Amitiè En Arc-en-ciel

Let's Go

        Sugestão de Música :  Beitute – Elephant Gun

Lizz Pov's

   Eu observo através da janela do táxi o movimento da estrada enquanto,  ao meu lado,  Álvaro folheia animado um livro de francês.
– Ain...  Nem acredito amiga.  Em fim vamos viajar. 
   Observo sua expressão animada e sei que ele espera que eu retribua com euforia,  mas tudo o que faço e sorrir timidamente e voltar minha atenção ao asfalto que passa rápido do lado de fora do veículo.
   Escuto um tímido ,e aparentemente contido suspiro.
  Sei que meu amigo está preocupado comigo,  afinal,  desde o fim de meu relacionamento com Adriel minha animação não tem sido mais a mesma.

    Álvaro tentou me animar alguns dias antes da viajem quando,  no meio da noite o chamei à minha casa para desabafar em seu colo.
Rio ao lembrar-me bem de sua expressão quando ousei cogitar a ideia de não viajar para a Europa.
– Você só pode estar de brincadeira Lizz. Estamos planejando essa viajem desde o ano passado e agora você dá pra trás só por que aquele trouxa te magoou?
– Não é só isso amigo. Eu também não sei se seria uma boa ideia eu ir...  Eu nem falo francês...
Lembro–me dele arregalando os olhos em espanto ao ouvir minha desculpa esfarrapada.
– Você tá de graça né.  Você fala inglês merda.  Isso é só uma justificativa idiota para poder passar as férias no seu quarto chorando por aquele imbecil.
  Me rendi...  Afinal,  querendo eu aceitar ou não meu amigo tinha razão...
Ele me abraça enquanto tento me focar em algum ponto qualquer de meu quarto para evitar que as inconvenientes lágrimas rolassem por minhas bochechas.
– Vai ser divertido miga.  Quem sabe você até acha algum francês bem gato sabe...
Ele sorri malicioso enquanto me levanto e vou começar à arrumar minhas malas.
  Observo um sorriso triunfante tomar conta de seu rosto enquanto, descaradamente,  pega uma de minhas calcinhas e a coloca na cabeça.  Idiota...

   Me viro e o observo enquanto lê o livro que comprou,  segundo ele para garantir que não passaria nenhum vexame falando francês.
  Rio enquanto o observo.  Meu amigo é até bonito tendo em sua composição cabelos castanhos que caem em uma franja sobre olhos da mesma cor porém mais claros,  uma pele com algumas espinhas dispersas,  sobrancelhas perfeitamente feitas e um sorriso fofo. Um típico joven bonito e...  Gay
Ele arqueia uma das sobrancelhas e, sem tirar os olhos dos livros diz :
– Olha...  Sei que sou lindo,  mais não perca tempo me secando. Já te disse que não sou lésbica.
  Eu rio enquanto dou-lhe um tapa no ombro.
   Álvaro tem sido uma das melhores pessoas que pude conhecer nos últimos tempos. É alguém com quem posso compartilhar segredos e desabafar quando me sinto sufocada. 
   Cerca de vinte minutos depois,  já na frente do aeroporto,  observo curiosa meu amigo tentar falidamente tirar do porta-malas do veículo três malas enormes. Ele puxa com força uma mala azul de rodinhas enquanto,  histérico,  grita algum coisa sem sentido como "Pelo amor do Unicórnio"  Ou "Ai meu Cú fluorescente". Tudo o que faço é rir, gravar a cena e postar em meu status um curto vídeo com a legenda  " Paris,  aqui vamos nós ".
    

