cinco.

18 0 0
                                    

Após o velório da esposa, as Kitsunes prenderam Hayato no interior da árvore oca nas montanhas de Inari, ele estava sentado, desolado, nada mais fazia sentido agora, nem o amor pelos humanos. Seu desejo, era queimar o mundo e ver tudo se sucumbir apenas a cinzas, pois lhe tiraram a única coisa que lhe importava mais uma vez. Suas mãos tremiam de raiva e os colegas do lado de fora temiam que ele saísse dali capaz de fazer alguma besteira, apesar de grande parte dos seus poderes estarem adormecidos por escolha dele mesmo, ele ainda poderia acabar com tudo se quisesse, queimar cada pessoa que fez mal a aquela mulher, acabar com a raça que só causava desgraça no mundo em que vivia. Causavam guerras e doenças, pestes, eram preconceituosos, matavam uns aos outros por causa de poder, que diferença faria se ficassem vivos? Iriam morrer de qualquer forma, agora o lugar que ela um dia amou, era odiado por ele e pelo que fizeram com ela, uma mulher doente que precisava de atendimento imediato, recebeu como resposta apenas o desdém de uma médica que receitou um remédio para dor. Durante o dia, teve uma convulsão e foi para o hospital, depois disso a mente de Hayato entrou na negação de que sua esposa havia falecido, queria queimar aquele hospital e matar aquela médica. Quando soube que ela havia falecido, ele ficou louco, começou a chorar e rosnar para todos que chegassem perto, quebrou o nariz de um médico e o amaldiçoou de todas as formas possíveis, era como se o chão tivesse saído de seus pés, quando saiu do lugar a única coisa que conseguiu fazer foi se ajoelhar no chão e gritar em agonia, bater em seu peito ao mesmo tempo que soluçava. Depois disso ele já não se lembrava de nada, apenas que haviam prendido ele naquele lugar.
    A mais velha das raposas entrou, olhando o homem se levantar com fúria em seu olhar, ele não era conhecido pela sua calma como a falecida mulher era, mas nunca haviam visto tamanha raiva em seu olhar. 

- Precisamos que se acalme para podermos soltá-lo. 

- Veio até aqui me dizer isso, velhote? - Debochou. - Se veio me dar algum ensinamento de vida, poupe a porra das suas palavras, eu não quero ouvir nada. 

- Hayato, você é responsável pelo equilíbrio dos espíritos. 

- Arrumem outra pessoa. Não farei nada por esse mundo. - Jogou a espada nos pés do ancião.

- Não pode simplesmente abandonar um cargo que Inari lhe deu a séculos. O fardo de caçar esses espiritos é seu. 

- Outra raposa dourada nascerá, o coloquem no meu lugar. Estou fora. 

- Não é tão simples assim. Precisamos de você, agora que Kyoko se foi, o único que pode proteger os portais até a filha dela receber a primeira cauda, é você. 

- Não vou ser porteiro de gente morta, velhote. - Deu de ombros. - Se virem. 

- Então será assim? Você já perdeu mais pessoas, agora que perdeu uma única pessoa que conheceu recentemente vai deixar seus afazeres de lado? Simplesmente vai desistir de ser uma Kitsune de Inari para poder queimar o mundo como está pensando? - Perguntou indignado, com um tom alto. - Vai deixar esse mundo queimar e seres maléficos tomarem conta de algo que Kyoko um dia amou?!

- EU NÃO ME IMPORTO! - Gritou. - Eles tiraram de mim a única coisa que fazia eu dar valor nessa merda de mundo que apenas contém desgraças, mesmo sem os espíritos desordeiros. - O velho ancião via a dor em seus olhos. - Por mim, esse mundo pode definhar e se destruir com ou sem eles, podem morrer da pior forma possível. Não há o que eu amar ou proteger, eles a tiraram de mim, então não merecem a minha proteção. 

- Kyoko os amava, Hayato. Amava a vida humana e como eles a levavam, ela os admirava. Se quer honrar a memória dela, continue seu trabalho. 

- Não me diga como honrar a memória da minha esposa. - Esbravejou. 

Eu Conheço Você. Onde histórias criam vida. Descubra agora