O Temporal (CAPÍTULO ESPECIAL)

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Às 12:30hs do dia 11/08/2018, acordavam mãe e filho, simultaneamente. Era um dia atípico e chuvoso, cheio de trovoadas. Não era tão normal uma chuva em São Luís nessa época do ano, mas coincidentemente o dia decidiu amanhecer chovendo.

Dona Edilene foi a primeira a se levantar, ao contrário de Rafael que, mesmo acordado, não queria levantar-se da cama.

Era realmente uma tempestade. A chuva estava tão forte que uma árvore próxima à sua casa caiu.

Passaram-se 20 minutos e, exausto de ficar deitado, Rafael finalmente saiu da cama e foi tomar café. Terminando, subiu para o seu quarto e ficou assistindo As branquelas. Acreditava que assistir algo que lhe fizesse rir seria bem melhor que algo para lhe deixar tenso ou com medo. E nisso o garoto tinha razão.

Infelizmente Rafael não havia percebido, mas ali no seu quarto estava alguém que ele já tinha visto antes: a coruja.

Enquanto as coisas pareciam normais onde Rafael, na casa de Daniel, o antigo amigo dele, não estavam tão bem. Por mais que a família do garoto sempre tenha sido justa, as coisas não iam muito bem com eles. As finanças estavam catastróficas, pois o comércio de seu pai passava por uma grave crise. Tudo começou quando foram passar férias em Fortaleza. Antes de irem, eles aguardaram a distribuição de alguns alimentos que vendem no estabelecimento. Assim que o produto chegou, não haviam percebido, mas um dos pacotes dos açúcares que haviam no pedido estava furado e logo depois que viajaram começou uma infestação de formigas. Como os outros produtos também eram alimentos acabou acontecendo que toda aquela compra ficou estragada.

A férias tinha sido muito boa, mas, assim que chegaram, uma enorme decepção se formou quando avistaram todo aquele estrago.

Após alguns dias do impacto, o Sr. Jonas decidiu, para compensar os danos, aumentar o preço de alguns alimentos. Lamentavelmente, ele acreditava que a clientela seria fiel, mas não foi bem assim, pois a maioria dos clientes quando notaram o aumento fizeram pesquisas de preços e passaram a comprar em outros comércios próximos. Dias passaram e as tentativas de reerguer o negócio só estava indo ladeira abaixo. Houveram algumas vezes que tiveram uma leve aliviada no prejuízo, mas as coisas só foram despencando.

Realmente o negócio familiar quase faliu, mas na última semana as coisas ficaram estagnadas. As vendas estão bem menores que anteriormente, mas a sensação é que ao menos a constante queda cessou. Foram muitas lutas e bastante dedicação para estagnar essa cascata. A família teve que vender muitas coisas, inclusive o Nintendo Switch (muito triste) do filho.

Daniel, antes com bastante coisa para se divertir e hoje quase nada, não se contentava em assistir televisão, nem usar seu smartphone. Ele preferia sentir algo mais real e mais imersivo do que ficar somente enxergando algo. Não bastou muito tempo e Daniel sentiu vontade de aproveitar a chuva, mesmo sabendo que tratava-se de um temporal. O garoto, como já deduzia que sua mãe não gostaria dele sair de casa com uma chuva tão forte acontecendo, preferiu deixar uma carta informando que sairia de casa para "curtir" a chuva. Sem pensar muito tempo, o garoto saiu.

Quem o viu naquele dia das janelas de sua casa certamente estranhou o fato de um rapaz de 20 anos estar banhando na chuva tão alegre como uma criança. Na verdade, o mais estranho disso tudo é saber que o pensamento retrógado de associar qualquer forte alegria com infantilidade é algo muito comum na sociedade. De fato é um pensamento muito desconexo com o que deveria ser real: Todos deveriam ser felizes e alegres sem associar esses bons valores apenas com a fase infantil da vida. Todo dia é uma oportunidade de aproveitar e sorrir intensamente, mas infelizmente muitas pessoas se privam disso com medo de parecerem infantis.

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