Sugestão de música : Avril Lavigne feat Chad Kroeger - Let me Go
Thay POV'S
Abro meus olhos.
Meu notebook continua sobre meu colo e através da janela posso ver que o dia já raiou e a luz do sol atravessa as nuvens cheia de graça e glória.
Na noite passada após o embarque, decidi assistir um filme qualquer pra poder me distrair até chegarmos à São Paulo para nossa conexão e me preparar para o tédio que se seguiria, afinal, após o nosso próximo embarque seriam mais de 18. horas de viajem e paciência era algo que me estava em falta.
Depois de assistir cerca de metade do filme devo ter cochilado pois, assim que abri os olhos já estavamos sendo avisados que a aeronave aterrissaria em São Paulo, eu me levanto e me direciono ao banheiro feminino, arrependendo-me amargamente por ter bebido uma garrafinha inteira de refrigerante enquanto assistia.Bato na porta e escuto um "Tá Ocupado" vindo de uma voz feminina qualquer abrindo meus olhos e me fazendo sentir o quanto realmente estava apertada para fazer xixi.
Encosto-me na parede com as pernas cruzadas, caminho de um lado à outro volto à bater na porta. Eu já tremia e chacoalhava as mãos, rangendo os dentes, inquieta e desesperada chamo outra vez :
- Com licença... Vai demorar muito?!
Mordo o lábio inferior, enquanto ouço uma voz nervosa do outro lado, abrindo a porta :
- Calma aê... Já vou saír mocinha.
Era uma mulher de meia idade, cabelos curtos e castanhos com leves rugas salientes no rosto no melhor estilo sapatão de ser. Seu olhar e sorriso maliciosos me percorreram de cima à baixo, enquanto caminhava em direção ao assentos e me dava uma rápida olhadela antes de se sentar.
" Okay... Isso foi estranho", penso comigo mesma enquanto entro no banheiro.
Não me demoro muito dentro da cabine e logo que saio, tenho a impressão de que meus shorts subiram demais por minhas pernas, focada em puxa-los para baixo, fixo meus olhos em minhas coxas e não olho para a frente tedo assim a "sorte" de esbarrar em algo e cair no chão, batendo minha bunda no carpete duro e frio.Com as nádegas doendo e pronta pra praguejar, me levanto e fixo meus olhos na coisa que me derrubou e quase grito quando aqueles intensos olhos castanhos já íntimos dos meus me olham com curiosidade.
- F-fabricio? O que você está fazendo aqui ? - digo no meu melhor tom de grosseria sem poupar- lhe de meu olhar de desdém enquanto o observo levantar os lábios em seu atrevido e destrutivamente lindo sorriso irônico - Não vai me responder merda?
- Quem diria que eu pegaria o mesmo vôo que você Thay. Não esperava lhe encontrar aqui...
- Não mude de assunto seu imbecil - O corto sem o mínimo de educação - Você não respondeu minha pergunta. O que esta fazendo indo pra Paris?
Ele sorri, e com as sobrancelhas arqueadas e as mãos em sinal de rendição, me diz com um suspiro.
- Okay.. Calma... Estou indo pra Paris à trabalho. Fui mandado pela empresa por que era o único com fluência total em inglês.
- Só pode ser brincadeira... Tinha que ser no mesmo vôo que eu?- Calma baixinha... Eu não tinha como saber que você também estava viajando pra França. Não nos falamos desde aquele dia na fazenda, quando nós dois...
Seus lábios se torcem em um sorriso cheio de malícia, e só pelo tom de sua voz, automaticamente eu já sabia do que falava. Tenho certeza de que meu rosto se tornou um verdadeiro tomate, e antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, decido encerrar a conversa.
- Olha Fabrício... Aquilo foi um erro. Esquece tudo isso okay, não existe absolutamente mais nada entre nós. Vou voltar ao meu assento agora. Boa viagem pra você.
Sinto que talvez tenha pego pesado demais no tom de minha voz pois no instante em que sai de perto dos banheiros, pude escutar um suspiro pesado, mas quando me virei na intenção de me desculpar, ele já havia entrado na cabine.Lizz POV'S
Após uma demorada e tediosa conexão, cá estou eu novamente dentro desse objeto de metal gigantesco e voador.
Álvaro está na poltrona ao meu lado, Alyne está sentada junto
de seu namorado nas poltronas atrás de nós e Thay está próxima ao banheiro, já faz mais de oito horas desde que embarcados em São Paulo, período de tempo que gastei lendo e vez ou outra colocando meus fones de ouvido e me mantendo reclusa em meu mundinho particular, temos mais de dez horas de viajem pela frente e não posso evitar gastar tamanho tempo recordando-me de meus problemas.
Meu coração pulsa forte ao me lembrar das palavras de amor ditas por ele, e se estilhaça ao lembrar do quão o sentimento que eu sentia não era recíproco.Coloco meus fones de ouvido, de onde o som de War Of Hearts, da Ruelle, emana e acalenta a tristeza dentro de mim.
