CAPÍTULO 04

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CONCLUSÕES.

Satan sentiu um vento frio soprar em meio ao fogo, em meio à todo o cheiro podre de enxofre, e ao ranger de dentes e com isso vieram os pensamentos que o divertiam. "Talvez eu devesse matar Daniel logo, fora o fato de que ele está bastante pensativo ultimamente, isso com certeza é um sinal de fraqueza e é ainda pior em tempos de guerra, talvez seja a hora de matá-lo e colocar alguém em seu lugar, Deus, como ele é inútil"

Refletiu Satan sobre o alto da montanha. Uma distração que o fez baixar a guarda por míseros segundos, deixando seu lado esquerdo desprotegido, breve, porém suficiente, para uma tentativa de ataque de um soldado que ele mesmo havia treinado dias atrás. Ele segura a espada do demônio em sua mão, com uma precisão invejável por todos. Nos olhos de Satan, vazios como um riacho negro, e não mais azul, como costumava ser quando ele ainda era Lúcifer, Estrela-da-Manhã, tão claro e calmo, agora explodiram em estrelas de ódio. Até mesmo os demônios que estavam em baixo da montanha e ao redor do inferno pararam o que estavam fazendo para observar o desfeche da história, e acima de tudo, desejosos por descobrir o que seria aplicado como castigo no pobre demônio que teve e infelicidade de tentar acertar Satan.

O demônio recuou um pouco, tentou tirar a espada da mão de Satan, mas era tarde demais, ele já estava com ela em suas mãos, olhando seu reflexo vazio através da arma.

"P-perdão meu Senhor, perdão, e-eu não sei, p-perdão.." gaguejou, sem saber se estava aliviando ou piorando sua situação.

"Qual é o seu nome, soldado?" Satan perguntou, era uma pergunta retórica, todos ali presente sabiam disso.

"A-ahpuch, Ahpuch, senhor..." respondeu o demônio inferior, engolindo em seco e apertando com força a espada que segurava contra o peito.

"Ahpuch, você aproveitou um instante de distração a desferiu um golpe com precisão, se fosse em outro, o teria partido ao meio sem o menor esforço..." Satan olhou para o grupo de demônios que estavam em baixo da montanha negra. "Eles teriam gostado, não teriam?"

Os demônios lá em baixo gargalharam, já o soldado, continuava com medo, não sabendo ao certo se estava recebendo um elogio, ou se, mais provável, apenas ouvindo as últimas palavras de sua existência, escolheu um sorriso pequeno, sem dentes.

"Foi um golpe de sorte senhor.."

"Eu não acredito em sorte Opuch, eu acredito em treinamento"

"Ahpuch, senhor..."

"Seu nome pouco me importa, soldado"

"Me perdoe.."

"Foi um bom golpe soldado, mas..."

Ao ouvir o "mas", fez o corpo do soldado congelar mesmo estando no calor do inferno, recuou um pouco, pensando se deveria ou não voltar para pegar a espada, ele não pensou duas vezes. Satan aproveitou para estender seu "mas", se deliciando da agonia do demônio, depois de alguns segundos, que para Ahpuch, foram horas, Satan continuou.

"Mas você quase me fez sangrar, Opuch. E isso não é bom. Eu nunca sangrei, sabia Opuch? Quase você muda isso.." Satan grunhe, ele não gostava de admitir, mas estava cansado, cansado de tudo. "Mas muitos já tentaram me fazer sangrar, um em especial, mas foi em outro tempo, em outro lugar..." disse, e contemplou a vastidão do inferno, os novos demônios nunca saberiam que o inferno era o a imagem e semelhança do céu em que alguns já viveram.

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