Capítulo 5

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 "Quero ficar no teu corpo feito tatuagem, que é pra te dar coragem pra seguir viagem quando a noite vem. E também pra me perpetuar em tua escrava, que você pega, esfrega, nega, mas não lava. Quero brincar no teu corpo feito bailarina, que logo se alucina, salta e te ilumina quando a noite vem. E nos músculos exaustos do teu braço, repousar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço."

Tatuagem – Chico Buarque


Lívia

"Não acredito que eu esteja passando por isso! Além de humilhante, me tira completamente do sério."

Mesmo depois da conversa que tivemos ontem sobre eu ter sentido medo de ele me machucar e ele ter dito que nunca faria isso, ele está me deixando apavorada outra vez. Eu realmente passei o dia inteiro dormindo, pois não consegui dormir à noite lembrando de tudo que fizemos o domingo inteiro.

É claro que eu gostaria de ficar mais tempo com ele e claro que não fiz nada quando voltei para casa, mas como ele não pediu que eu ficasse, eu não quis forçar nada. Quando liguei o telefone, vi as chamadas perdidas, mas achei melhor esperar que ele me ligasse outra vez. Até falei com o Roberto quando ele me ligou para pedir ajuda com a cama que ele comprou para a Ana e ele disse que era melhor mesmo eu esperar que o Cadu ligasse, mas infelizmente quando ele ligou de novo eu estava na sala de aula e o professor estava dando as nossas notas. Eu simplesmente não podia sair àquela hora. Eu liguei para ele antes de ir para o bar com as meninas, mas ele não atendeu e mais uma vez, eu resolvi esperar. Como ele não retornou, decidi passar aqui no apartamento dele e ter mais uma discussão com a Ana só para saber se ele estava bem e é assim que ele me trata.

Quando Carlos Eduardo coloca um monte de coisas assustadoras ao meu lado na cama, que eu nem sei para que elas servem, minha vontade é de sair correndo e nunca mais voltar. Eu nunca tive tanto medo em toda minha vida. Cadu abre o armário e volta com um objeto de madeira nas mãos. Eu tenho a sensação de que ele vai me bater com aquilo e digo:

- Carlos Eduardo, eu...

Ele tapa minha boca suavemente com o objeto e diz:

- Shhh... Você não quer ser punida? Eu vou te mostrar o tipo de punição que você merece por ter ido embora e não ter atendido ao telefone o dia inteiro.

"Ai, meu Deus!"

Ao invés de me bater, ele se senta ao meu lado e pergunta:

- Você sabe o que são essas coisas e o que eu vou fazer com você?

- Não. Mas eu estou com muito...

- Medo. Eu sei – ele me interrompe. – Eu vou te amarrar naquela cruz e colocar essa mordaça em você.

Ele coloca o objeto de madeira sobre a cama e pega algo que parece um cinto com uma bolinha vermelha no meio.

- Isso vai manter a sua boca aberta e você não vai conseguir falar. Depois, eu vou prender esses grampos nos seus mamilos para que você fique bem desconfortável e por fim, eu vou bater em você com essa palmatória.

- Quantas vezes?

"Mas que pergunta é essa, sua idiota?"

- Até a minha raiva passar – ele segura meu queixo com delicadeza e olha em meus olhos. – É isso o que você quer?

- Não.

- Então eu sugiro que você vá embora.

Ele larga meu rosto e se levanta.

- Mas você disse que não gostava de ver suas submissas sofrendo. Por que você está fazendo isso agora?

- Porque você precisa ir embora e eu vou fazer o que for preciso para que isso aconteça.

AvassaladorOnde histórias criam vida. Descubra agora