Poemas Líquidos.

Ponte

A ponte era vermelha, porque a praça era para homenagear os japoneses, eu lembro de dizer algo do porquê todo município tem algo para os japoneses. Você não sabia me responder. Nos escoramos na ponte, olhando o pequeno lago embaixo, cheio de peixes de todos os tamanhos.

"Olha, aquele ali é minha ex"

Você disse, e eu não evitei a risada encarando um peixe bocudo e, bem, feio. Você riu também, um pouco mais baixo.

"É sério, é desse jeito mesmo"

Você completou, me fazendo rir um pouco mais alto que algumas pessoas devem ter me olhando.

"Eu gosto de peixes"

Eu falei, porque foi a primeira coisa que pensei e eu digo coisas idiotas na sua frente, porque você me deixa nervosa.

"Eu gosto de comer eles, no sushi"

Foi sua resposta, que, novamente me fez rir. Você riu baixo, e olhou pra baixo, para o lago enquanto eu ainda te encarava. Eu parei de rir aos poucos.

O sol estava batendo em seu rosto, e, você estava brilhando. Foi tão lindo. Tinha um leve sorriso em seus lábios, enquanto você olhava os peixes nadarem. E eu sorri, fraco. Porque você era a mulher mais linda daquele lugar, na verdade, naquele instante, nos meus olhos, acho que só tinha você ali. Eu senti meu coração acelerar.

"Droga, eu estou tão apaixonada"

Foi o que eu pensei, mas não disse, não podia dizer, porque, eu estava completamente apaixonada, mas você não, eu conseguia sentir isso. Doeu um pouco.

Mas você sorriu. Me olhando novamente, eu desviei o olhar, para não ser pega no flagra.

"Eu gosto de todos os tipos de sushi"

Você disse, e eu soltei um riso baixo, você adorava sushi e café.

"Não gosto de todos"

Eu murmurei.

"Eu não gosto dos doces."

Eu ri, negando com a cabeça, te encarando de volta.

"Eu gosto dos doces e dos com creem cheese em cima"

Admiti, rindo pela sua cara. Tínhamos gostos diferentes as vezes, mesmo dentro dos em comum. Acho que era isso que eu mais gostava, como em cada coisa em comum, achávamos uma diferença peculiar, única, que me instigava.

Você me instiga, me deixa perdida.

Você me olhou de novo, o sol em seu rosto. Brilhava tanto. Eu via seus olhos por trás dos óculos arranhado.

"Vamos sentar?"

Você chamou e eu assenti, te seguindo, e em algum lugar do meu coração, eu ri. Eu te seguiria à qualquer lugar.