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Ele olhou pra mim e então deitou na cama com as mãos atrás da cabeça. Era incrível que como tinha uma tranquilidade intrínseca pra tudo. Continuei olhando pra ele ansioso pela sua resposta.

- Olha Biel, eu já te disse. Eu te desejo, desde sempre. Quero fazer render esses anos de fantasias contigo. Porém, pra mim isso tem que acontecer de uma forma leve, gostosa, consensual. Não quero que você acorde no dia seguinte e sinta grilado ou culpado.

- Se você quer tanto fazer isso porque recuou hoje?

- Porque eu vi que você não estava pronto. Qualquer um no seu lugar já teria me agarrado e feito mil coisas, mas você estava paralisado. Como eu disse, não quero forçar nada, nem que depois você se arrependa. Gosto de seduzir, de provocar, mas antes de tudo sou seu amigo.

- É que pra mim é complicado Kadu, não é que eu não queira. Claro que não fico indiferente a essa sua provocação, mas eu me machuquei feio. Eu só tive esse tipo de experiência com ele e por melhor que tenha sido na hora, o depois foi muito traumático.

- Eu te entendo, Biel. Sentimentos são mais complicados do que se pensa, por isso que eu não me apaixono. Pra mim tem que ser divertido, gostoso e bom pros dois. Se não for, melhor nem acontecer.

- Você leva tudo tão de boa. Me sinto um ranzinza perto de ti.

- Mas Biel, tem como facilitar, né? Olha, eu sei que foi super tenso tudo que aconteceu entre vocês dois, porque vocês se apaixonaram e tiveram a primeira vez de vocês naquela intensidade toda, mas cara já ta na hora de resolver isso dai. Porque você não toma essa atitude? Vai atrás dele e tentem se entender. Não digo só de ser amigos não. Tentem de novo.

- Ah, claro. Vou esquecer tudo que ele me fez? Você só pode ta maluco!

- Não, não to. O que você ganha guardando isso dentro de ti? Biel, ta na cara que existe muita coisa entre vocês ainda, porque vocês não vão viver isso?

Abaixei a cabeça e esfreguei o rosto com as mãos.

- Eu não sei se eu to preparado pra isso. Eu não sou gay, Kadu. Não sei se eu vou saber viver algo assim, com medo das pessoas descobrirem, a reação da família.

- Eu sei cara, isso é foda mesmo porque a pessoas querem julgar, apontar o dedo e nem sabem de porra nenhuma. Eu entendo o que você sente, mas você só vai saber se viver um relacionamento com ele de fato. Não precisa se preocupar se é gay, bi ou trans. Isso dai é coisa de nego que gosta de te colocar num parâmetro, que nem sempre existe. E vocês podem manter as coisas entre vocês, não precisam gritar pro mundo que tão juntos. Afinal, isso só interessa a vocês.

Eu olhei pra ele com a cabeça pensando freneticamente em tudo que ele me disse. Ele estava certo, eu sei que sim, mas eu também tinha meus dragões pra matar.

- Eu não te entendo Kadu. Você ta doido pra dar pra mim e me joga nos braços de outro?

- Hahahaha, é bem simples. Não vai ser gostoso como eu quero, se você não se resolver ai dentro. Se for pra rolar, quero que a sua cabeça esteja em mim e só. Somos amigos, Biel. Quero o seu bem. Vá falar com ele.

- Tudo bem, vou ver se a noite eu falo com ele. Valeu mesmo, Kadu. Você é parceiraço.

- Que isso, Brother. Tamo junto. Vou nessa agora, depois a gente vai lá naquela loja.

- Ta bom. Nós falamos.

Nos despedimos com um abraço e ele deu uma mordida de leve na minha orelha, que me arrepiou por inteiro. Rimos juntos e ele se foi. Ainda fiquei um tempo pensando em tudo que ele tinha me dito e cheguei à conclusão que a melhor coisa a se fazer era tentar resolver essa situação de uma vez. Eu sei que o Bernardo me amava e era impossível continuar negando pra mim mesmo que também sentia o mesmo. Iria abrir meu coração pra ele e quem sabe pudéssemos viver esse sentimento.

Que porra é essa?! Eu não sou viado Mas.. (Concluido)  Onde histórias criam vida. Descubra agora