Desvendando alguns enigmas - Parte I

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Pouco depois de acordar, Rafael ficou encucado com algo que viu em sua frente: A adaga, que até então era de gelo, transformou-se em uma adaga de água. "Que porra é essa?" pensou ele. Provavelmente, essa seria a reação de qualquer pessoa que visse aquilo. "Como assim a merda da água não se dissipa? Era pra essa porra se espalhar pelo chão", pensou.

Após alguns minutos observando distantemente, Rafael decidiu comprovar o que estava vendo através do tato. O garoto pegou a adaga de água e pensou: "Será que é água mesmo ou é uma espécie de vidro? Porque é meio diferente e muito dura pra ser água. Bom, se for vidro, é só bater com algo que vai quebrar. Se bem que, como ontem a adaga era de gelo, hoje só poderia ser transformada em água, mas, se tudo fosse muito lógico, eu nem estaria sendo tocado por alguém invisível frequentemente. Quer saber? Vou tentar quebrar essa porra assim mesmo.". Não custou tempo pensando e lá foi Rafael buscar um martelo para fazer seus testes. Sua mãe já estava no serviço e nada o atrapalharia a tentar tais experiências.

Assim que chegou com o martelo, Rafael não perdeu tempo e foi logo batendo na adaga e percebeu que ela simplesmente não quebrou. Quando analisou de perto, percebeu que nem mesmo arranhou o objeto estranho. Ele pensou em desistir de quebra-lo por um momento, mas preferiu insistir um pouco mais.

_ Vamos! Quebra! _ Disse ele ao dar mais uma martelada

_ Que porra chata! Caralho! _ Disse. Dando mais outra martelada bem forte.

_ Quebra caralho! _ Disse ele quando finalmente percebe algo diferente acontecer.

Assim que deu a última martelada, Rafael notou que o material rapidamente criou uma espécie de "aba de chapéu" ao redor da lâmina da adaga, mas isso durou apenas alguns milésimos, pois em seguida tudo aquilo transformou-se em água.

_ Puta merda! Que desgraça é essa? _ Disse Rafael consigo mesmo.

O garoto ficou tentando raciocinar, porque, aparentemente, aquela água que formava a adaga, tão estranha e resistente, de repente se amoleceu. Infelizmente, todo esse tempo pensando não bastou em nada, pois o garoto continuou com a dúvida em sua mente.

A manhã estava movimentada naquele dia, mas Rafael não estava nenhum pouco produtivo. Preferiu passar todo o período matutino encucando-se com esses enigmas, até mesmo porque, não exageradamente, ele pode estar enfrentando grandes perigos. Não é à toa que uma adaga de gelo apareceu flutuando em seu quarto.

Mesmo não entendendo, Rafael acabou tendo a convicção que existe uma razão para o uso da água como matéria-prima da adaga. Por que ele chegou ao raciocínio? Por três motivos: O primeiro é que a água não é, tradicionalmente, um material considerado forte. Já o segundo é que, inexplicavelmente, aquele água da adaga era mais forte que a tradicional. E a terceira, mas não menos importante, é que água da adaga não necessita estar com temperaturas baixas para se manter no estado físico sólido. Com essas três certezas o garoto teve uma hipótese interessante: "De alguma forma, mesmo não sabendo explicar, o ser invisível sabe alguma tática para deixar a água tão forte como aço e é bem provável que essa técnica funcione somente com ela, pois, caso contrário, ele poderia usar outra matéria-prima para tentar desferir-me." Rafael pensou mais um pouco e pensou: "Vou tentar lembrar de todas as vezes que tive a presença desse ser perto de mim e tentar chegar a algumas conclusões". Ele passou por vários momentos de suas memórias, desde o dia que tudo começou, até o dia anterior ao que estava, mas apenas dois dias lhe chamaram muita atenção: o dia do temporal e o dia que apareceu a adaga de gelo.

"Caramba! Deve ser isso! Ele tem pouco contato com elementos do nosso mundo, mas com a água é diferente. É por isso que o toque que sinto não é algo tão forte. Trata-se de algo um pouco suave. Nós não temos atrito físico suficiente para desferirmos entre nós algum mal, mas com a água é diferente. Ela é algo concreto para ele. Foi por isso que no dia da chuva existia um espaço vazio entre a correnteza que passava pela rua e uma área no ar que os pingos da chuva não penetravam. Além disso, quando essa coisa ficou em cima do buraco onde Daniel se segurava no dia do temporal, não o derrubou, mas conseguiu afastar a correnteza que ali estava, justamente por conta do atrito físico que esse ser possui com a água. Pensando dessa forma, posso até mesmo chegar a um raciocínio: O toque que eu sinto frequentemente só pode ser possível por causa da água que corre em meu corpo, principalmente através do sangue. Só há duas explicações para ele nunca ter tentado desferir minhas veias cheias de sangue pensando em estoura-las com alguma parte do seu próprio corpo, já que a água do meu sangue furaria minhas veias ao tentar dissipar-se a outra área para dar lugar ao corpo da coisa dentro, já que duas matérias não ocupam o mesmo espaço: Ou a água é corrosiva para a coisa, ou ele ainda não sabe que meu corpo é composto por 65% de água? A primeira hipótese é um pouco improvável, até mesmo porque, aparentemente, ele teve contato com a chuva naquele temporal, o que necessariamente, não justifica o descarte desse pensamento, pois o mesmo poderia estar usando alguma proteção invisível. Se bem que, pensando que a água da adaga não se dissipava, posso chegar à conclusão que ela deveria estar revestida por outra matéria prima, que é tão invisível quanto essa coisa que eu não vejo e tão resistente como o aço. Deve ser por isso que a água só se diluiu após muitas marteladas, pois ao redor da adaga tinha uma matéria muito forte. Era ela que segurava a água. Uma espécie de fôrma.

Bom... Sendo assim, acho que resolvi o problema: No mundo deles devem haver matérias que não são visíveis e não podem ser tocadas no nosso mundo, mas a água existe e pode ser tocada em ambos, porém, muito provavelmente, deve ser altamente corrosivo para os habitantes de tal mundo, por isso que a água precisou estar dentro de uma fôrma com modelagem de adaga, pois só assim poderia me atacar. Mas ainda existe uma pequena curiosidade: Por que, coincidentemente, eu pareço ser o único que estou vivendo isso? Obviamente, não saberei responder agora."

Após esse grande raciocínio, Rafael ficou eufórico e queria contar tudo a Daniel, mas preferiu esperar o horário combinado para dizer tudo e ouvir as percepções do amigo. Complicado, pois o garoto já não conseguia mais esperar.

Continua...

PS: Capítulo em revisão. Estou corrigindo alguns erros ortográficos e melhorando algumas explicações.

Qualquer dúvida, é só deixar nos comentários.

Como prometi postar hoje o capítulo, resolvi colocar logo. Agradeço a compreensão. Boa leitura. <3

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⏰ Última atualização: Jan 09, 2018 ⏰

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