Passados dois meses que Rafael e Daniel voltaram a ser amigos, uma surpresa de repente surge em uma tarde de conversa entre os dois:
_ Rafael, tenho uma coisa pra ti contar. _ Disse Daniel.
_ Então conta logo, porque eu sou muito curioso.
_ Meus pais querem se mudar.
_ É o que?!
_ É verdade. Eles estão pensando em vender o comércio e a casa.
_ Poxa. Chato isso.
_ Muito.
_ E pra onde vocês pretendem ir?
_ Bom. Meu pai disse que está vendo algumas casas em bairros semelhantes ao nosso. Ele acha que assim pode encontrar uma casa quase tão boa como a nossa.
_ E o comércio? Vocês só vão vender? Não vão abrir outro, nem nada? _ Questionou Rafael, meio apreensivo.
_ Então... Ele disse que vai tentar abrir um nesse outro bairro, só que menor.
_ E porque ele não tenta isso aqui mesmo na Cidade Operária?
_ É porque ele não quer ninguém percebendo que estamos mais pobres.
_ Poxa. Complicado.
_ É!
_ Ele nunca pensou em buscar um sócio ou algo do tipo?
_ Como assim?
_ Sei lá, tipo... firmar um acordo com alguém.
_ Que tipo de acordo?
_ Ah... tipo... uma compra de parte da empresa. Aí a pessoa que comprar tem direito a uma porcentagem dos lucros.
_ Pode ser interessante.
_ Pode ser não. É interessante! Apesar do comércio estar em baixa tem um nome ainda muito forte.
_ Você tem razão.
_ É. Eu tenho. _ Rafael rir _ Mas é porque seu pai pode não repetir o mesmo sucesso em outro lugar, sacas?
_ Ever dade.
_ Então! Ele poderia vender uma parte do comércio, tipo uns 30%. Aí ele só estipula o valor, mas tem que ser o suficiente pra poder pagar as dívidas que ele tem.
_ É uma boa ideia.
_ Mas um conselho: Se você for dizer isso ao seu pai, diga para ele tentar com pessoas de confiança.
_ Pode deixar.
_ Ah... E me diz uma coisa.
_ O que?
_ O comércio do teu pai é registrado como pessoa jurídica?
_ Não!
_ Sério?
_ Não. Não é não.
_ Então você pode fazer o seguinte: Aconselha seu pai a registrar o nome da empresa. Quando tiver tudo registrado ele nomeia o sócio judicialmente. É bem melhor.
_ Vou ver isso com ele.
_ É pra ver mesmo, palhaço!
_ Palhaço é o Pennywise.
_ Ai credo! Tá repreendido! _ Diz Rafael, rindo em seguida com Daniel.
_ Bom... tenho que ir.
_ Poxa. Ta cedo.
_ Não tá não e tenho muita coisa pra fazer.
_ Sei...
_ É sério!
_ O que você tem pra fazer então?
_ Assistir série.
_ Ah meu, vai ti catar.
_ É porque tô assistindo uma série que tô gostando muito.
_ Qual? Strager Things?
_ Não. Essa eu já assisti todos os episódios que tem.
_ Qual então?
_ Black Mirror.
_ Black Mirror?
_ Nunca ouviu falar?
_ Não lembro. Talvez já.
_ Mano é muito massa.
_ Tá. Depois eu vejo.
_ Mas vê mesmo, cão.
_ Táaa.
_ Hum. Então vou nessa.
_ Vai, seu chato.
_ Até amanhã ordinário.
_ Até, seu fudido. _ Disse Daniel, encerrando a conversa.
Depois que se despediram, cada um seguiu seu dia e finalmente anoiteceu. Rafael foi fazer coisas sem graça e monótonas, como assistir novela, acompanhar redes sociais, etc., e Daniel foi assistir Black Mirror. Quando o relógio marcava 23:33 Rafael recebeu uma mensagem de Daniel no whatsapp.
_ Ei, eu falei para o pai sobre o que você disse. _ Dizia a mensagem.
_ E ele?
_ Eu acho que ele não gostou não.
_ Sério? O que ele disse?
_ Ele disse "Aham. Vou pensar".
_ "Aham. Vou pensar"?
_ Sim! "Aham Vou pensar".
_ Poxa. Eu acho que ele não vai pensar.
_ Também acho que não.
_ Eu não quero pra tu ti mudar não.
_ Eu também não... Peraí. Você disse aquilo pensando que seria o melhor para as finanças da minha família, né?
_ Claro, ué.
_ Não foi apenas para me manter por perto não, né?
_ Não, seu doido. Fica calmo. Eu pensei nas duas coisas. Óbvio que eu não diria se achasse que isso iria falir sua família.
_ Bom saber.
_ Olha, mas o seguinte: Só tente incentivar seu pai se você acha que eu tenho razão. Se não acha, não me coloca na história.
_ Eu acho uma boa ideia sim.
_ Então ótimo.
_ Mais ou menos.
_ Por que?
_ Porque ele não gostou da ideia, ué!
_ Ah! É verdade... Bom. Dá um tempo a ele.
_ E se não funcionar?
_ Se não funcionar você mesmo incentiva alguém a perguntar para o seu pai se ele deseja vender parte da empresa.
_ É uma boa ideia.
_ Pensa direitinho e depois me diz.
_ Tá certo.
_ Então tá. Ótimo.
_ Bom. Vou dormir. Boa Noite aí procê.
_ Ta bom Pennywise. Boa Noite. Bjs.
_ Bjs. Fui.
_ Vai. _ Escreveu, finalizando a conversa, Rafael.
Após se despedirem, Rafael ficou escutando músicas antes de dormir, mais especificamente o álbum This Is Acting da Sia. Quando terminou, o sono tomou conta e não bastou muito tempo para o garoto conseguir dormir. Nessa noite nada o incomodou e ele teve uma noite bem tranquila, apesar da notícia de uma possível mudança do amigo.
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Fantasy#203: 02/01/2018 #174: 01/01/2018 OBRA REGISTRADA EM CARTÓRIO. PLÁGIO É CRIME. O que você faria se sentisse algo ou alguém invisível tocar seu corpo quase todas os dias durante um ano? Alguns ficariam loucos, outros depressivos. Felizmente, com Rafa...