Capítulo 6

2.3K 306 13
                                    

Promessas... promessas que eu não poderia cumprir. Minha mente dava voltas enquanto eu tentava pensar em alguma surpresa para Shelby, já que apresenta-la ao pai era uma ideia agora refutada. Ele e Irene... noivos. Eu inspirei e no momento em que soltei minha respiração, joguei fora toda minha raiva e também minha covardia. Alan nunca foi uma pessoa ruim. Ele não destrataria a própria filha. E se Irene se intrometesse nesse assunto que não lhe dizia respeito, eu procuraria por Molly. Essa eu tenho a certeza de que colocaria Irene em seu devido lugar. Mas minha filha não poderia mais ser privada da presença do pai.

Porém, sabia que voltar ao hospital seria má ideia. Agora eu percebia que Irene não era quem eu pensava ser, portanto não poderia me arriscar. Eu ainda estava perdida em meus pensamentos quando ouvi a voz atrás de mim.

–Moça?

Passei a mão no rosto e continuei parada, pensando no que fazer.

–Ei...

Senti puxando meu braço e me virei, encontrando a atendente loira do hospital.

–Oi.

–Desculpe-me... não pude evitar ouvir a conversa lá no hospital.

–Tudo bem. Quer falar comigo?

Ela olhou para os lados e depois forçou um papel em minha mão.

–Pelo amor de Deus, não diga que eu fiz isso.

Eu abri o papel, sem entender o que aquilo significava.

–Mas...

–Esse é o endereço do doutor Mitchell.

–Obrigada...hum...

–Beth.

–Sim, Beth. Mas... acho que agora não será mais necessário. Mesmo assim, obrigada por...

Eu falei meio sem jeito, embora vibrasse por dentro. Eu tinha o endereço, mas precisava saber se por acaso Irene não morava com ele. Era assim que os casais atuais faziam, não é? Porém a moça me interrompeu.

–Ela mentiu.

–O que?

–Irene. Ela mentiu. Ela não tem nada com o Alan. Nunca teve.

Eu senti o ar sair de meus pulmões com força. A troco do que ela mentiria? Beth deu um sorriso cínico.

–Ela até tenta, mas...

–Está falando sério?

–Sim. Mas como disse, não diga que lhe forneci o endereço.

Eu a peguei de surpresa ao abraçá-la fortemente.

–Jamais direi. Muito obrigada por isso. Tenha um feliz Natal.

–Obrigada. E tenha sorte, seja lá o que pretenda com isso. Mas percebo que é boa pessoa.

Eu me despedi de Beth, com o coração vibrando. Eu já nem conseguia decifrar, se era por saber que ele e Irene não estavam juntos, ou se era por finalmente ter conseguido seu endereço.

Não perdi tempo e sai dali com o endereço em mãos. Não sabia exatamente onde ficava, então perguntei para algumas pessoas como fazer para chegar até lá. Descobri que não ficava muito longe dali. Meia hora a pé e eu estaria no endereço de Alan. Preferi economizar e não gastar meu dinheiro com táxi.

Enquanto caminhava, eu apreciava a paisagem. Casas e lojas decoradas para o Natal, pessoas andando apressadas com sacolas e todas muito sorridentes. Eu me permiti sorrir também. Esse seria o melhor Natal da vida de Shelby. Sei que provavelmente a fúria de Alan seria direcionada a mim por ter escondido a filha por tantos anos.

Milagre de Natal - contoOnde histórias criam vida. Descubra agora