Capítulo 4

222 52 2
                                    


— Já se passou um mês e você continua falando daquele fim de semana. Por que não procura essa Ellis?

Owen suspirou do outro lado da linha ouvindo o conselho do irmão mais velho.

— Nem percebi que estava falando sobre ela outra vez.

— Owen, não se sinta constrangido, isso é um ótimo sinal. Você conseguiu superar seu antigo relacionamento e está seguindo em frente. Tenho certeza que nossos pais ficarão muito felizes se você apresentar essa garota para eles. Se ela for mesmo do jeito que você diz, com todas essas virtudes, vai ficar difícil não gostar. Até eu, já gosto dela.

Ele sorriu.

— Eu gostaria de reencontrá-la, mas não sei se estou preparado para algo mais sério.

— Eu acho que você está, gosta dela e isso já é preparação suficiente para o início. Com o tempo as coisas vão acontecendo.

— Quando voltar a Vancouver eu resolvo isso.

— Ela é prima do seu amigo, peça o telefone, ligue, converse e a chame para sair.

— O contato dele estava no meu telefone que perdi, lembra?

— Você é muito irresponsável com celulares, quantos já perdeu? Esse deve ser o centésimo! — criticou.

— Odeio celular!

— Então envie um e-mail, procure em uma das milhares de redes sociais. Tenho certeza que você é capaz de encontrá-la ou encontrar alguém que entre em contato com ela.

— Claro!

— Owen, não procure desculpas para se isolar. Se você gostou tanto dela então tente.

Owen se despediu do irmão, virou-se em sua poltrona e olhou pela janela da sala de reuniões em que estava. Havia sido escalado para aquele encontro de negócios e precisou viajar até a Índia na última semana. O silêncio da antes lotada sala agora só era cortado pelo som de sua caneta tamborilando no braço da poltrona. A sua frente a vasta e movimentada capital, Nova Deli, estava surpreendentemente parada. A chuva tomava conta da cidade impedindo o costumeiro ir e vir de pessoas.

Liam estava certo, pensou, não tinha motivos para fugir. Era estranho se sentir daquela forma por uma mulher depois de tantos anos, mas não podia negar que gostou da companhia mais do que esperava. Quando voltou a Vancouver depois daquele fim de semana, não conseguiu parar de pensar em Ellis Hill. Ela era simplesmente incrível. Imaginou que depois de anos de relacionamento fosse demorar muito para se deixar envolver por alguém, porém ela havia lhe feito reagir de forma inesperada. Só de pensar nela seu coração apertava daquela forma deliciosa e ao mesmo tempo sufocante que só os apaixonados podiam sentir.

— Ellis... — sussurrou saboreando o nome dela em seus lábios e sorrindo em seguida.

Precisava mesmo reencontrá-la.


↫ Na Contramão ↬


Ellis chorava inconsolável no banheiro do museu em que trabalhava.

— Querida, saia. Vamos conversar! Não pode ser tão ruim assim.

Segurava o teste de gravidez nas mãos e o resultado positivo quase a fez desmaiar. Ultimamente estava sentindo um desconforto anormal, cansaço e falta de ar. Procurou o médico acreditando estar com algum problema pulmonar causado pela química das tintas que usava em suas pinturas. Tinha máscaras que eram mais que recomendadas, mas não gostava de usar, o momento de criação era seu momento de liberdade, não gostava de nada preso a ela.

Na Contramão - AMAZON Onde histórias criam vida. Descubra agora