Esfreguei os olhos e mais uma vez olhei ao redor do quarto. Ninguém. Levantei ainda nu e fui até o banheiro. Nada, vazio. Olhei no espelho e novamente vi as mesmas marcas no meu corpo que já estiveram ali num passado não tão distante. Lavei o rosto e voltei a olhar no espelho.
“Ele deve estar lá embaixo, só pode”.
Pus um short e desci as escadas, esperando encontrá-lo na sala ou na cozinha, mas não havia ninguém. Um frio de medo e desespero me percorreu a espinha quando constatei que mais uma vez a historia se repetira.
Fiquei parado no meio do recinto, sem conseguir me mover porque minhas pernas tremiam sem que eu pudesse controlar. “Eu não acredito nisso…” era só o que eu conseguia repetir mentalmente pra mim mesmo o tempo todo.
Depois de um período, não sei ao certo quantos minutos tinham se passado, a porta se abre.
– Oh, você já levantou? Eu acordei faminto e fui à panificadora comprar pão e quase trouxe o lugar inteiro rs. Café da manhã reforçado, nós merecemos né?
Ele falou, entrando cheio de sacolas com um enorme sorriso no rosto. Foi caminhando até a cozinha, deixando as sacolas na mesa da copa. Depois foi tirando item por item dos sacos plásticos, tagarelando sem parar.
– Seu estraga prazeres, eu ia fazer tudo sozinho e te levar na cama. Minha omelete é muito boa, sabia? Aprendi no Estados Unidos direto da fonte, mas lá era muito pesada a comida. Comprei coisas mais saudáveis e gostosas. Você ainda gosta de suco de laranja, né? Espero que sim porque eu comprei um litro. Nossa, comprei um bolo de chocolate que deve tá uma coisa.
Então, perante o meu silêncio, ele parou de falar e olhou pra mim.
– O que foi Biel? Tá branco. Você tá passando mal, o que foi?
Eu sai do meu entorpecimento e sentei no sofá. Ele veio até mim e sentou do meu lado. Passou a mão no meu rosto sentindo a temperatura e depois segurou meu pulso. Já estava aferindo a minha pulsação, quando falei:
– Eu to bem.
– Então o que foi?
Ele perguntou preocupado.
– Eu achei que tinha acontecido de novo… Que você tinha ido embora.
– Oh meu amor, não. Claro que não. Eu nunca faria isso de novo. É que a geladeira estava meio vazia e resolvi te fazer uma surpresa. Não sabia que você ia acordar tão cedo. Me desculpa, ta?
Ele disse me abraçando em seguida. O abracei com força, sentindo seu perfume e então meu coração se aquietou. Fomos nós dois pra cozinha e começamos a preparar o café.
Ele bateu os ovos e começou a fazer as omeletes, enquanto eu cortava o bolo. Ele marotamente sujou o dedo com chocolate e passou no meu nariz, logo estávamos com a cara toda melada de cobertura. Puxei-o e o beijei com fogo, engolindo a sua boca enquanto minha língua se enroscava na sua.
Segurei a sua cintura e o suspendi, colocando-o sentado em cima da pia, enquanto nossas mãos já percorriam nossos corpos de forma ávida. Eu abri sua calça e minha mão sentiu sua rigidez, ao mesmo tempo em que ele se livrava do meu short. Tirei sua blusa e colei minha boca no seu pescoço, descendo pelo peitoral, até que tocou a campainha.
Eu dei um pulo tão grande de susto que derrubei uma xícara no chão. Apressei-me em vestir novamente o short, enquanto ele também se recompunha.
– Caralho, quem será logo de manhã?
Ele perguntou irritado, abotoando de novo a calça.
– Não sei, vou lá ver.
Eu disse, me encaminhando pra sala. Passei a mão nos cabelos numa tentativa inocente de me alinhar e abri a porta. Vi o Kadu parado ao lado do portão, vestindo uma bermuda, blusa e um boné pra trás. Sorri ao vê-lo e até respirei aliviado porque por um instante eu pensei que fosse minha mãe voltando do interior.
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Que porra é essa?! Eu não sou viado Mas.. (Concluido)
RomanceFoi assim que tudo começou. Quando resolvi contar tudo que aconteceu, nunca imaginei que fosse tomar as proporções que tomaram. Era só mais uma história de dois garotos, que de repente, se olharam diferente. Comum para muitos, mas não para mim. Depo...