Fragmentos

Deixa ele

Não dói tanto, já passou, já superei, não esqueci, mas aprendi a lidar e aceitar tudo o que aconteceu. Não dói mas por isso.
Mas eu não consigo ficar bem, não consigo seguir em frente, não consigo arranjar outro, esquecer e aceitar ele como está. Não consigo = não quero.
Eu sou assim, altruísta nata, desde pequena. Não conseguia ignorar as pessoas que pediam dinheiro na rua, os problemas ambientais, o meu colega que sofre e chora e o cachorrinho passando fome, mas isso não significa que eu faço algo sobre isso.
No caso dele, eu tentei, juro que tentei. Eu sabia que existia algo que fazia com que ele pensasse daquela forma e eu queria desconstruir aquilo. Aquela idéia de que eu sou só mais uma, aquela idéia babaca.
Eu admito, pros tempos de hoje, sou burra. Eu quero alguém que me ame de verdade e não uma idéia minha e eu tentei fazer isso o máximo possível, com ele. Tentei descobrir quem ele é de verdade e me concentrar nisso, e ele deixou, por um tempo.
Até hoje, meses depois do término, não esqueci, não ignoro e não compreendo ele, como assim a gente terminou pq eu choro? Como assim a gente terminou por uma característica minha, íntima, profunda e que faz parte de mim? Ser sensível, ter ataques, chorar e não saber explicar o porquê com palavras, ser eu mesma? Meus pequenos grandes defeitos.
Eu sei que machuquei ele, que contribui para a atual babaquice. Eu sei, e eu sinto muito, eu não sabia expressar meu amor direito, além disso, nem me amava tanto assim!
A dor que sinto não é uma dor emocional, uma dor egoísta. É uma dor tão íntima que é difícil de explicar. Como não sentir dor vendo alguém que você ama não se amar?
Sim, eu o amo.
Ainda, e, se depender de mim, até que ele assuma esse papel.
Algumas pessoas disseram que foi apenas uma paixão, passageira. E foi, não vou mentir, mas a paixão não veio sozinha. Eu cultivei meu amor também, reguei minha plantinha com minhas lágrimas, plantei em alguns sonhos e metas, soprei um pouco de juventude e deixei que vivesse o máximo possível, sempre a admirando e colocando um pedacinho de mim nela, com janela da minha alma sempre aberta.
Eu confiei, eu tentei, eu lutei por isso, chorei, me arrependi, pedi desculpas pelos meus erros. Mas não foi o suficiente. Talvez, se tivesse direcionado tudo isso à mim primeiro, nada disso teria acontecido. Não teria pedido desculpas. Apenas teria virado as costas, e deixado que descobrisse por si só, o que vale mais a pena: "a garota mais bonita e interessante do momento", ou a garota que estava sempre ali, que também é linda, incrível e que sempre, sempre vai te amar.
É, talvez seria melhor eu deixar ele escolher.
Afinal,
As pessoas precisam se perder um pouco para se acharem.