A Decisão de Brick

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Os sons de gritos e relinchos ficavam cada vez mais distantes. A sombra negra corria por entre as árvores com agilidade. Em uma de suas mãos uma espada e, na outra, uma sacola cheia. Um sorriso se formou quando percebeu que ninguém mais o seguia, provavelmente haviam o perdido de vista no meio da escuridão.

Cessou os passos para recostar sobre uma árvore e recuperar o fôlego, checaria também os frutos de seu roubo bem sucedido. Abriu a sacola e conseguiu enxergar as várias moedas de ouro e jóias que brilhavam, refletindo a luz mínima da lua que entrava pelas copas das árvores. Sorriu, orgulhoso!

— É disso que eu estava falando! — afirmou fechando a sacola novamente com um nó e escondendo dentro de sua capa. Apesar de ter despistado os guardas que acompanhavam o comerciante, não poderia relaxar.

Continuou então seu percurso, seria um longo caminho e faltava pouco para o sol começar a aparecer.

Tinha de ser rápido!


[...]


Blossom estava na sala de reuniões do castelo, sob os olhares firmes dos anciãos e outros senhores. Os fitava seriamente da mesma forma, disfarçando quaisquer sinais de abalo, apesar das mãos sob a mesa permanecerem inquietas, batucando a madeira sem parar.

Maldito Brick! Ela pensava. Onde aquele maldito está?

Como se suas preces fossem ouvidas, passos pesados são ouvidos do lado de fora da sala. A porta é aberta com brutalidade, revelando um certo ruivo apressado. Ele abaixa a cabeça, notoriamente evitando os olhares repreendedores de todos, inclusive de sua noiva e se senta ao lado da mesma.

— Cheguei! E então? — disse ao se sentar.

Blossom se afastou instintivamente do rapaz, assim como os outros. O cheiro forte que ele exalava e suas vestes manchadas de terra denunciavam o que estava fazendo.

— Enfim chegou, já estávamos cancelando a reunião — disse Bash com um olhar enojado, olhando-o de cima a baixo. — Estava num chiqueiro, por acaso?

— Não interessa, florzinha! — ele respondeu irritado. Blossom imediatamente o cutucou. Estava em frente aos anciões, sujo, após horas de atraso. Não estava em posição para dizer grosserias, mesmo que admitisse que Bash merecia.

O velho ancião tossiu, com intenção de chamar a atenção dos rapazes.

— Senhores, por favor... — pediu. Logo após, sua atenção foi direcionada ao ruivo — Príncipe Brick, compreendo que suas atividades como capitão da Guarda Real são desgastantes, ainda mais na situação atual. Porém creio que já tenha deixado bem claro a minha opinião sobre suas atividades.

Brick baixou a cabeça. Seus punhos se fecharam com força.

— Claro... — Murmurou.

— Então... já que estamos neste assunto, já está decidido sobre a sua sucessão? — o ancião perguntou, firme em seu tom de voz.

Blossom engoliu a seco. Observou o rapaz, a postura rígida já dizia que ele estava tenso, nervoso. Ela pensou em tocá-lo, um ato instintivo de proteção e apoio, mas não o fez.

Antes dela fazer qualquer coisa, Brick levantou a cabeça. Respondeu ao senhor:

— Ainda não, senhor. Estou ainda me decidindo. Creio que o senhor compreende que esta é uma decisão delicada... Se trata do próximo guarda pessoal de minha noiva...

O ancião acenou a cabeça, o olhar ainda firme.

Blossom tremeu. Algo naquela conversa transmitia a ela medo.

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