perto dos seus pés na minha direção.

Seguro a bomba, carregando com cuidado entre os braços enquanto tratava de segui-lo até a segunda classe. No meio do caminho, ensaiei propositalmente um tropeço no carpê do chão do avião, trombando com o seu corpo que sustentou a minha quase queda, passo as mãos discretamente pelas suas costas, encontrando e roubando a arma alojada no final da coluna.

-Cuidado com isso, Morgan! - murmura preocupado.

Afirmo com a cabeça, escondendo a arma na trazeira da minha calça. Alex voltou a andar, como se nada tivesse acontecido, porém mais atento aos meus passos.
Assim que adentramos a classe econômica, lançei a bolsa sobre o passageiro do canto direito do avião. O homem resmungou pelo susto, o que chamou a atenção de Alex, mas antes que ele pudesse se virar, ergui a perna na altura da cintura e acertei um chute na sua espinha, vendo-o se desequilibrar na tentativa de levantar.
O jesto chamou a atenção do resto da classe, que não demorou muito em iniciar uma gritaria sem fim. Aqueles que até então estavam dormindo, acordaram ainda mais assustados dos que os outros, começando a se amontoar próximos a janela.
Alex finalmente recobra a postura, me encarando com os dois olhos de pura chama e ódio.

-Sabia que não podia confiar em você... tenho que admitir, você quase me convenceu.

-Não se culpe! É um dom natural. - debocho.

Alex deu um sorrizinho, e sem aviso prévio, partiu para cima de mim com os punhos erguidos. No primeiro momento, consegui desviar das suas investidas, mas isso não durou muito. Assim que seu soco atingiu a minha mandíbula, meu corpo se desconcertou e cai no chão, dando a oportunidade perfeita para que ele subisse em cima de mim e me enforcasse.
O espaço do corredor era pequeno, então a chance de escapar pelos lados diminuiu drasticamente. Com muito esforço afasto suas mãos do meu percoço e acerto de forma violenta o seu rosto com o meu cotovelo.
Tomada pela adrenalina, me ergui num salto, desviando dos socos que ele distribuia na minha direção. Após mais uma esquivada, consegui acertar o seu nariz com um soco. Aproveitando sua desorientação por conta da dor, entrelaçei minhas pernas no seu percoço, sentindo minha peruca deslizar sobre os meu ombros e forçei o corpo de Alex a me segurar. Sem perder tempo começei a acertar sua cabeça com com golpes de cotovelo, sabia que uma grande pancada poderia desmaia-lo muito antes de um simples sufocamento, mas quanto mais cotoveladas dava, mais ele ficava irritado.
Alex me jogou contra um dos passageiros, com as mãos fechadas ao redor do meu percoço. O aperto das minhas pernas no seu percoço enfraqueceu, e a melhor opção foi solta-las para chutar sua barriga e afata-lo de mim.
Ainda me recuperando pela falta de ar, vejo-o começar a correr em direção a cabine do piloto. Retiro a arma das minhas costa e o persigo pelo corredor.

Agente Morgan 3Onde histórias criam vida. Descubra agora