Capítulo Onze

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"O amor acontece o tempo todo
Para as pessoas que não são gentis
E para heróis que são cegos
Esperando roteiros perfeitos em cenas de filme
Quem iria querer um mistério desconfortável e silencioso?
Como você saberia?"
Hate To See Your Heartbreak, Paramore

"Nem tudo é feito pra se tornar algo bonito e duradouro. As vezes as pessoas entram na nossa vida pra nos mostrar o que é certo e o que é errado, pra mostrar quem nós podemos ser, pra nos ensinar a amar a nós mesmos, para nos fazer sentir melhor por um tempinho, ou apenas para ser alguém para andar com a gente de noite e desabafar. Nem todo mundo vai ficar pra sempre e nós devemos seguir em frente e agradecê-los pelo que nos deram" – Emery Allen

Hawkins, Indiana, 1998

— Tem certeza que estamos fazendo a coisa certa? – Jonathan perguntou assim que bateu a porta do carro.

Nancy saltou logo em seguida do veículo, parando ao lado dele, com uma mala pesada nos braços. Ela estava certa de que o conteúdo que guardava ali dentro seria de extrema serventia.

— Não podemos deixar essas coisas a solta enquanto El e Will se esforçam pra salvar a pele de todo mundo. – suspirou. — Precisamos ajudar de alguma forma.

Jonathan se preparava pra responder, quando ouviu o barulho de folhas secas sendo pisadas atrás de si e ao virar-se pra olhar deu de cara com quem menos esperava.

— Sabe, Byers, acho que já estivemos nessa situação vezes demais pra você seguir duvidando da Nancy.

— Steve? – os dois disseram ao mesmo tempo.

Steve Harington deu um de seus sorrisos caraterísticos e abriu os braços em um gesto relaxado.

— Eu segui vocês por horas, deviam ter mais cuidado. – ele ligou a lanterna de alto alcance, quase cegando Jonathan no processo e tornou a rir.

— O que faz aqui? – Nancy perguntou em tom sério.

— Eu não ia deixar vocês dois sozinhos. – ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Quem pensam que sou?

Os dois ficaram em silêncio. A situação era desconfortável, mas sempre fora assim entre eles mesmo no passado, eles sempre arrumaram um jeito de vencer as diferenças em prol de uma missão maior.

— O que pretendem fazer? – Steve perguntou quando viu que ninguém se pronunciava.

— Encontrar esses monstros e matá-los. – Nancy respondeu sem preâmbulos.

Jonathan balançou a cabeça. Não concordava com a decisão de Nancy de sair no meio da floresta durante a noite para caçar monstros, mas não a deixaria fazer aquilo sozinha. Mesmo que sua vontade fosse a de permanecer protegido e perto de sua família. Nancy precisava dele e ele sempre estaria ali por ela. Não era a primeira vez que ele se dispusera a enfrentar cenários hostis em nome dela. E nem sempre esses cenários envolviam monstros de outras dimensões... muito pelo contrário, o cenário mais hostil que tinha enfrentado por ela, tinha sido o do dia de seu casamento e o único monstro que ele vira naquela ocasião fora o que habitava em todos os sentimentos que ele nutria por ela e nas palavras não ditas entre eles. De qualquer forma, não era a primeira vez que ele estaria onde não queria estar por Nancy e, em seu coração, ele sabia que não seria a última.

— Isso não é possível... já passamos por isso antes. – Jonathan observou com um suspiro cansado.

Nancy revirou os olhos e tirou a mala do ombro, jogando-a no chão, na frente do olhar curioso de Jonathan e Steve.

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