dois.

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— Ah, seu filho da puta. — Respirou fundo vendo o espirito suicida correr mais uma vez com medo de sua espada. Girou a mesma a devolvendo para a bainha olhando os rastros de nevoa negra que havia deixado pelo caminho que seguiu. — Só vou te deixar passar dessa vez, mas vou te pegar.

Limpou o canto da boca que estava sangrando, andando e direção ao sua casa. O espirito que Inari havia falando alguns dias atrás estava sendo responsável pela morte de jovens coreanos e aquilo estava deixando todas as kitsunes em alerta, mas nenhum conseguiu pegar ele, naquele momento pensava como aquilo não seria nada difícil para a falecida esposa. Retirou a camisa exibindo o corpo sarado e com algumas cicatrizes de batalha enquanto entrava debaixo do chuveiro para tomar um banho, horas mais tarde teria que sair com Bella e não queria estar com uma feição cansada. A água escorria pelo seu peitoral enquanto pensava como seria o dia seguinte, queria fazer as coisas direito dessa vez, ela parecia ser uma pessoa simples agora e estava com medo de fazer algo exagerado, um jantar num restaurante simples talvez fosse bom. Saiu do banho secando os cabelos na toalha e se vestiu em seguida com uma calça de moletom para poder descansar, deitou na cama e suspirou mais uma vez. As noites eram a pior parte para ele, já que todas as noites vinham a mukher em sua cabeça, mas decidido, fechou os olhos para poder dormir. Como sempre seu sonho começava da mesma forma, ele caminhava pela multidão em Seul e ele via cabelos vermelhos passarem pela multidão rapidamente, ele se virava imediatamente com o coração acelerado indo atrás da mulher empurrando as pessoas, assim que chegava perto dela geralmente ele a via chorando, mas dessa vez Isabella estava na sua frente no meio da multidão que desviava deles no meio da faixa de pedestres, os cabelos estavam soltos e debaixo de seu olho havia uma pequena pintinha onde o japones costumava beijar a kitsune. Sua mão tremula tocou o rosto da bailarina, admirando sua beleza enquanto lágrimas escorriam pelos seus olhos.

— Eu disse que voltaria para você, Hay. — A voz doce tomou conta de seus ouvidos fazendo seu coração doer. — Não quero que chore.

— Por Deus, eu te esperei por tantos anos. — Falou abraçando a menor, que retribuiu com um sorriso dando batidinhas em suas costas. — Me desculpa.

— Não precisa me pedir desculpas.

— Eu preciso, o que eu fiz não foi certo. Eu perdi voce naquela noite, eu não deveria ter saído bebado, não deveria ter te dito aquelas coisas. - O homem soluçava como uma criança, então se ajoelhando na frente dela encostando a cabeça em sua barriga. - Por favor, me perdoa!

— Hayato. — Levantou o rosto dele exibindo aquele sorriso que só ele conhecia. - Eu te perdoei muito antes de ir embora.

O homem abriu os olhos e se sentou na cama assim que despertou, passando a mão pelo rosto molhado. Esse sonho dessa vez foi diferente, dessa vez ele conseguiu falar com ela, se perguntava se não havia feito um desdobramento e conversado com a alma da kitsune que habitava o corpo da menina, pegou seu celular vendo a mensagem da humana abrindo um sorriso e se sentando na cama, estava confirmando se estava tudo certo para aquele dia. Ee se levantou indo até o banheiro para lavar o rosto e começar a se arrumar para poder trabalhar em casa, como os processos estavam correndo bem, decidiu analisa-los em casa. Fez um café como sempre e se sentou em seu escritório estudando alguns casos que participaria depois do fim do ano, lá fora a neve caia sem parar. Faziam muitos anos que ele não se sentia leve daquela forma, como se tudo estivesse finalmente entrando nos trilhos e ficando da forma que deveria ficar, aquele dia para ele foi estranho pois em nenhum momento remoeu o que havia acontecido no passado, apenas viveu um dia normal de trabalho como vivia antes, assinou alguns casos fechados, estudou e analisou outros para futuras audiencias, perguntou aos advogados via email se as provas eram verdadeiras, pediu mais alguns documentos. Coisas que ele já não fazia com prazer fazia alguns anos, tanto que o tempo passou tão rápido que já eram cinco horas e precisava ir encontrar Isabella. Organizou os documentos nas pastas antes de ir ao banheiro tomar um banho, optou por vestir algo mais sofisticado já que iriam jantar num restaurante, então vestiu uma calça social preta com uma blusa preta de gola alta e um paletó de couro por cima, ajeitou os cabelos pretos e saiu de casa com seu carro indo em direção ao endereço que a mulher lhe indicou.
   
   Não demorou muito para chegar, antes de ir até lá passou em uma floricultura comprando um pequeno buque de margaridas e tulipas cor de rosa. A esperava do lado de fora do carro encostado na porta do passageiro enquanto mexia em seu celular, não demorando para sua atenção ser tomada por ela. Ela vestia um vestido azul claro num tecido de cetim que delineava perfeitamente suas curvas, com brincos de diamante longos e um colar em seu pescoço em forma de gota, seus cabelos longos que sempre pareciam estar soltos agora estavam amarrados em um coque com fios soltos na frente. Era engraçado ve-la agora com o cabelo amarrado já que antes odiava os amarrar, o homem a recebeu com um sorriso tão grande que mal cabia em seu rosto, sua mão segurou a dela depositando um beijo nas costas delas sentindo o toque quente da pele da mais nova com seus lábios o fazendo suspirar.

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