Capítulo 10

178 45 4
                                    


Ellis olhava o retrato de Owen enquanto desenhava os traços na tela. Esperava que seu bebê se parecesse com ele, pensou enquanto sorria. Os olhos acinzentados, lábios grossos e delineados, rosto quadrado e com cachos nos cabelos negros. A barriga de quatro meses já começara a crescer, faria sua ultrassonografia na semana seguinte e finalmente descobriria se teriam um menino ou uma menina.

Olhou para o lado de fora ao ouvir uma ambulância passar. Aquela avenida era bem movimentada de dia, carros e pessoas iam e vinham. Lanchonetes, lojas e restaurantes garantiam o movimento durante todo o dia, mas a noite o lugar ficava bem esquisito. Prometeu a Owen que não sairia tarde do ateliê.

Suspirou ao se lembrar de como ele estava chateado com a repercussão sobre o tiroteio contra o hotel. Depois disso vários hóspedes se transferiram para outros hotéis alegando que o Shangri-La não era seguro. Os planos para os restaurantes e cassino do hotel também foram por água abaixo, assustados os clientes procuravam outros lugares para fazer suas refeições e se divertir. Hoje Owen estava participando de uma reunião com os outros administradores e o pessoal de marketing da empresa para pensar em uma solução.

Ellis virou-se novamente para a tela com seu carvão em mãos e concentrada continuou, mas parou ao sentir algo estranho às suas costas. Virou-se lentamente e não tinha ninguém. Olhou rapidamente para o lado de fora pela vitrine de seu ateliê, tudo parecia normal. Suspirou, talvez estivesse ansiosa depois de tudo que aconteceu na última semana. Virou-se novamente e continuou, mas a sensação estranha não a abandonava. Era como se estivesse sendo observada novamente. O alerta de perigo veio em forma de arrepio e olhou novamente pela vitrine, dessa vez atendo-se aos transeuntes. Nada parecia anormal, então por que se sentia ameaçada?

Levou seu cavalete para o fundo do ateliê, longe dos olhares de qualquer pessoa. Ligou o som no seu celular e relaxou. Distraída olhou em direção a porta e o rosto conhecido estava lá sorrindo para ela e lhe observando. Se sentiu uma péssima pessoa ao sentir incômodo com a presença do cliente, mas havia algo nele que ela não gostava nem um pouco.

Abriu a porta sorrindo levemente.

— Como vai? — perguntou enquanto dava passagem para o homem que havia conhecido a mais ou menos uma semana, Dixon Miller.

— Boa tarde, vou muito bem! — respondeu vendo a expressão estranha no rosto dela. Será que Owen havia finalmente contato sobre eles? — Me desculpe por não ter vindo no dia seguinte, mas meu trabalho ààs vezes exige muito de mim. Cheguei em uma hora inapropriada?

— Não, de forma alguma! Eu só estava criando alguns esboços.

— Certo! Trouxe a foto que lhe disse, assim você poderia analisar e me dizer o valor com precisão.

— Claro! — concordou.

Ellis assistiu o homem abrir uma pequena agenda e tirar uma fotografia. Menos mau que era uma paisagem, se fosse a imagem de uma pessoa seria monótono criar por foto. Dixon entregou-a explicando:

— Essa era a casa onde eu morava quando criança.

Ellis observou a casa simples, mas que possuía uma bela paisagem ao redor. Atrás, várias montanhas cobertas de gelo e a frente da casa um jardim de gardênias. Dava para ver um rio ao lado da pequena construção.

— Nossa! Que lindo. Você deve ter tido uma infância maravilhosa morando em um lugar como esse.

Dixon apenas sorriu.

— E então, por quanto você faria esse trabalho para mim?

Ellis disse o valor.

— Está ótimo! Já estou ansioso para colocá-lo na minha sala.

Na Contramão - AMAZON Onde histórias criam vida. Descubra agora