Antes
Era uma noite chuvosa.
Raios iluminavam o céu escuro, repleto de nuvens cinzentas. As estradas de terra encontravam-se barrentas e escorregadias, o que dificultava a viagem de volta da comitiva que haviam partido a um par de semanas em busca de caça; as rajadas de vento frio batiam nas janelas de vidro, provocando barulhos irritantes, abafando assim, os gritos que eram proferidos dentro do castelo.
No castelo real de Artena, duas mulheres davam a luz a suas crianças. Eram de classes sociais bastante distintas. Uma delas já possuía certa idade, estava suja e gostas de suor escorriam por sua testa, seus gritos já eram mais baixos e fracos, pois sua força já se esvaia. Estava sozinha, no quarto em que dormia, apenas na companhia da cozinheira, que a ajudava a fazer força e que pagaria o bebê quando ele saísse.
- Já estou vendo a cabeça dele, vamos, faça mais força! – gritava a cozinheira.
Já no quarto real, encontrava-se a jovem rainha, que havia passado muitos anos tentando engravidar e finalmente estava dando a luz ao seu primeiro filho. Lençóis de seda branca a cobriam; duas parteiras, e algumas criadas lá se encontravam, todos ansiosos com a chegada do príncipe ou princesa. Embora não comentasse, a jovem rainha queria muito um menino, tinha que ser um menino, pois para seguir a linhagem, o primogênito tinha de ser homem.
- Senhora, vamos, está quase lá – falou uma das parteiras.
- Meu marido...? – disse a rainha, com a voz rouca, por conta dos gritos.
- A chuva está muito forte, a estrada deve está ruim, acho que não irão conseguir chegar a tempo – falou uma das criadas que era uma de suas damas de companhia.
Depois de fazer mais e mais força, o bebê nasceu, mas não se escutaram choro e logo o desespero tomou conta das feições da rainha Katelyn.
- É uma menina – disse a primeira parteira.
Momentos depois, o choro continuou a não vir, e a outra parteira rapidamente pegou o pequeno ser e o retirou do quarto.
- O-o que está acontecendo? – pronunciou Katelyn ao ver a parteira pegar o bebê e leva-lo para fora do quarto.
Ninguém a respondeu.
Já no outro quarto, a cozinheira pega no colo um menino, forte e com um choro vigoroso; o limpa e o enrola em um pequeno lençol, mas quando ia coloca-lo no colo da mãe, viu que a luz havia deixado seus olhos e que a vida se esvaiu do seu corpo.
Naquela época era comum as mulheres morrerem durante o parto, e a pobre mulher em questão não possuía uma boa saúde, sem contar a idade um pouco avançada que tinha.
Mas era curioso como o destino podia pregar peças, o bebê da rainha, que possuía muito poder e riquezas, havia nascido sem vida; e o bebê da criada, que era pobre e doente, era forte e saudável.
Passado alguns minutos, a parteira e a cozinheira se encontraram em um corredor, cada uma com um embrulho em mãos, e ao trocarem algumas poucas palavras, uma ideia tiveram.
Sabendo que o rei Arthur era um homem um pouco frio, e não iria gostar nem um pouco em saber que depois de tantos anos, seu primogênito nasceu sem vida. Aquilo iria abalar tanto ele, como a rainha e o resto do povo de Artena. O povo ansiava pelo momento e o mesmo era trágico demais.
Pensando nisso, a parteira e a cozinheira trocaram os bebês. Ninguém iria saber. Um deles estava morto e o outro era órfão, era a coisa certa a se fazer. Sem contar que o rei teria seu primogênito do sexo masculino, como desejava.
A parteira pegou o menino e o levou de volta para o quarto real, onde esperava a Rainha, já aos prantos por pensar que o pior tinha acontecido.
Quando entrou no quarto, com o bebê chorando, o entregou a rainha, que suspirou e um enorme sorriso lhe tocou os lábios. Seu filho havia sobrevivido, ou assim pensava. O pegou no colo e o abraçou, e quando o descobriu do fino lençol viu que não era uma menina, como havia dito a outra parteira, e sim um menino.
Arregalou os olhos e olhou na direção da mulher que o havia trago. A mesma apenas assentiu e colocou um dedo nos lábios, pedindo silêncio.
Nesse momento, o rei Arthur entra no quarto, com roupas molhadas e botas cheias de lama. Dava para ver que estava nervoso, mas quando viu o bebê nos braços da esposa, gritou em alegria, e sentou-se a cama, para abraça-los, falando que os amava muito.
E assim iniciou-se uma verdadeira festa.
Já no outro quarto, na ala onde os criados dormiam, a cozinheira colocou o pequeno embrulho ao lado do corpo sem vida da mulher e chamou um homem para que pudesse enterrar os corpos. Quando ia saindo do quarto, ouviu um choro baixinho e leves movimentos na cama, o susto foi grande, ao ver que a linda menina estava viva e que continha os olhos da mãe.
- Oh céus, o eu fiz? – falou baixinho a cozinheira, pegando a pequena menina nos braços, se dando conta do erro que havia cometido.
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Olá meus amorees!
Espero que tenham gostado!
Só com o prólogo já da pra saber que vem muita coisa por aí...
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A Princesa Plebeia
RomanceHá alguns anos um grande erro foi cometido. Duas vidas. Dois destinos que se entrelaçaram de uma forma inigualável. De um lado temos Emma, uma garota simples, de opinião forte, órfã depois que perdeu a mãe no seu nascimento. Trabalha no castelo real...