Avassalador

Capítulo 6

 "Diga que já não me quer! Negue que me pertenceu, que eu mostro a boca molhada e ainda marcada pelo beijo seu."

Negue – Nelson Gonçalves

Lívia

"Essa é a experiência mais incrível da minha vida!"

Carlos Eduardo segura meu rosto e me pergunta:

- Por que você está fazendo isso comigo?

Eu não entendo o que ele quer dizer, mas antes que eu tenha tempo de falar alguma coisa, ele se levanta e entra no banheiro.

Alguns minutos depois ele volta e começa a me desamarrar. Depois de remover a cera, ele passa o óleo em mim outra vez e massageia os pontos que estavam presos antes de perguntar:

- Você está bem?

- Sim, senhor.

Ele olha para mim e diz com a expressão séria:

- Pare de me chamar de senhor.

Ele se levanta outra vez e sai do quarto, mas logo depois volta com uma garrafa de água mineral. Cadu me ajuda a sentar e me dá água na boca.

- Melhor agora?

Eu apenas balanço a cabeça concordando.

Carlos Eduardo me pega no colo, me leva para o banheiro e me coloca na banheira cheia. Ao invés de entrar comigo, ele pega o banco do banheiro e se senta de frente para a banheira.

- Você não vai entrar? – pergunto.

- Não.

Ele lava todo meu corpo com cuidado, depois me enxuga e me leva no colo de volta para cama. Cadu volta para o banheiro sozinho e eu deduzo que ele está tomando banho. Algum tempo depois, ele sai enrolado em uma das minhas toalhas, mas a tira antes de se deitar ao meu lado. Carlos Eduardo vira meu corpo de costas para o dele e me abraça.

- Durma, Lívia. Amanhã tudo vai voltar ao normal.

E, mais uma vez, eu sigo suas ordens.

Acordo bem cedo na manhã seguinte e me sinto exausta. Carlos Eduardo não está ao meu lado e eu me levanto para procurá-lo, mas ele não está em lugar algum.

"Já deve ter ido trabalhar."

Volto para cama e acordo outra vez horas depois com a Ana me ligando para saber como eu estou. Eu pergunto pelo Cadu e ela diz que ele está na empresa. Nós combinamos de conversar na faculdade, pois hoje é nosso primeiro dia de aula depois do recesso.

Passo o dia inteiro sentada na cama literalmente olhando para o nada e pensando no que aconteceu ontem. Sentir aquela cera quente no meu corpo foi a dor mais prazerosa que já senti, mas o que não sai da minha cabeça é o fato de ele não ter tomado banho comigo e ter dito que hoje tudo voltaria ao normal. Eu até ligo para ele várias vezes durante o dia para perguntar o que isso significa, mas ele não me atende nenhuma delas.

Quando dá o horário de eu ir para faculdade, vou tomar banho e vejo que meus tornozelos estão levemente arroxeados.

"Só pode ter sido por eu ter ficado amarrada."

Isso não me preocupa nem um pouco. Antes de sair de casa, ligo o computador para pesquisar o que passar e vejo que já tem uma pesquisa lá com o nome de uma pomada para manchas roxas.

"Só pode ter sido o Cadu..."

Anoto o nome e no caminho para a faculdade, peço ao João para parar em uma farmácia e compro a pomada. Continuo tentando ligar para o Cadu e ele continua sem me atender.