A cena poderia até ser cômica. Parecíamos duas crianças birrentas brigando por causa de um brinquedo. Mas eu fiquei firme, controlando minha vontade de rir. Eu estava de pé, na sala da casa de Molly, com os braços cruzados em frente ao peito, numa posição que ela costumava chamar de leão de chácara. Ela, irritada, estava com as mãos na cintura, batendo irritantemente o pé no chão. Lucky, sentado no sofá, estava claramente se divertindo com nosso embate silencioso.
–Você não vai e ponto final.
–Deixe de ser insuportável, Molly. Eu lhe farei companhia.
–Se eu soubesse que tiraria essa semana de folga para ficar me atormentando... Por que não volta para o trabalho? Você gosta tanto.
Eu dei de ombros, dando meu melhor sorriso.
–Irene praticamente me expulsou daquele hospital. Fui obrigado a tirar essas folgas.
–E aliás, eu me pergunto o que deu naquela vadia loira. Sempre fez questão de ter você sob a mira dela.
Ignorei e comecei a juntar os vários embrulhos de presente espalhados pela sala. Molly avançou e arrancou-os da minha mão.
–Mas que inferno, Molly. Que mal há?
–Alan, nenhum padrinho foi pessoalmente levar os presentes. Isso não é usual.
–Foda-se. Eu quero levar. Eu quero... ver a garotinha.
Molly suspirou, derrotada e se sentou. Ha três dias estávamos tendo essa discussão, e sinceramente, eu estava quase desistindo. Ela não se deixaria levar pela minha insistência. Mas desde que peguei aquela carta, eu não parava de pensar na menina. Ha quatro dias compramos os presentes e desde então eu vinha atormentando minha irmã ainda mais.
–Você está se envolvendo demais, Alan. Isso não é legal. Nem pra você, nem pra garota.
–Ela nem precisa saber que sou eu. Eu digo que sou um ajudante do papai Noel. Aposto que é isso que você diz.
Ela bufou novamente e eu ri, percebendo que acertei em minha suposição.
–Vamos la, amor, não seja cruel. Onde está seu espírito de Natal? Deixe o Alan ir com você.
Molly o olhou com raiva, mas já sabendo que era voto vencido.
Meia hora depois, nós três colocávamos o restante dos embrulhos no banco de trás do carro. Eu estava ansioso... muito ansioso, na verdade. Mal consegui dormir esses dias, sempre tentando imaginar como seria a garotinha por trás daquela carta. E não era só isso. Outra coisa vinha me tirando o sono. Aliás, sempre me tirou o sono: Megan.
Eu não consegui falar com o Damien desde então, mas Molly já tinha contratado outro detetive para descobrir o paradeiro dela. Resolvi não irritar minha irmã novamente com perguntas. E para ser sincero, eu até começava a pensar em Damien de uma forma diferente. Eu só não entendia o que ele ganharia me escondendo as coisas. E também não queria pensar nisso agora. Eu só conseguia pensar no meu breve encontro com Megan e na possibilidade de vê-la novamente.
–Vamos lá, traste. E vê se não da bandeira na frente da menina.
Feito criança, eu me sentei no banco do carona, colocando o cinto e ligando o som. Imaginei que talvez Molly não quisesse conversar, mas ela o fato de desligar o som, demonstrou o contrário.
–Alan, o que você pensa em dizer a Megan quando se encontrarem novamente?
–Dizer que a amo.
–Só?
–Claro que não. Eu pedirei perdão e... sei la... não tenho um roteiro. Eu tremo só de pensar em vê-la novamente.
–Pelo amor de Deus, não vá meter os pés pelas mãos.Deixe-a falar primeiro, se preciso.
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Milagre de Natal - conto
Genç Kız EdebiyatıHa seis anos eu fui traído pela mulher que mais amei na vida. Ou pensei que tivesse sido. Eu pedi para que saísse de minha vida, em vez de escorraçá-la como deveria. Meu amor não permitia isso. Com o tempo, a saudade e meu amor intenso fizeram com q...