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Faltava pouco tempo para a morte de Kal e Aiyra, mas pela audácia do povo da tribo Atiaîa eu já previa que não ficaria por isso mesmo.

Kal pediu para a doce Aiyra o talismã do seu povo e como uma brava donzela ela foi, e voltou com o talismã da Lua nas mãos.

-Você conseguiu.

Kal a abraça sorridente.

-Fiz isso por Eliú, meu filho. Espero que seja lá o que for que você estiver planejando surja efeito positivo para ele.

Ela responde com o olhar distante e vazio.

-Não, se arrependerá minha querida.

Ele responde mostrando-lhe o talismã do seu povo. O talismã do Sol.

É.. isso mesmo que você leu.. os Magena são o povo da Lua, e os
Atiaîa o povo do Sol.
E como pode perceber, eles não têm nenhuma afeição um pelo outro. Tirando Kal e Aiyra é claro.

-Senhora Ayla?

Kal grita por mim entrando de mãos dadas com a amada pela minha caverna.

Eu já os esperava por isso me virei sorrindo para eles.

-Se soubesse que demorariam tanto teria feito um banquete para vossa última refeição.

Digo revirando os olhos, e eles me observam sem reação.

-Foi uma piada...

Informo-lhes.

-Claro..

Kal entende e solta gargalhadas sem graça.

Pobres mortais que não entendem o poder de uma bela piada. Mesmo que seja ela às beiras da morte.

-Com que então precisam da ajuda de uma solitária como eu...

Digo sorrindo e me sentando em um canto de minha aconchegante caverna.

-Precisamos sim..

Kal se abaixa e segura em uma de minhas mãos.

-É o futuro dos nossos povos que está em jogo.

Ele concluiu.

-Desde que seja para pararem de me incomodar com reclamações uns dos outros, por mim tudo bem.

Digo esperançosa.

-Ótimo, então preciso que faça um juramento de sangue entre mim e Aiyra.

-Para que?

Pergunta a amável amedrontada.

-Sempre ouvi uma história de meus antepassados de que a única forma de quebrar uma guerra definitivamente é fazer com que uma revolução bem preparada futura aconteça, e bom... Eu e você já não estaremos aqui, então temos que nos assegurar de que será cumprido a missão de libertar os nossos povos do ódio entre eles. Para isso teremos de selar o nosso compromisso para que os talismãs sejam entregues as escolhidas que farão isso por nós.

-Faz sentido.

Ela consente.

-E como tem tanta certeza de que serão duas meninas? Fala delas com tanta firmeza.

-Eu não sei bem como explicar como sei disso mas tenho a certeza de que serão mulheres.

Kal explica um pouco confuso.

-E será que essas tais "escolhidas", serão capazes de fazê-lo?

-Tanto uma como a outra serão sangue de nosso sangue minha amada. Com certeza terão a bravura de que precisam.

TalismanOnde histórias criam vida. Descubra agora