Capítulo 2

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Milly;

     Desde pequena escuto mamãe falar "Não deixe para depois o que puder resolver agora" e seguindo o conselho dela, tendo em mãos o endereço, desço do meu carro onde eu consegui vaga, tipo, quase um quilometro atrás por conta de alguma festa que estava rolando por ali e aquela área da Barra nem era centro, ficava mais adentro da reserva florestal, sabia, porque meus pais tinham terreno no local para onde nos trazia quando crianças.

    Ótimas lembranças de mim e meus irmãos invade minha mente na caminhada e quanto mais me aproximava de meu destino, melhor eu podia ouvir o som do que definitivamente era uma festa rolando, daí a multidão de carros pelo trajeto que me obrigara a estacionar longe.

– Oi, sabe dizer onde posso encontrar Enzo? – pergunto a algumas garotas seminuas como a grande maioria das pessoas a beira mar usa ficar.

– O dono da festa – me diz uma das garotas mais perto do trailer e a outra põe um copo de bebida alcoólica na minha mão –, ele desceu para a praia, acho que foi pegar mais cervejas no bar do Mike.

    Eu lembrava-me do Mike, ele tinha um quiosque na beira da praia com a esposa Adélia, agradeci a informação e a bebida e segui para lá, mas mantive o copo na mão até achar um lugar para jogar fora, afinal, não era porque uma grande maioria achava-se no direito de jogar essas coisas em qualquer canto que eu faria o mesmo. Não era algo que condizia com a educação que recebemos de nossos pais.

    A movimentação era grande na praia e eu vejo Adélia, tal como me lembrava dela, servindo algumas mesas mais perto do quiosque e acho que ela me vê também já que vem em minha direção.

– Guria como você cresceu! – ela diz confirmando minha suspeita e alisa meu cabelo. De perto dava para ver os sinais da idade, mas ao seu modo ela sempre fora vaidosa e mantinha os cabelos negros em trança rastafári que sabia ser em boa parte natural – Como você está? O que faz aqui nesse pequeno pedaço de paraíso? Seus pais também vieram? – a avalanche de perguntas era marca registrada da mulher adorável à minha frente, e o mais bacana dela era que não precisava responder todas, ou em mesma ordem, por vezes um 'estou bem' lhe bastava, mas aproveito a deixa para perguntar de Enzo e no instante seguinte ela se vira para o bar a mostrar um cara dançando entre três mulheres sobre a mesa de bilhar.

– Tá de sacanagem – eu deixo escapar sem querer ao reconhecer o deus grego que tinha visto no consultório mais cedo em meio a elas e parecia já ter bebido todas.

– É bom garoto – me diz Adélia – só está estressado e extravasando a sensualidade que Deus lhe deu, que meu Mike não escute. Não se lembra dele?

– Deveria me lembrar – pergunto estacada no mesmo lugar, minha coragem havia escapulido de mim, assim como a mobilidade do meu corpo e Adélia me olha de cima em baixo como se estivesse vendo o ET em pessoa, mas logo em seguida ameniza a expressão assustada e me sorri.

– É. Provavelmente não seja do seu tempo, mas eu podia jurar que vocês se conheciam, cabeça de gente velha essa minha... Enzo venha cá meu filho. – ela o grita e antes de ele se aproximar ela já seguia na direção dele a me apontar e seu marido a chama de trás do balcão.

    Quando Enzo se aproxima de mim, me pareceu estar mais bêbado que um gambá ainda que um gambá lindo de ver e permaneço parada no mesmo lugar a comê-lo com os olhos sem querer. Chegava a ser injustiça que homem assim existisse, ou meus hormônios estavam afetando seriamente a minha visão, me deixando em desagradável estado de lentidão.

– Achei que queria falar comigo. – ele me inquire.

– Bacana a festa. – digo a primeira coisa que consigo pensar.

Aprendizes do Amor - MillyOnde histórias criam vida. Descubra agora