"Porque nada tão perfeito pode durar uma eternidade. Como as estrelas cadentes. [...] porque algo tão perfeito e especial é destinado a desaparecer. Por fim, tem de ser levado pelo vento."
(Mil beijos de garoto – Tillie Cole)
Juntamos nossas coisas e deixamos perto de uma das barracas da praia. Refiz meu rabo de cavalo, ajustei o vestido no meu corpo e coloquei um short jeans por baixo dele.
Acompanhei Eduardo para algum lugar desconhecido. Eu não fazia ideia do que ele estava procurando. A cidade estava cheia de turistas e por isso ninguém prestava atenção em nós. Uma mulher vestindo várias coisas muito coloridas puxou o filho repentinamente, fazendo-o trombar em mim.
O número de pessoas começou a diminuir conforme entrávamos por ruas desconhecidas. Du... ai Senhor, eu já estava chamando-o pelo apelido... Eduardo andava calmamente ao meu lado, como se conhecesse a cidade com a palma da mão.
Ele parou, finalmente, quando encontramos uma área de lazer para crianças. Era como um pequeno parque abandonado. Havia vários brinquedos velhos e alguns pareciam quebrados. A grama estava morrendo e o lugar parecia clamar por uma restauração.
- Você conhece a cidade? - Perguntei-o. - E o que estamos fazendo aqui?
- Digamos que eu gosto de sair andando às vezes. - Ele sorriu. - E você não está doida para brincar nesses brinquedos?
Ele puxou minha mão antes que eu pudesse responder e abriu o portão do parque, fazendo-o ranger sob suas mãos.
- Primeiro – ele se virou para mim, - você tem que escalar isso.
Ele apontou para uma montanha artificial cheia de buracos propositalmente adicionados.
- É uma experiência renovadora – ele afirmou com uma cara engraçada.
- Não – eu disse. - É uma experiência inútil.
- Claro que não! - Ele falou, fingindo estar indignado. - Vai te tirar do sedentarismo.
- Como você sabe que eu sou sedentária?
- Eu não sabia – nós rimos.
- Tudo bem – concordei, - só porque quero provar que posso não ser sedentária.
Apoiei meus pés nos primeiros buracos e comecei a subir. Ele esperou até que eu estivesse na metade do caminho para começar. Eu já estava muito cansada e quis desistir, mas Eduardo riu da minha cara e me senti desafiada a terminar de escalar o brinquedo. Se crianças podiam fazer isso, eu também podia.
Quando cheguei do outro lado, soltei um suspiro de alívio. Eu sabia que estava com a cara toda vermelha e começava a suar. Eduardo chegou logo depois e me levou até uma cama elástica.
- Nós temos que pular! - Surpreendi-me com minhas próprias palavras.
- Sabia que, no fundo, você estava animada. - Ele sorriu satisfeito consigo mesmo. - Liberte a criança que há em você!
Nós começamos a pular juntos e me perguntei como um lugar assim estava simplesmente abandonado numa cidade turística. Era como um livro.
Nós riamos como crianças quando caíamos e pulávamos cada vez mais alto. Seus cabelos castanhos balançavam levemente. Um homem barbudo passou pela rua do parque e nos olhou surpreso. Quase pude ouvir seus pensamentos... esses jovens de hoje em dia estão cada vez mais estranhos.
- Eu não... - pausei devido ao cansaço. – Aguento. Mais. Pular.
- Eu também não – o dono dos olhos dourados disse e nos deitamos.
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Corações Escondidos
RomanceManu tem 18 anos e nunca foi beijada. Mas esse não é seu maior problema. Para ela, todos estão perdidos, porém fingem não estar. Não é verdade? Estampamos sorrisos falsos e compartilhamos momentos inexistentes... como bonecos de plástico. Ela sempr...