   Álvaro Pov's
 
     Eu estava à mil em animação.
     Já faziam mais de cinco anos desde que eu havia estado em solo europeu,  e era nostálgico pensar em voltar à Paris. 
    Eu compreendia que Lizz estava triste pelo fato de ter terminado um relacionamento, mas não aceitava que ela desistisse de uma viajem para a qual já havíamos investido muito tempo e dinheiro. Embora uma das pessoas do grupo estivesse na "bad",  nós estávamos todos com a animação à mil.
   O mais engraçado era o fato de que eu, Thay e Dique quase surtamos tentando a todo custo convencer Alyne à ir na viajem,  que,  tendo agora iniciado um namoro,  não queria deixar seu "príncipe encantado" sozinho no Brasil.  A nossa sorte foi que,  após quase amarrar seu namorado e colocá-lo na mala,  Alyne conseguiu que seu namorado nos acompanhasse na viajem.
      Já dentro do aeroporto,  eu e Lizz caminhamos alguns metros até uma cabeleira escura me chamar a atenção.
     – Heey,  aqui gente. – Era Thay vindo em nossa direção acenando freneticamente com os braços – Hello amores.
  Nos cumprimentamos com abraços e beijinho nas bochechas quando a baixinha desandou a falar:
    – Graças a Deus vocês chegaram.  Eu não estava mais  aguentando a Alyne,  tanto que saí de onde estava pra ver se voces ja haviam chegado.
   – Nossa – Digo rindo – O que a Branquelah fez dessa vez?
   – Ain...  Ela cismou que a moça do guichê é um travesti e que a está encarando desde que chegamos aqui.  – Lizz e eu não aguentamos sua expressão de espanto e desandamos à rir – Sério gente,  ela até perguntou pra um senhorzinho que estava do nosso lado no banco se havia alguma coisa na cara dela.  – Dessa vez a própria Taynara não aguentou e caiu na risada enquanto caminhávamos de volta para os bancos de espera.
    – E o Dique já chegou? – Dessa vez foi Lizz quem perguntou.
    – Ainda não – Disse Thay retirando os óculos escuros do cabelo e os colocando no decote de sua blusa – Na verdade ele me ligou agora pouco dizendo que teve alguns problemas no trabalho e que só irá embarcar amanhã – a baixinha suspira pesadamente mudando sua expressão para uma pensativa e extremamente engraçada – Ele é essa vida de DragQueen.
     Novamente caímos na rizada, e,  já quase chegando na área de espera posso avistar uma pessoinha loira que meche nervosa em sua bolsa acompanhada de um rapaz que aparenta tédio.
      – Ai meu Deus...  Cadê meus óculos – Podemos  escutá-la  dizendo enquanto nos aproximamos do Banco e nos sentamos – Ai.  Eu sabia que não devia ter parado pra prestar atenção naquela travesti ridícula – Sim.  A moça está do nosso lado e pode escuta-la – Agora perdi meus óculos.
    O fato ilariante em toda a situação era que os óculos estavam sobre sua cabeleira loira e seu namorado tentava lhe dizer mas,  como sempre um docinho,  Alyne lhe dizia que falasse menos e procurasse mais.

  

    Por culpa de um atraso de meia hora,  tivemos tempo para repassarmos nossos planos de passeios e programas que faríamos em Paris.  Alyne,  eufórica – E já com seus óculos sobre os olhos,  mas ainda assim olhando para a atendente de soslaio – não parava de dizer o quanto queria poder ir com Thay nas lojas de Louis Vuitton,  já eu queria muito visitar a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo onde com certeza eu teria ótimas fotos.
       O que me preocupava mais era o fato de que Lizz parecia perdida em meio à nossa euforia,  olhando o tempo todo para a área de embarque mas com o olhar vazio.
      Me aproximei dela no banco,  e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa,  uma voz ecoou pelo aeroporto.

    "Proximo vôo com destino à Paris na plataforma 7. Embarque imediato. "

   Me virei em direção à Lizz mas ela já havia levantado e se dirigia em direção à plataforma de embarque acompanhada do namorado de Alyne e pareciam conversar.
   Alyne e Thay se aproximaram de mim e cada uma passou um dos braços em meu ombro,  e com um sorriso impecável no rosto,  a baixinha da cabeleira escura se pronunciou :
      – Pois é amores...  Agora é pra valer.  Let's go.

   Afastei de minha mente os pensamentos tristes e,  com entusiasmo me dirigi à plataforma de embarque junto de minha amigas.