Fatos narrado no livro anterior:

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    Imaginei que isso podia acontecer, mas eu desejava de todo meu coração que meu mais chegado irmão atendesse a droga da ligação.

    Enfim, nem ele tinha mais tempo para mim e não podia culpá-lo de estar seguindo o seu caminho, Noa estava casado agora. Três dos meus irmãos estavam na verdade e eu faria minhas próprias escolhas também, por esse motivo estava aqui.

– Emilly Santos Moreno. – me chama a atendente estilo modelo de voz enjoada sem nem olhar na minha direção – Pode entrar...

    Eu estava tão acostumada a ser tratada com indiferença, que uma branquela a mais e uma a menos não faria diferença em minha vida, mas chegava ser engraçado como as coisas mudavam se eu estivesse acompanhada de um ou mais dos meus irmãos. Aí umas até se fazia de amiga do peito, mas nunca me enganei de que fosse por mim, só queriam me usar para se aproximar da família que me adotou, fosse pelos meus irmãos, ou pelas gordas contas bancárias, ou tudo junto e misturado. Mas meu nome era Milly sem E essa oxigenada de corpo escultural que provavelmente era desprovida de cérebro não passou na minha garganta desde a primeira vez que bati meus olhos nela.

    Talvez por isso tenha colocado minha roupa mais elegante, já que no meu dia a dia preferia um visual mais despojado, jeans e uma ou outra blusa de seda sim, mas em sua maioria eram roupas simples que compunha meu armário. Uma maquiagem leve para a tarde, um perfume que eu adoro e joias que quase nunca uso devido a profissão que escolhi e amava de paixão, completavam meu look quando bati minhas unhas curtas na mesa da exibida, que vendo de cima parecia ser siliconada.

– Milly sem E – aponto minha ficha sobre a mesa deixando que ela visse melhor os três anéis de ouro branco da minha mão direita.

– Tanto faz.

    Ah pra quê! Baixei meu lado Joshua de ser na hora!

– Tanto faz é o caralho. Não sabe atender arrume outro emprego.

    A porta se abre nesse instante, o doutor amigo de meu pai aparece e a branca azeda fica de boca aberta sem nada dizer. Não troque meu nome e nem mexa com minha família e está tudo certo, olho para ela de cima dos meus 1,78 sem salto, desafiando-a a debater o motivo da discussão, mas a infeliz abaixa a cabeça e continua calada e Vasques me conduz para dentro do consultório.

– Soraia te maltratou? – ele me pergunta a fechar a porta.

– Nada que eu já não esteja acostumada, não se preocupe. Sei me defender dessa gente metida a besta.

– Peço-lhe desculpas em nome da clínica, está tão complicado achar alguém competente e infelizmente ela é cunhada da minha ausente sócia...

    Sento-me dando o caso por encerrado. Essa era a minha primeira consulta e não ia deixar que uma Soraia'zinha qualquer, tirasse meu bom humor.

– Então Dr Vasques? Como será o procedimento?

    Ele dá a volta na mesa e senta-se à minha frente.

– Bem... – mexe no meu prontuário médico – Bom, muito bom – diz a folheá-lo de cabo a rabo e me sinto mais segura com sua avaliação da minha saúde.

– Eu só recomendaria que você aguardasse mais um tempo, e o seu pai concorda comigo.

– Não vou esperar mais tempo para iniciar minha própria família, se o senhor não pode me ajudar procuro outra clínica! – oras o que mais tinha por aí eram clínicas especializadas na fertilização in vitro e não ia ser um amigo de papai que ia me impedir de ter meu bebê – eu me levanto e agradeço, por nada – Obrigada pela sua atenção doutor.

– Eu não disse que não faria... – argumenta – Sente-se, por favor. É geniosa como o pai pelo que vejo... – me diz rindo.

    Até minha avaliação psicológica estava no prontuário, saúde boa, condição financeira ótima, não tinha vícios, menstruação regular... O que mais seria preciso?

    A resposta para a minha questão veio numa sessão de nomes de drogas que seriam administradas por determinado período de forma assistida pelo Dr Vasques e iam me deixar preparada para engravidar do meu tão sonhado bebê. Sem pai envolvido!

– Doador negro. – fazia questão que se parecesse mais comigo e eu amava minha cor.

    Tudo anotado e primeiro passo dado, saio da clínica me sentindo mais leve e pronta para ser feliz do jeito que eu queria. Eu teria meu bebê, ou bebês, e teriam a minha cor ou seriam até mais escuros que eu, se fosse mais de um. Não me considerava milionária, mas estava longe de ser pobre e tinha idade suficiente para ser uma boa mãe.

    Essa era a minha história e seria do jeito que eu queria...

*


Carol Sales.

Aprendizes do Amor - MillyOnde histórias criam vida. Descubra agora