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2 de junho de 1987

R.

Mas é claro que eu ficaria preso com Jonathan Byers como meu conselheiro do acampamento. Que piada, e esse grupo era ridículo. Poderia ser o clube dos perdedores. E meu colega de quarto. Eddie Kaspbrak. O maior perdedor e um menino com a mamãe grande. Estou surpreso que sua mãe deixou ele sair de casa. Depois que seu pai morreu, ela o tem em uma coleira.

"Ok, galera, é", Jonathan checou seu relógio de pulso, "dez horas agora mesmo, vocês todos são bem-vindos para sossegarem em suas cabanas, mas nós estaremos nos encontrando de volta no centro para almoçar as doze horas."

Arrastei minha bagagem para a cabine B4, bufando. Sim, alguém me mate, B4. Terei que dividir o quarto com Eddie Kasbrak. Aposto que ele precisa de uma máquina respiratória para dormir. Essa merda me deixará acordado a noite toda.

Joguei minha mochila no chão, examinando o quarto. Não era grande coisa, mas havia, pelo menos, duas camas, o que significava que não teria que dividir com Eddie. Havia duas janelas em cada parede, exceto a da parte de trás, perto das camas. Os pisos eram castanhos e chiavam, e havia cortinas azuis, que pareciam estar empoeiradas e datadas.

Notei um banheiro e levantei minhas mãos acima da minha cabeça, agradecendo a Deus pela privacidade. Entrei, com calma, percebendo que havia apenas um único chuveiro. Não que eu planejasse que nós dois dividíssemos o chuveiro no mesmo tempo, mas mesmo assim.

"Bem, eu estou aqui e o que caralhos dá para fazer?" resmunguei para mim mesmo. Olhei para a cama. Geralmente, eu odeio cochilos ainda que o pensamento não fosse desagradável. Foda-se.

Decidi escolher a cama mais longe do banheiro, desde que Eddie parece precisar mais que eu com todas suas doenças fodidas. Sou tão atencioso.

➳➳➳

"Merda!" Pulei com o barulho, procurando ao redor da cabeceira por meus óculos.

"Merda! Merda! Mer-" Sua voz guinchava e me lembrava um gato sendo pisado. Finalmente peguei meus óculos, e encontrei Eddie que, de repente, pareceu um cervo encontrado pelos faróis. Do outro lado do quarto, ele estava esparramado no chão, cercado de roupas, com uma lâmpada quebrada e sua mala de viagem estava aberta.

Lentamente, saí da cama, sem saber o que dizer pela primeira vez na minha vida. Ele revirou a roupa, suspirando. "O que diabos? Precisa de ajuda?"

Ele olhou, hesitante, mas balançou a cabeça, de qualquer forma. Agachei-me, alcançando uma roupa branca, logo jogando de volta quando percebi o que era.

"Não!" ele gritou em pânico, alcançando todas as suas cuecas e empurrando-as sob suas camisas. Eu tive que rir.

"Eu já vi as roupas intimas de uma garota antes, não se preocupe." Eu ri, de pé na frente dele agora. Por que ele parece assustado com o que eu digo?

Ele estava irritado agora, rangendo os dentes e empurrando bruscamente todas as roupas de volta para a mala de viagem. "Esqueça isso, eu posso fazer isso eu mesmo."

"Ei, perdedor. É brincadeira." Revirei meus olhos.

"Apenas volte a dormir! Eu disse que posso fazer isso sozinho." Virei-me, já irritado com seus gritos finos.

"Perdedor", murmurei.

"Cuzão." Ouvi ele sussurrar de volta.

gay ➳ reddie [portuguese version]Onde histórias criam vida. Descubra agora