Cap. 12 - Drowning... or almost.

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"Quando a morte conta uma história, você tem que parar para ouvi-la."

(A menina que roubava livros)

Não vimos o tempo passar e já era noite quando decidimos interromper nossa maratona de seriados. Bia entrou no quarto, várias vezes, para pegar "coisinhas importantes" e disse que o jantar já havia sido servido. Eduardo sugeriu que comêssemos no quiosque do hotel e eu aceitei.

Embora estivesse um pouco arrependida de não ter aproveitado a praia, passar o dia com ele havia sido muito engraçado. Comemos algumas porcarias, como diria minha mãe, e decidimos ir dormir.

- Até amanhã – falei, já na porta do meu quarto, sem saber se deveria abraçá-lo ou não.

- Até – ele deu um sorriso e saiu.

Ele não me abraçar, beijar ou qualquer outra coisa me fez mais feliz do que eu imaginava. Eu nunca gostei daqueles meninos que ficam aproveitando qualquer oportunidade para se aproximarem. Eu definitivamente não estava apaixonada, mas passava a admirá-lo cada vez mais. 

~~~~♥~~~~

A areia estava quente e o sol fazia minha pele arder. Meus cabelos estavam presos em um coque e eu mordia os lábios constantemente. Minha cabeça doía devido à música alta que balançou meu quarto durante a noite anterior. Eu havia perdido a primeira festa na piscina. Comecei a checar minhas mensagens no celular enquanto o resto das pessoas conversavam sobre alguma coisa qualquer.

Oi filha, cadê você???? Mande notícias! Estou com saudades!

Mamãe.

Filhaaaaa, você não me responde! O que tá acontecendo? Está tudo bem? Comendo direito? Tem algum rapaz bonito por aí?

Mamãe.

Ri das mensagens da minha mãe e decidi respondê-la.

Oi mãe, está tudo bem! Estou comendo direito e está bem legal. Não, não tem nenhum rapaz desse jeito que você está pensando, mas conheci um bem legal. Ele é primo da Paula. Você conhece a Paula, amiga da Laís? Enfim, ele é só meu amigo e mais nada. Beijos.

Manu.

- EMANUELLE – Laís falou – Para com esse sedentarismo e faz alguma coisa, pelo amor? Vamos nadar!

Ela me puxou e eu tive que jogar meu celular desajeitadamente na cadeira enquanto era arrastada. Quase todos os garotos e algumas meninas estavam nadando. Entramos no mar rindo e senti a água gelada envolver minha cintura. As ondas estavam fortes e o céu parecia se unir a elas.

Ficamos nadando por um tempo e eu tomei vários caldos. Percebi que a praia estava se esvaziando e muitos alunos estavam indo embora, mas continuamos na água. As ondas me puxavam e vi que eu estava longe de Laís.

- Manu – ela gritou -, acho melhor você voltar! Está muito longe.

Movi meu corpo tentando voltar, mas não estava conseguindo. Eu já estava cansada de tanto nadar e sequer havia percebido que não dava mais pé há muito tempo.

- Não estou conseguindo – falei e ouvi o desespero na minha voz.

- Volta! - Ela exclamou novamente, agora muito mais preocupada.

- Não dá! - Tentei ir junto com as ondas, mas elas me puxavam mais do que quebravam e eu já estava sem fôlego.

Laís começou a gritar por ajuda, mas não havia quase ninguém na praia. Continuei a nadar com todas as minhas forças. Não vi a minha vida inteira passar pelos meus olhos. Só podia me concentrar em não morrer, em, como Dori sabiamente disse, continuar a nadar.

Corações EscondidosOnde histórias criam vida. Descubra agora