"Você manteve sua cabeça erguida
Você lutou a luta
Você carrega as cicatrizes
Você cumpriu o seu tempo
Me escute
Você já esteve sozinho, por muito tempo"
Dust to Dust, The Civil Wars"Eu sei tudo sobre o tipo de amor que é grande demais para permanecer em um pequeno balde, espirrando para todos os lados da maneira mais embaraçosa possível."
Carol Rifka Brunt, Tell the Wolves I'm HomeHawkins, Indiana. 1998.
Nancy parou o carro bruscamente na faixa que indicava os limites entre Hawkins e uma cidade vizinha. Algo estava muito errado; não havia placas ali, ou casas ou movimentação de automóveis. Não havia qualquer sinal de vida.
— O que aconteceu aqui? – Jonathan perguntou, assim que saiu do carro.
— Eu não sei... é quase como se Hawkins nunca tivesse existido! – Nancy olhava ao redor, buscando algo que explicasse aquela loucura. — Ela deveria estar aqui!
Jonathan tentava entender o que estava acontecendo, mas nada lhe ocorria.
— Onde estão Mike e El? Eles já deveriam ter chegado! – Nancy perguntou, angustiada.
Foi então que eles ouviram um grito abafado que parecia vir de lugar nenhum e de todos os lados ao mesmo tempo:
— AQUI!
Os dois se viraram no mesmo instante, buscando a direção de onde viera aquela voz, mas não encontraram ninguém por perto.
— Você ouviu aquilo? – Nancy encarou Jonathan. Precisava certificar-se de que não estava enlouquecendo.
— Ouvi sim. – ele confirmou, sentindo o chão mover-se sob seus pés e começar a se desintegrar, como se tudo a sua volta fosse parte de um cenário onírico que estivesse desvancendo-se diante de seu despertar. — O que está acontecendo?
— Eu não sei! — foi tudo o que Nancy pode dizer, antes de esticar o braço na direção de Jonathan, tentando alcançá-lo, enquanto perdia o equílibrio e seu corpo ficava suspenso.
Caindo.
Caindo.
Caindo.
Quando Jonathan finalmente pode sentir seus pés tocarem a solidez do chão, a primeira coisa que passou por sua cabeça foi a mesma que o assombrava há mais de quinze anos.
Nancy Wheeler.
— Nancy! – ele tateou o chão, sentindo a poeira ofuscar sua visão, porém determinado em chegar até ela. Ela caíra a poucos metros dele. Não poderia ter ido tão longe.
— Aqui!
Jonathan respirou aliviado ao ouvir a voz dela e quando a viu, por fim, correu ao seu encontro, tomando seu rosto nas mãos, sem se importar nem por um instante com a impressão que passaria. Ela estava bem e viva e aquilo era tudo o que importava. Ele a fitou profundamente, limpando delicadamente as bochechas dela, onde uma fina camada de poeira aparecia. Ela era linda... tanto quanto ele se lembrava, talvez mais do que ele se lembrava. E ele sempre seria um tolo por ela, aquilo era óbvio. Sem medir as consequências de suas ações, Jonathan aproximou o rosto de Nancy do seu e a beijou delicadamente nos lábios. Não era um beijo desesperado e cheio de pressa e empolgação como foram tantos outros trocados pelos dois no passado. Não. Aquele beijo veio com uma calma impressionante. Uma forma singela e pungente de dizer Eu estou aqui. Eu sempre estarei aqui. Graças a Deus você está bem!
— Você está bem? Não se feriu? Consegue se mover?
— Estou... – ela disse fracamente, sorrindo contra a palma da mão do fotógrafo, corando de leve pelo momento que dividiram, mas sem coragem de dizer qualquer coisa, fosse um incentivo ou uma represália. — Isso é?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Two Ghosts ✔️
Romance15 anos depois dos eventos estranhos na cidade de Hawkins, Indiana, uma nova ameaça surge para estremecer a pacata cidade e desafiar nossos heróis a encarar a maior campanha de suas vidas. Nancy Wheeler é tudo, menos indefesa. Depois do que passar...