As palavras que meu amigo me disse em minha casa martelam em minha cabeça e me fazem pensar no quão fui estúpida investindo em um sentimento que desde o começo se mostrou tolo e fraco.
Não resisto, e sem permissão uma lágrima atrevida rola por minha bochecha.
Encosto minha cabeça no vídro da janela, de relance percebo que meu amigo tenta disfarçar seu olhar preocupado por detrás das páginas do seu livro de francês, um olhar cheio de preocupação e pena.
Eu não suporto... Me levanto e caminho apressada até o banheiro, agradecendo por estarmos na metade da noite e a maior parte dos passageiros estar dormindo não podendo ver minha crise emocional.
Me fecho dentro da cabine e tento desesperada amenizar a vermelhidão de meus olhos com um bocado de água fria enquanto me observo no espelho e percebo em fim o estado em que estou.Olheiras profundas misturadas à unhas roídas e cabelos descuidados compunham minha face, enquanto um corpo esguio e branco aproximava-se lentamente da magreza bucólica.
- Meu Deus... O que aconteceu comigo...
- Lizz... Lizz...
Assusta-me ao perceber que alguém bate à porta, e pela voz e o já comum tom de preocupação sei automaticamente que se trata de meu amigo.
- Calma aê. Já vou...
Respondo calma, enquanto suspiro pesadamente e vou ajeitando meu cabelo prendendo-o em um coque mal feito enquanto observo lentamente a vermelhidão sumir de meus olhos.
- Já chega Elisamara. Você não vai dar esse gosto à ele.
Sussurro pra mim mesma enquanto caminho em direção à porta da cabine onde, do outro lado, o olhar preocupado e carinhoso de meu amigo me espera.
- Você tá bem miga?
- To sim... Só vim lavar meu rosto...
Um típico olhar irônico - e irritante - surge em seu rosto, como se com a boca rija e a sobrancelha arqueada ele pudesse dizer " A tá... Acredito... "
- O que foi Álvaro?
- Lizz... Não de esse prazer à ele. Você é melhor que isso e...
Não aguento mais ouvir tais palavras, com uma mão tapo a boca de meu amigo e com a outra o puxo para um abraço.
- Relaxa ta. Decidi esquece-lo de vez. Não vou mais me rebaixar.
Se soltando do abraço e com um sorriso gritante no rosto, meu amigo começa a mecher as mãos frenético e dizer em voz alta :
- Ai meu Deeeeeus!!! Que maraaaa!!! Eu sabia que ia esquecer aquele filho da...
Pulando e batendo palminhas meu amigo começa à fazer um barulho alto e, decorrente disso percebo um movimento nas poltronas e logo me dou conta de que o ataque de felicidade de meu amigo começou a acordar - e irritar - os outros passageiros.
- Álvaro, Sossega... Você tá fazendo os outros acordarem. Daqui à pouco a aero...Impedindo-os de terminar a frase, a aeromoça - por conhecidencia a mesma moça que estava no guichê, e que outrora fora chamada de travesti por minha amiga - aparece em nossa frente com uma cara de poucos amigos e dizendo :
- Com licença, mas se já utilizou dos banheiros eu gostaria de pedir que se sente. O barulho e a movimentação da senhorita esta causando um grande transtorno entre os passageiros.
Tenho certeza de que meu rosto corou na mesma hora, totalmente envergonhada digo :
- Oh claro... Desculpa. Nós já estávamos indo...
Olho para o lado e não vejo meu amigo ao meu lado, me dou conta então que o filho da mãe saiu de fininho enquanto a aeromoça me dava um sermão e se sentou novamente.
Com um risinho sacana ele dá de ombros em minha direção e movimenta os lábios em um legível "Se vira".À distância eu o fuzilo com o olhar, e sinto uma imensa vontade de esgana-lo até que todo o seu arco-íris interior saia por sua boca.
- Com licença... A senhorita está com algum problema?
Olho novamente na direção da aeromoça e me lembro de que ela ainda estava ali, me bombardeando com seu olhar.
- Oh não... - Respondo encabulada - esta tudo bem. Já estou voltando para minha poltrona. Desculpa mesmo.
Caminho de volta para minha poltrona onde, ao lado, meu amigo parece interessado em assistir algo em seu tablet. Me sento novamente e irritada puxo seus fones de ouvido, ele apenas me olha nos olhos e com um sorriso obviamente relutante brotando nos lábios ele diz :
- Achou o banheiro miga?
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Amitiè En Arc-en-ciel
General Fiction- Qual seria o resultado de cinco amigos, loucos e cheios de irreverência, em uma viajem para a Europa? Catástrofes talvez... ? Se auto-descobrir... ? Se apaixonar... ? Independente de qualquer coisa que possa acontecer, essas cinco pessoinha...