A Princesa Gelada e o Ogro Teimoso

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— Blossom? O que faz aqui? — Disse uma voz fraca vindo da porta.

A pequena garota, por volta dos 6 anos, estava sentada à mesa da biblioteca, com um livro sobre o colo, quando sua mãe a chamou. 

Já era tarde da noite, os corredores estavam vazios e o cômodo era iluminado apenas pelo castiçal que a própria menina havia trazido consigo para ler. A mãe, enrolada em um manto fino por cima de sua roupa de dormir, firmou os olhos aos da garota, mostrando uma feição de desgosto à ela, que imediatamente retraiu.

— O que disse sobre sair do seu quarto a está hora? É perigoso!

A menina abaixou a cabeça, fazendo bico.

— Desculpa, mamãe. Eu só queria terminar o meu livro.

A feição carrancuda não permaneceu muito tempo, logo o coração da mãe foi amolecido pelo tom da garota e ela, frustrada consigo mesma, acabou cedendo novamente. 

A mulher suspirou.

— Se queria ler, pedisse à mim. Eu deixaria que levasse o livro ao quarto. Mas também desgosto que fique passando madrugadas em claro com os olhos presos em livros. Deve descansar! — A última frase foi dita com firmeza.

— Ok... — Murmurou.

A mais velha se aproximou da garota e seu sentou na cadeira ao seu lado para acarinhar sua cabeça. Passou a mão pelos fios de cabelo dela que, como os seus, tinham uma exótica cor ruiva. Sorriu antes de perguntar com curiosidade:

— O que está lendo?

— Ah, isso! — A pequena disse com entusiasmo, mostrando à mãe complicadas equações e fórmulas diversas que misturavam letras e números.

A mulher observou por alguns segundos, boba. Levantou o olhar para fitar o rosto jovial da menina.

— Uau! — Foi a única coisa que foi capaz de dizer enquanto pegava das mãos dela o livro para folheá-lo. — São assuntos bem... complicados? — Prendeu os olhos em uma fórmula específica, como se a mesma fosse de outro mundo. — Seus mentores já te ensinaram isso?

— Não! — Ela respondeu negando com um gesto com a cabeça. — Eu estou estudando por conta própria.

— É mesmo?! Isso é incrível! — A mãe disse com uma feição genuinamente alegre. — Mas, não acha que está exagerando um pouco? Quer dizer, isso é muito avançado para você.

— Não! — Ela negou com a cabeça repetidas vezes. Olhou a mãe com determinação, fechando o punho com força. — Se eu quiser me tornar uma rainha inteligente como você, preciso estudar o dobro. Não. O triplo!

A mulher riu com a exagerada reação da pequena, acarinhando novamente seus cabelos e os despenteando levemente. Sorriu calorosamente para ela, mas deixou escapar em seu olhar um leve toque de preocupação.

Não era a primeira vez que a pequena princesa dizia isso. A mulher pensava ser só apenas um sonho de criança, mas a forma como a garota dizia, sua feição... ela transmitia seriedade, não só com suas palavras, mas com suas ações. Não mentia quando dizia que estudava, ela realmente passava horas na biblioteca, se negando até a brincar.

O motivo de todo o esforço por parte da garota era a própria mãe, sua inspiração. Era apaixonada pela mulher. Idealizava nela a mulher perfeita, aquela que gostaria de um dia se tornar: uma rainha justa, inteligente, amada e respeitada por todos. Claro que, aos seus olhos, todas essas qualidades eram exageradas. Mas não era culpa dela, era só uma criança.

Uma criança... pensava a mãe. Apenas uma criança que perdia de sua juventude, que não fazia amizades, que se privava de viver...

— Blossom... — Ela sussurrou abraçando a filha com força. A pequena não entendeu, mas a abraçou de volta. Ao seu afastar, a mãe acarinhou o rosto da garota. A semelhança das duas lhe deixava encantada. — Minha filha!

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