O sol começava a nascer no horizonte e a cozinha já esta a todo vapor.
O cheiro dos pães de queijo recém-tirados do forno por Ivy inundou as minhas narinas, dando-me água na boca, enquanto eu preparava a massa das tortas de maçã. Como o castelo estava com muitas visitas, nós da cozinha éramos obrigados a acordar mais cedo para conseguir preparar o café da manhã a tempo.
Na noite passada, quando pus os pés na cozinha fui bombardeada com perguntas, pedidos de desculpas e broncas de Eugênia. As notícias no castelo corriam mais rápido do que os ratos corriam dos gatos. Não havia sequer chegado direito, e Ivy e Dafne já ficaram sabendo das visitas no castelo e da minha carona com o príncipe.
Elas pediram desculpas um milhão de vezes, por terem me deixado sozinha e pegado carona com Tomem, que descobri ser um rapaz muito inteligente e gentil, segundo elas me contaram. A pior parte foi à bronca que, não só eu levei, mas nós três levamos de Eugênia, por não termos feito o nosso trabalho direito, nos separado dela e perdido a carroça que nos traria de volta.
Mas de todos esses acontecimentos recentes, o que insistia em não sair de meus pensamentos era o beijo de Felippe e Victoria. Não que eu tivesse alguma coisa haver com a sua vida pessoal ou tivesse nutrindo algum pensamento a mais sobre isso; creio que foi somente pura surpresa, apenas isso.
Quando todos os alimentos estavam organizados em suas respectivas bandejas e prontos para serem servidos no café da manhã, tia Eugênia entra na cozinha com uma cara fechada, usando o seu uniforme de cozinheira, branco com um avental, analisando tudo.
- Emma – chama-me – Venha comigo, por favor – fala indo em direção ao lado de fora da cozinha.
Oh céus, mais uma bronca. O que eu fiz agora?
Sigo-a até um corredor que dá acesso ao jardim e a lavanderia. Ela para e se vira para mim.
- Emma, temos que ter uma conversa séria – começa.
- Tia Eugênia, eu não fiz nada, é sério – defendo-me antes mesmo de saber pelo o que estou sendo acusada.
- Não estou dizendo que fez alguma coisa menina, só quero conversar com você.
- Oh – exclamo surpresa – E o que foi então?
- Emma, você é uma menina linda, inteligente e não quero que passe por momentos ruins. Você não merece isso.
- Tia... – estou um pouco abismada com o rumo da conversa – Porque falar disso agora?
- Eu soube do que aconteceu ontem à noite, sobre você e o príncipe – fala.
- Tia, não aconteceu nada, ele apenas me deu uma carona, eu...
- Sim, eu sei, eu já comecei errando tendo deixado você e as meninas para trás – interrompe-me – Era para ter pedido a Josué para esperar vocês chegarem antes de partimos, mas estava tão chateada com o quão teimosas foram, que acabei não pensando nas consequências que isso traria.
- Então nos deixou lá de propósito? – pergunto.
- Sim, o que você acha? Ficam andando na cidade como se estivessem a passeio e não a trabalho. Isso me deixou chateada com vocês. Mas isso não vem ao caso agora, não te chamei aqui para brigar e sim para te dar conselhos – passa a mão pelos cabelos presos em um coque simples.
- Conselhos sobre o que?
- Sobre o príncipe! Não se iluda por ele minha menina, ele irá herdar tudo isso aqui, tem mais dinheiro do que podemos contar, ele não irá assumir nada com você e com nenhuma outra que não seja do mesmo nível e classe que ele. Você é apenas uma simples plebeia, que trabalha como criada.
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A Princesa Plebeia
RomanceHá alguns anos um grande erro foi cometido. Duas vidas. Dois destinos que se entrelaçaram de uma forma inigualável. De um lado temos Emma, uma garota simples, de opinião forte, órfã depois que perdeu a mãe no seu nascimento. Trabalha no castelo real...