Capítulo 14

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Owen entrou no hospital onde Ellis estava, passaria aquela noite com ela enquanto sua sogra descansava no apartamento deles. Cinco dias haviam se passado desde que tudo aconteceu, ela estava reagindo muito bem, os médicos estavam muito confiantes com a recuperação dela. Não apresentava nenhum problema de locomoção ou de fala. Acreditavam em uma recuperação total, mas ainda não falavam em lhe dar alta. Ellis ainda não se lembrava do atropelamento e o médico lhe explicou que em alguns casos traumáticos o cérebro apagava algumas lembranças da memória, às vezes os pacientes lembravam do ocorrido em outras não. Só o tempo diria.

Chegou à porta do quarto e ouviu risos vindo de dentro, estranhou, ninguém da sua família tinha avisado que passaria no hospital para visitar Ellis. Bateu na porta e entrou. A cena que viu fez o seu bom humor desaparecer.

Dixon estava sentado próximo a Ellis e segurava sua mão, enquanto lhe contava algo e a fazia sorrir. Ele levantou-se assim que o viu entrar.

— Boa noite! — cumprimentou-o Dixon.

Ele maneou a cabeça e aproximou-se de Ellis.

— Que bom ver você sorrindo, querida.

Ellis olhou para Dixon.

— O doutor Miller estava me contando algumas histórias engraçadas sobre o trabalho aqui no hospital — revelou. — Ah, Owen! Eu não tinha te contado, mas você não vai acreditar, lembra que disse a você que estava pintando um quadro lindo de uma casa?

Ele franziu o cenho em dúvida e ela deu mais informações a fim de fazê-lo lembrar.

— Aquela, amor, que te disse que tem uma montanha atrás e um rio do lado, com um jardim na frente...

Owen continuou com expressão de dúvida.

— Conversamos muitas coisas, sempre...

— Bem, em todo caso, foi o doutor Miller quem o encomendou.

Owen gelou. Agora lembrava-se dos detalhes da casa e do lugar. Fitou Dixon incrédulo.

— É um lugar muito especial para mim — dirigiu-se a Owen. — Era lá que passava todas as minhas férias com meu grande amor — revelou dessa vez fitando Ellis.

— Que romântico! Ela é uma mulher de sorte.

Dixon sorriu fitando Owen.

— Não estamos mais juntos. Nos separamos depois de oito anos de casados.

Um silêncio perturbador recaiu sobre eles enquanto Dixon e Owen se encaravam mutuamente. Dixon com expressão de desafio e cinismo, enquanto Owen com puro ódio.

— Oh, que pena! Me desculpe, eu não sabia... — falou Ellis.

— Tudo bem — sussurrou o médico. — Tenho certeza que é apenas uma questão de tempo até reatarmos, pois ainda há muito amor entre nós. Sentimentos assim não se vão do dia para a noite, não é mesmo?

Ela sorriu.

— Verdade! Eu espero que dê tudo certo para vocês dois.

— Vai sim, estou trabalhando nisso. — Piscou para ela. — E não vou desistir fácil.

Voltou-se a Owen fitando-o com um meio sorriso.

— Gostaria de conversar com o senhor, Dr. Miller? Tenho algumas perguntas a fazer — falou Owen sem deixar de fitá-lo.

— Claro, mas por que não aqui mesmo, com Ellis ouvindo tudo? — devolveu a pergunta e sorriu para ela. — Entenda, eu não gosto de manter segredos dos meus pacientes. Prefiro que eles estejam a par de sua situação.

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