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Eu olhei pra ele um pouco assustado. Na verdade não imaginava que a gente teria essa conversa ainda mais depois de tudo que aconteceu nas ultimas horas. Ele me olhava serio, esperando que eu falasse alguma coisa, mas eu estava travado.

Não sei se estava pronto pra abrir a caixa de Pandora do meu passado, remexer naqueles acontecimentos que estavam tão vivos agora com a volta do Bernardo. Além disso, era a vida dele também e não era certo eu falar assim sem a permissão dele.

– Olha Kadu, eu não posso falar. Não diz respeito só a mim e eu não quero mexer nessas feridas.

– Eu entendo Biel, mas eu não sou qualquer um. Sou um cara que você conhece desde moleque. Eu conheço o Bernardo também e tudo que você falar aqui, vai morrer aqui. Até porque também estou disposto a me abrir.

– Mas Kadu, não é tão simples…

– Vamos fazer o seguinte: Eu começo. Assim você vai se sentir mais seguro a se abrir e depois vai se sentir bem mais leve. Eu também quero romper essa barreira contigo.

Eu olhei pra ele, mas nada disse. Não nego que sentia curiosidade em saber mais da vida dele, mas ao preço de revelar a minha me estremecia. Ele tomou um gole demorado na cerveja e começou:

– Eu vou ser direto e não vou ficar de mimimi. Eu sou bissexual desde que me entendo por gente. Gosto de mulher, da sua delicadeza, dos seios macios e gostosos de pegar e chupar, dos cabelos longos perfumados, de meter gostoso nelas. Eu também gosto de homens, da pegada forte, do jeito másculo e firme, de não ter frescura e de sentir eles dentro de mim.

– Então quer dizer que mulher você come e homem você dá?

– Hahahaha, resumindo é isso, sim. Eu aproveito o melhor dos dois. Gosto de sentir essa diferença de sensações e desfrutar do prazer ao extremo. Eu alterno de acordo com a minha necessidade. Às vezes to mais afim de mulher, outras de homens e assim eu me sinto feliz.

– Nossa…Confesso que eu desconfiava, mas você falando assim de maneira tão direta é um pouco chocante. Você parece lidar com isso com tanta naturalidade…

– Porque pra mim é natural mesmo. Eu não fico me culpando por me sentir atraído pelos dois sexos e também não sinto necessidade de gritar isso ao mundo. É uma coisa minha, particular e eu lido numa boa.

– Eu te entendo e te admiro por isso.

– Valeu Biel. Confesso que eu senti um pouco de medo de revelar isso a você e não ter uma boa aceitação, mas confiança gera confiança e sei que posso confiar em você.

– Muito obrigado por isso.

– Você também pode confiar em mim. O que aconteceu entre você e o Bernardo?

Olhei bem nos olhos dele e depois abaixei a cabeça. Tinha chegado o momento de me abrir, mas eu não me sentia pronto. Por onde começar? Era tão difícil falar disso. Respirei fundo e comecei a falar devagar de como tudo aconteceu. Os olhares estranhos, os toques velados e aparentemente despropositais até chegar naquela noite fatídica que nos entregamos à paixão. Ele ouvia tudo atentamente, me incentivando a continuar quando a minha voz insistia em sumir. Era paciente com a minha narração emocionada, que muitas era parada por me faltar as palavras. Terminei o meu relato falando dos motivos que me levaram a dar aquela bolada no Bernardo e tudo que eu senti depois que ele ficou desacordado no chão.

– Porra…se não fosse você me contando tudo isso, eu nunca acreditaria. Mesmo me relacionando com homens, nunca vi nenhum indicio em vocês dois que pudesse haver esse tipo de atração. Doidera.

– Pois é, foi algo muito inusitado e intenso. Eu também nunca olhei o Bernardo ou qualquer outro homem com esses olhos, mas confesso que a atração existia embora negada por nós dois.

Que porra é essa?! Eu não sou viado Mas.. (Concluido)  Onde histórias criam vida. Descubra agora