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Hayato mais uma vez se levantava da cama com um suspiro profundo caminhando em direção ao banheiro. Mais um dia teria que arrumar a confusão que humanos irresponsáveis insistiam em fazer. O homem dos cabelos pretos era uma velha Kitsune enviada pela Deusa Inari para cuidar dos espíritos perambulantes da terra, por muitos anos passou muito tempo escondido apenas trabalhando com os espíritos, após esse período acabou se rendendo aos encantos da vida humana, ainda mais quando conheceu uma raposa como ele que compartilhava da mesma vontade de viver, ela havia morrido faziam anos e depois disso o homem passava seu tempo no campo espiritual procurando por ela, mas nunca a encontrou. Segundo o porta voz, ela já havia reencarnado para viver uma vida boa e sem problemas, pois seu propósito já havia sido cumprido no tempo em que foi uma kitsune vermelha, cuidava dos portais espirituais e aprendia sobre como aquele campo funcionava, evitou catástrofes daquele plano no mundo humano. Antes de falecer, a única coisa que deixou para ele foi uma flor azul que ela amava a história.

— Sabe a história dessa flor? — perguntou a menor enquanto estava no sofá ajeitando os cabelos dele.

— Não Me Esqueças?

— É minha flor preferida. — Mostrou a pequena planta em sua mão. — Pra você nunca esquecer de mim.

Aquela flor agora estava eternizada na resina pois Hayato não queria deixar a memória dela morrer. Desceu as escadas de casa após tomar seu banho, vestindo o paletó preto enquanto ajeitava seus fios. Se olhou no espelho enquanto suspirava mais uma vez, os cabelos sempre estavam perfeitamente penteados e mesmo tendo mil não havia se quer um sinal de velhice em sua pele, era incrível como o tempo não afetava a mudança em sua vida. Entrou no carro indo para o escritório de advocacia para resolver alguns casos que estavam pendentes, sua secretária o acompanhava com um sorriso lhe dizendo o que teria que fazer naquele dia, mas sua cabeça estava longe demais para prestar atenção quando percebeu que dia era aquele. Faziam vinte e três anos que já não tinha se quer um sinal dela, não sentia mais seu cheiro em suas roupas e em sua roupa de cama, não se ouvia mais sua risada pela casa, suas ideias para sua marca. Se perguntava por quanto tempo mais teria que esperar para poder a ver, será que aquele maldito sino que disseram que tocaria quando a visse tocaria? Saiu com tantas mulheres por tantas noites mas nada, nada daquele barulho, nada do cheiro.

— Excelência?

— Ah, me perdoe, Boram. — Suspirou passando a mão nos olhos. — Antes de começar a trabalhar, eu irei comprar um café, tudo bem?

— Posso buscar para o senhor.

— Não precisa, eu irei.

Disse voltando para a entrada respirando fundo novamente ao mesmo tempo que atravessava a rua. O café era muito bem frequentado e seu amigo ia para lá antes de qualquer plantão, então se sentia melhor em entrar e conversar um pouco. Assim que entrou o amigo o olhou e riu ao ver sua cara derrotada ao vê-lo com sua filha. O médico estava olhando a pequena brincando com as outras crianças no playground da cafeteria enquanto tomava um capuccino gelado.

— Oh, sua cara não está das melhores hoje. — Disse o homem rindo. — Eu sei que é aquele dia, senta aí.

— E você ainda tira uma da minha cara. — Se sentou olhando a garçonete. — O de sempre, por favor.

— Hay, ela não vai voltar. Até hoje você não ouviu esse sino.

— Eu sei, mas... Eu não consigo não ter esperança. Eu vejo ela nos meus sonhos toda noite e a única coisa que eu quero é ela de volta. — Retirou o paletó.

— Minha mãe se foi, Hay. — Ainda tinha dor na voz do médico. — Ela escolheu isso.

— Inari me disse que ela voltaria.

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