DOIS MESES DEPOIS – 11 de Setembro de 2018, aniversário de 21 anos de Emanuelle
Eu tinha onze anos quando minha irmã nasceu. Eu queria muito muito muito ter uma irmã e a pedi de aniversário para os meus pais, o que os comoveu bastante. Eu achava que sabia como as coisas seriam, como eu cuidaria dela, como a amaria e até mesmo como brigaríamos às vezes. Eu ajudei a escolher seus brinquedos e roupinhas e quis que ela dormisse no mesmo quarto que eu. Eu tinha certeza de que estava preparada. Mas a verdade é que eu não tinha ideia de como era ter uma irmã. Os primeiros meses foram os piores, eu acordava quase todas as noites com o choro e perdi totalmente a atenção dos meus pais. Além disso, tive que parar de ir à natação porque não tínhamos mais dinheiro para pagar o balé e a natação ao mesmo tempo. Ah, com o tempo percebi que eu estava certa sobre as brigas ocasionais. Porém o que eu mais errei foi a parte de amá-la. Eu achava que a amaria como mais uma integrante da família, como minhas primas... mas não foi assim. Eu morreria por aquela coisinha. Descobri que o amor de irmão é muito maior do que eu imaginava.
O que descobri no meu aniversário foi bem parecido com a minha descoberta de criança, concluí ao segurar o buquê de flores azuis e sentir as lágrimas dançarem pelo meu rosto que brilhava de alegria.
20 HORAS ANTES
Estava andando descalça pelo meu quarto quando ouvi o celular tocar. Era Eduardo.
- Por que você está me ligando essa hora? – Perguntei sussurrando. – É meia noite.
- Feliz aniversário, amor.
- Obrigada – sorri, sentindo os elefantes se agitarem na minha barriga.
- O que você está fazendo?
- Andando descalça pelo meu quarto...
- Por quê?
- Eu li uma coisa sobre isso num livro e decidi pesquisar na internet. Acabei descobrindo que há vários benefícios.
- Aposto que está pensando que pode substituir a atividade física!
- Claro que não – sorri, porque ele estava certo. – Mas dá pra ajudar um pouquinho, né? Pesquisa aí pra você ver... é melhor se for na grama, mas em qualquer lugar ajuda.
Deitei na cama e me cobri com o cobertor.
- Não consigo dormir – ele falou. – Me fala alguma coisa interessante.
Pensei por alguns segundos.
- Eu li um livro... o nome é Como dizer adeus em robô. É muito diferente de qualquer coisa que eu já li, eu gostei bastante. Mas, enfim, nele há uma estação de rádio muito legal. As pessoas ligam e usam codinomes para conversar, eles contam coisas aleatórias e dão conselhos uns para os outros. A rádio é transmitida de madrugada e só pessoas estranhas escutam. Eu queria muito que isso existisse de verdade... seria bem legal.
- Você pode me contar coisas estranhas durante a madrugada se quiser.
- Eu vou te mandar pelo whatsapp para caso você esteja dormindo e aí, se você estiver acordado, você me liga.
- Tá bom – quase senti seu sorriso.
- Quando a gente se casar vai ser mais fácil – não pensei muito antes de dizer. Para mim era tão óbvio que teríamos um futuro juntos, mas me arrependi por ser tão precipitada.
- Eu quero me casar com você – sua voz pareceu arrastada, como se ele estivesse engolindo a saliva. – Quero me casar o mais rápido possível. Eu quero passar o dia inteiro com você. Eu quero ouvir você roncar e quero saber todas as suas manias sombrias. Não quero perder mais tempo... Eu quero você.
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Corações Escondidos
RomanceManu tem 18 anos e nunca foi beijada. Mas esse não é seu maior problema. Para ela, todos estão perdidos, porém fingem não estar. Não é verdade? Estampamos sorrisos falsos e compartilhamos momentos inexistentes... como bonecos de plástico. Ela sempr...